A Plaft está a ler o Tolkien de uma ponta à outra. Depois do Hobbit, agarrou-se à trilogia do Senhor dos Anéis e todas as noites discutimos os acontecimentos na Terra Média. Sabe-me bem recordar aquele que foi um dos autores que mais me marcou. Ainda hoje um hobbit meu é dividir as pessoas em elfos, orcos, hobbits, anões, humanos... A Plaft é claramente uma elfa, até pela questão das orelhas que às vezes espreitam do cabelo e de um aspecto céltico. Eu sou descendente de hobbits, pois gosto mesmo muito da minha toca e de estar sossegado com as minhas coisas e acumulo muitos mathoms - o nome que os hobbits dão a tudo o que têm e não serve para nada mas de que não se conseguem livrar. Os adeptos do FCP, por exemplo, descendem de orcos criados a partir da melhor lama de Mordor.
Eu gostava muito de viver num mundo daqueles, cheio de magias e feitiços, coisas fantásticas, mistérios, fantasia. Acredito que para Tolkien, a imersão nesse mundo era total. Nos seus apontamentos, esquemas, contos inacabados, desenhos, obra, sente-se que aquilo advém de uma espécie de Universo completo do qual vão emanando coisas que ele se dá ao trabalho de colocar no papel, como um viajante que conta algo de real, avistado num país distante, arrancado a memórias que só a esforço se tornam concretas, como quando somos assoberbados por informação e não a sabemos processar facilmente. Tentaram encontrar um paralelismo entre o Senhor dos Anéis e a II Grande Guerra mas o próprio Tolkien rejeita essa interpretação e, de facto, se fossemos a fazer o paralelismo, víamos que até existe no Senhor dos Anéis uma cultura da raça pura, uma apologia da importância da descendência, própria destes contos e deste imaginário, desde os genuínos herdeiros de reis guerreiros a elfos de raças mais ou menos puras consoante o seu isolamento.
Há uma mitologia própria, ecos do passado nas canções, na poesia, na linguagem. Imaginem que os portugueses nunca tinham existido e que era um americano, chamado Esah de Keiroz (imigrande judeu polaco) que os inventava para se entreter, escrevendo os Maias, o Primo Basílio e assim, baseado em lendas de um povo que, no passado, tinha descoberto metade do mundo e vencido o Adamastor e que tinha a capacidade de, por um lado, criticar o próprio país de forma impiedosa e, por outro, rebentar em festa patriótica nas ocasiões especiais e devisivas, como os concertos de rock quando o cantor estrangeiro diz "obrigado, love portugal" ou em mundiais de futebol. Gostava muito de criar o meu próprio universo fantasioso assim, como quem faz um puzzle mágico, imerso num mundo paralelo, a fumar cachimbo na casinha do jardim, indiferente às bombas que chovem do céu, como o Tolkien.
E vocês são uma miséria. Não tem nada a ver com o post, mas apeteceu-me dizê-lo.
10 comentários:
As vezes penso em que povo se terá inspirado William Steig para criar o Shrek. Creio que passou férias aqui para as minhas bandas!... :/
opá, estava tudo a correr tão bem, andas a especializar-te em estragar tudo com a última frase, é isso?
bjo
Tu és completamente chanfrado. De uma forma brilhante. Não me lembro de nenhum elogio maior que este.
O post em geral está bom mas atinge o expoente máximo quando enquadras os adeptos do FCP na Terra Media.
Só te faltava dizer "descubra as diferenças" entre as imagens :)
:) obrigado
eu gosto muito de vocês. Isto é tough love, não percebem?
Como adepto do FCP sinto-me...incomodado com a semelhança entre a nossa claque e os orcos. Mas acho que qq foto de qq claque do mundo ficaria ali bem. Ando a adorar o tough love. Keep it comin'.
Nuno Rechena
És de direita, anti-Bi-Campeões...chega de escrever sobre os teus defeitos, rapaz, deves ter algumas virtudes para partilhar connosco...
Se não vais a extremos de chamar Uruk Hais a gente com quem te cruzas, então ainda podes progredir nas escala Tolkien-urbana.
Eu acredito que há magia no mundo, vem logo depois dos malabaristas e antes dos palhaços.
és um escapista. neste post isso é óbvio demais, mas no último, aquele do grupo do Benfica, chegas a roçar a loucura, podias figurar naquela música dos Ala dos Namorados, os loucos de Lisboa (eu sei que é do Rui Veloso, mas desde que ele morreu que não o consigo mencionar para escarnecer pessoas), (e tenho sempre a ideia que moras perto da Pontinha, o que tecnicamente é Amadora e não Lisboa).
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