Maria José Oliveira demitiu-se do jornal Público.
«A jornalista lamenta que a direção do Público não lhe tenha o pedido autorização para divulgar o conteúdo da ameaça do ministro Miguel Relvas e que não tenha «sublinhado que se trata de uma informação falsa que pretendia colar-me a uma agenda ideológica e descredibilizar o meu trabalho».
A isto, Maria José Oliveira acrescenta outro lamento, que ao dar conta da alegada ameaça de Miguel Relvas, «o jornal tenha transformado em facto a ideia de que eu vivo com uma pessoa da oposição, quase corroborando as queixas do ministro sobre a perseguição que lhe faço».»
Conheço pessoalmente a Maria e a informação é completamente falsa, se é que alguém a acharia credível ou sequer relevante. Estou solidário com ela e com jornalistas que mesmo em condições de carreira cada vez mais degradadas, tentam fazer jornalismo de qualidade e independente. Para algumas pessoas (imagino que raras, como a Maria), a degradação ética é a mais grave. Pode ser menos mediático que a demissão de um qualquer administrador conhecido, pago a peso de ouro e com uma boa network, mas a decisão que ela tomou é muito mais significativa, porque é alguém como nós, que não vergou. Que nos sirva de inspiração e que Miguel Relvas aprenda qualquer coisa com isso, até porque, de acordo esta sondagem, é já o ministro mais penalizado do governo.
4 comentários:
Fiquei a admirá-la ainda mais. É preciso coragem para enfrentar o Relvas... mas é preciso ainda mais coragem para virar as costas ao local de trabalho, em nome de uma ética maior.
Ourique assina por baixo.
"alguém como nós" - si senhor Tolan, acertaste na mouche (apesar de teres uma opinião ideológica diferente da minha e, portanto, moralmente inferior, como diz a Rita Maria)
"o jornal tenha transformado em facto a ideia de que eu vivo com uma pessoa da oposição,"
Não percebo. O que é "a ideia de que eu vivo..."? O que é "a ideia de se viver com alguém"? Não estamos a falar de erotomania, certo?
Só acompanhei o caso pela CS, mas saltou à vista a ambiguidade - para empregar um eufemismo - do Conselho de Redacção e da Direcção.
A senhora jornalista tomou a atitude correcta.Louve-se-lhe a verticalidade
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