quarta-feira, 28 de março de 2012

qualquer coisa que não batia certo (conto pornográfico)

Ela chateou-se com o marido, uma discussão a propósito de talões de desconto do mini-preço, ela esquecia-se sempre de levar os talões e quando chegavam ao mini-preço ele passava-se.
─ Não trouxeste os talões de desconto para os bifes de peru?
─ Não!
─ Nunca trazes os talões de desconto!
E a senhora da caixa a olhar para eles. A discussão tinha sido à tarde mas foi uma daquelas que a fez ferver por dentro porque ela fazia anos no dia seguinte e estava sensível e com expectativas elevadas. Depois de jantar bifinhos de peru e de deitar os miúdos ela disse:
─ Vou fumar um cigarro à rua.
E ele não disse nada, estava a ver televisão. Era normal ela sair para fumar, ele detestava o cheiro do tabaco e que aquilo envenenava crianças e as tornava estúpidas, mas não reparou que ela pôs saltos altos e que se perfumou.
Ela saiu de casa e estava uma noite bem agradável, nem muito quente, nem muito fresca, os estudantes do Técnico bebiam cerveja na rua e riam. Acendeu um cigarro assim que virou a esquina e entrou na rua das putas. Passou por uma e disse-lhe boa noite, passou por outra e disse-lhe boa noite também.
Depois quando estava sozinha um carro encostou ao passeio, o vidro desceu e um tipo disse:
─ Boa noite.
Respondeu ‘Boa noite’ e entrou no carro, sem sequer ficar surpreendida.
Ele não era muito bonito, parecia um pai de família normal, desses que vão às putas. Ela disse-lhe:
─ Temos de ir para tua casa ou um hotel, escolhe.
Foram para uma pensão no Martim Moniz. O paquistanês levou-os ao quarto e pediu para não fazerem muito barulho, que aquilo era um sítio digno.
─ Não façam muito barulho que isto é um sítio digno.
Ela olhava em volta, muito curiosa, nem sequer estava nervosa. Descalçou os saltos e pousou os pés na alcatifa sintética cheia de nódoas. Sentou-se na cama muito alta, com um colchão muito alto, de molas, que fazia barulho só de uma pessoa se sentar nele. Ele foi à casa de banho e quando saiu fez um ar de surpresa por ela ainda estar vestida.
─ És muito bonita. ─ disse ele.
─ Obrigado! ─ disse ela.
Despiu-se e meteram-se os dois debaixo dos lençóis e fizeram aquilo de várias e diversas maneiras.
Tanto era ele muito generoso para ela…
─ Toma, toma!
─ Dá-me, dá-me!
… como eram os dois muito afirmativos…
─ Sim! Sim!
─ Sim!
… como ele demonstrava preocupação pelos seus sentimentos…
─ Gostas?
─ Sim, dá-me!
... como se espantavam os dois pelo bom que era…
─ Que bom!
─ Que bom, que bom!
Depois de terem feito aquilo, ela pediu 200 euros que ele deu em notas de 50 novinhas. Pagou o quarto ao paquistanês e já na rua ele ia despedir-se com um beijinho mas ela pediu boleia até casa. Não falaram o caminho todo. Ele sintonizou o rádio na Nostalgia e foram a ouvir o It’s My Party da Lesley Gore. Ela gostava muito dessa música e aborreceu-se de chegar a casa antes de acabar de ouvir.
Despediram-se com um beijinho.
Antes de entrar no prédio, fumou um cigarro e trauteou a música mais um bocadinho, na cabeça e teve vontade de chorar mas conteve-se e passado um pouco estava calma de novo. Depois esmagou a beata, subiu as escadas, entrou e ele, já com o pijama vestido, perguntou-lhe:
─ Onde é que andaste?
─ Fui dar uma volta. ─ e deu-lhe um beijinho na testa, alisou-lhe o cabelo despenteado de dormir no sofá.
Lavaram os dentes e foram-se deitar.
Ela dormiu bem, com os 200 euros iria oferecer-se uma malinha da Furla em saldos muito bonita que vira numa montra e ainda sobravam uns trocos para compensar os talões de desconto do mini-preço desperdiçados, mas ele não, ele ficou às voltas, havia qualquer coisa que não batia certo.

12 comentários:

trollofthenorth disse...

Ele, o que se esquece dos talões, tinha o nariz pequeno?

Mep disse...

Furla a 150 euros?
ONDE?!? E a sobrar trocos... mulheres com sorte...

trollofthenorth disse...

Homem narigudo, poucas vezes cornudo.

Tolan disse...

Ok, acrescentei mais 50 euros ao conto e meti a mala em saldos, mas não dou mais, não acho que a mulher valha mais de 200 euros nem que uma mala furla valha mais de 200 euros, do meu ponto de vista isso é tudo pouco credível.

tata disse...

Deixa-me dizer-te que este conto está genial... e mostra uma sensibilidade semi escondida como quem vagamente finge que não entende mas entende a cabeça de uma mulher (que é puta sem ser puta). ainda bem que votei em ti!

Xuxi disse...

Tolan a puxar de cartas dessas, do sexo, para mandar os outros lá para trás....
sabes pouco sabes:)

Mep disse...

Negócio fechado por 200 € (e sem regatear o valor da mulher).
Sobra uns trocos e ela compra um espelho para colocar na Furla. Faltou, antes dela subir as escadas, olhar no espelho e ajeitar o cabelo...

Vic disse...

Essa não está mal achada, não senhor (se os papéis forem invertidos, naturalmente). Pode ser uma ideia...

São João disse...

Os teus últimos posts fazem me lembrar esta música:
http://youtu.be/RNi2Pix81o4?t=1m

Anónimo disse...

Como posso mudar o IP para votar em ti de novo???
Tutorial precisa-se!!!

Ana M. disse...

Essa da malinha Furla... quase posso começar a acreditar que há um Arrumadinho dentro de ti...

Um BILF quer-se à antiga, um macho que não perceba dessas merdas.

Todos temos uma puta dentro de nós, não é Tolan?

Rosa Cueca disse...

Acho que se mais mulheres fizessem isso, andavam todos mais felizes.
Ou então era só um regabofe debochado. Mas também é giro.