Ela chateou-se com o marido, uma discussão a propósito de talões de desconto do mini-preço, ela esquecia-se sempre de levar os talões e quando chegavam ao mini-preço ele passava-se.
─ Não trouxeste os talões de desconto para os bifes de peru?
─ Não!
─ Nunca trazes os talões de desconto!
E a senhora da caixa a olhar para eles. A discussão tinha sido à tarde mas foi uma daquelas que a fez ferver por dentro porque ela fazia anos no dia seguinte e estava sensível e com expectativas elevadas. Depois de jantar bifinhos de peru e de deitar os miúdos ela disse:
─ Vou fumar um cigarro à rua.
E ele não disse nada, estava a ver televisão. Era normal ela sair para fumar, ele detestava o cheiro do tabaco e que aquilo envenenava crianças e as tornava estúpidas, mas não reparou que ela pôs saltos altos e que se perfumou.
Ela saiu de casa e estava uma noite bem agradável, nem muito quente, nem muito fresca, os estudantes do Técnico bebiam cerveja na rua e riam. Acendeu um cigarro assim que virou a esquina e entrou na rua das putas. Passou por uma e disse-lhe boa noite, passou por outra e disse-lhe boa noite também.
Depois quando estava sozinha um carro encostou ao passeio, o vidro desceu e um tipo disse:
─ Boa noite.
Respondeu ‘Boa noite’ e entrou no carro, sem sequer ficar surpreendida.
Ele não era muito bonito, parecia um pai de família normal, desses que vão às putas. Ela disse-lhe:
─ Temos de ir para tua casa ou um hotel, escolhe.
Foram para uma pensão no Martim Moniz. O paquistanês levou-os ao quarto e pediu para não fazerem muito barulho, que aquilo era um sítio digno.
─ Não façam muito barulho que isto é um sítio digno.
Ela olhava em volta, muito curiosa, nem sequer estava nervosa. Descalçou os saltos e pousou os pés na alcatifa sintética cheia de nódoas. Sentou-se na cama muito alta, com um colchão muito alto, de molas, que fazia barulho só de uma pessoa se sentar nele. Ele foi à casa de banho e quando saiu fez um ar de surpresa por ela ainda estar vestida.
─ És muito bonita. ─ disse ele.
─ Obrigado! ─ disse ela.
Despiu-se e meteram-se os dois debaixo dos lençóis e fizeram aquilo de várias e diversas maneiras.
Tanto era ele muito generoso para ela…
─ Toma, toma!
─ Dá-me, dá-me!
… como eram os dois muito afirmativos…
─ Sim! Sim!
─ Sim!
… como ele demonstrava preocupação pelos seus sentimentos…
─ Gostas?
─ Sim, dá-me!
... como se espantavam os dois pelo bom que era…
─ Que bom!
─ Que bom, que bom!
Depois de terem feito aquilo, ela pediu 200 euros que ele deu em notas de 50 novinhas. Pagou o quarto ao paquistanês e já na rua ele ia despedir-se com um beijinho mas ela pediu boleia até casa. Não falaram o caminho todo. Ele sintonizou o rádio na Nostalgia e foram a ouvir o It’s My Party da Lesley Gore. Ela gostava muito dessa música e aborreceu-se de chegar a casa antes de acabar de ouvir.
Despediram-se com um beijinho.
Antes de entrar no prédio, fumou um cigarro e trauteou a música mais um bocadinho, na cabeça e teve vontade de chorar mas conteve-se e passado um pouco estava calma de novo. Depois esmagou a beata, subiu as escadas, entrou e ele, já com o pijama vestido, perguntou-lhe:
─ Onde é que andaste?
─ Fui dar uma volta. ─ e deu-lhe um beijinho na testa, alisou-lhe o cabelo despenteado de dormir no sofá.
Lavaram os dentes e foram-se deitar.
Ela dormiu bem, com os 200 euros iria oferecer-se uma malinha da Furla em saldos muito bonita que vira numa montra e ainda sobravam uns trocos para compensar os talões de desconto do mini-preço desperdiçados, mas ele não, ele ficou às voltas, havia qualquer coisa que não batia certo.
12 comentários:
Ele, o que se esquece dos talões, tinha o nariz pequeno?
Furla a 150 euros?
ONDE?!? E a sobrar trocos... mulheres com sorte...
Homem narigudo, poucas vezes cornudo.
Ok, acrescentei mais 50 euros ao conto e meti a mala em saldos, mas não dou mais, não acho que a mulher valha mais de 200 euros nem que uma mala furla valha mais de 200 euros, do meu ponto de vista isso é tudo pouco credível.
Deixa-me dizer-te que este conto está genial... e mostra uma sensibilidade semi escondida como quem vagamente finge que não entende mas entende a cabeça de uma mulher (que é puta sem ser puta). ainda bem que votei em ti!
Tolan a puxar de cartas dessas, do sexo, para mandar os outros lá para trás....
sabes pouco sabes:)
Negócio fechado por 200 € (e sem regatear o valor da mulher).
Sobra uns trocos e ela compra um espelho para colocar na Furla. Faltou, antes dela subir as escadas, olhar no espelho e ajeitar o cabelo...
Essa não está mal achada, não senhor (se os papéis forem invertidos, naturalmente). Pode ser uma ideia...
Os teus últimos posts fazem me lembrar esta música:
http://youtu.be/RNi2Pix81o4?t=1m
Como posso mudar o IP para votar em ti de novo???
Tutorial precisa-se!!!
Essa da malinha Furla... quase posso começar a acreditar que há um Arrumadinho dentro de ti...
Um BILF quer-se à antiga, um macho que não perceba dessas merdas.
Todos temos uma puta dentro de nós, não é Tolan?
Acho que se mais mulheres fizessem isso, andavam todos mais felizes.
Ou então era só um regabofe debochado. Mas também é giro.
Enviar um comentário