Vai começar a Feira do Livro, um dos poucos eventos que consegue meter roulotes com farturas e churros no acessível centro de Lisboa, convenientemente perto de livros. Gosto muito de massajar certos livros depois de lubrificar as mãos com óleo fula, açúcar esfoliante e perfumá-las com canela. Este ano, para além de massajar as orelhas do José Rodrigues dos Santos e o ego do João Tordo, vou untar muito bem os livros que tenham na capa coisas como "A nova literatura portuguesa passa obrigatoriamente por aqui". Pobre literatura portuguesa, com tanta obrigação de passar por aqui e por ali, lembra o projecto do TGV Lisboa Porto. Ou um jogo de geocaching planeado por uma toupeira cega. Chega, deixem lá a nova literatura portuguesa passar por onde ela quer que ela já tem idade para se emancipar e decidir o seu futuro. Mas nem só de farturinhas vive a feira do livro. É na feira do livro que compro 80% do meu stock de livros anual, pois fica mais em conta e despacha-se tudo de uma vez. Os livros não são um bem perecível como os iPhones ou os abacates (curioso, quando compro abacates estão sempre verdes, verdes, verdes, dia após dia, e depois, de um dia para o outro ficam-me podres, isto também acontece com vocês?). Como um esquilo que se prepara para os rigores do inverno recolhendo o máximo de avelãs para a sua toca, também eu faço o mesmo com livros, temendo o inverno da falência das editoras que vendem os livros que eu quero. Este ano vou com o meu trolley de velhinha que a Plaft comprou para ir ao supermercado e vou stockar muita coisa na dispensa, como um bom preper intelectual. Pensam que isto é paranóia? Já vi um dos meus livros preferidos desaparecer, o Bela do Senhor, do Albert Cohen, editado, creio eu, pela Contexto. Se um livro como o Bela do Senhor pode desaparecer, santo Deus, nenhum bom livro está a salvo do autocarro literário simplesmente deixar de parar no seu apeadeiro.
11 comentários:
Também lá vou abastecer, mas o meu imaginário povoa-se mais de cornetos de chocolate. A fartura dá-me azia.
Aproveita para o grande Rentes de Carvalho que acho que queres ler. Diz que tem um "quiosque" só de livros dele (uma das melhores coisas de sempre da Feira do Livro)mesmo ao lado do do Peixoto e do José Rodrigues...
Vou lá buscar novos amigos para viverem comigo
E os hamburguers gordurosos? Passo o ano a pensar neles.
Vou lá buscar o "Deserto dos tártaros" do Buzzati.
R.
O José Rentes está na lista. Vou levar tudo o que puder levar dele.
Isso R., espero que gostes!
Tolan, não vais apanhar desconto do Rentes. A Quetzal na Hora H vai fazer preços com 5% desconto.
Arranjo-te mais barato todos, na Feira da Ladra. E prometo não te raptar e roubar-te o génio ;)
R.
Hamburguers?! Onde, onde?!
Não tenho tido tempo para visitar esta feira de livros e perdi-me... já andei para trás e li tudo o que ainda não tinha lido, mas não me encontrei: ouvi falar de um segundo livro do autor, e o primeiro? Qual é? Não me apetece ir à procura de novo, digam-me lá!
Eu normalmente vejo os títulos, compro dois ou três e depois vou-me encher de gelados ... E 0laft, se não encontrares um bom hamburguer que agrade á J , eu cozinho- te os que quiseres... São só gordurosos QB... :):):):)
Plaft, raio do iPad.... Queria dizer Plaft !!!
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