segunda-feira, 22 de abril de 2013

fisioterapia

Em três semanas de férias não escrevi nada, apenas li obras completas de Borges (magnífico) até ele entrar na poesia (um horror) e Nabokov. Quando voltei e tentei pegar de novo no segundo romance, num conto ou no blogue, senti-me como se estivesse em recuperação depois de um AVC. Ainda estou ligeiramente enferrujado e escrever parece-me um exercício de fisioterapia. Uma coisa impressionante e angustiante e foram só três semanas. A convivência com o mar das caraíbas, peixes coloridos, margaritas e ruínas maias, trouxe-me para o "agora" e para o "real", eliminando a necessidade de imaginação e fuga. No fundo, senti-me como qualquer um de vocês se sente no dia a dia, só que sem ser nas Caraíbas rodeado de peixes coloridos. Brrr! Não queremos isso...  Como um jogador de futebol descobre, à primeira lesão, que afinal o corpo dele não é uma máquina mágica perfeita, também eu me apercebi de quão frágil é o próprio talento. A pouco e pouco vou recomeçando a povoar a cabeça de sinceros guaxinins e tudo parece bem encaminhado. Fora isso, se estivermos a falar de uma cidade onde não haja muitas pessoas diferentes umas das outras, como sucede em metrópoles muito cosmopolitas como Londres ou Nova Iorque, sou uma pessoa igual a qualquer outra que se vê na rua.

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