Partindo do princípio que isto interessa ao menino Jesus, quando disse que ia deixar de escrever aqui uns tempos, tinha a ver com o trabalho no segundo romance e, marginalmente, com solicitações para colaborações em revistas, visto que sou muitíssimo solicitado por publicações que não têm dinheiro, muito menos dinheiro suficiente para alugar talentos como o José Tordo Hugo Peixoto Mãe e que, por isso, são forçadas a recorrer ao aos pasteleiros que querem ser escritores. A pausa não tem directamente a ver com a paternidade. Quem segue com afinco e dedicação a minha longa carreira de mais de uma década a servir posts diários à população portuguesa e internacional, sabe que faço retiros que levam, inclusive, ao apagar permanente do blogue e ao surgimento de outro, fazendo tábua rasa de todo o passado. Vocês também, queridos leitores, serão abandonados um dia, de repente....
O blogue funciona num ciclo muito curto de inspiração, escrita, publicação, feedback, (incluindo-se neste feedback os esplendorosos comentários do Ex-Vincent Poursan, um feedback muito parecido com o que os sonic youth fazem quando esfregam as guitarras nos amplificadores). Um romance são sucessivas unidades de inspiração e escrita, durante um longo período. A parte final do ciclo (publicação, feedback) decorre com tamanho hiato de tempo que parece uma coisa estranha, como uma carta com uma multa de trânsito de uma infracção que ocorreu há anos, num local onde nem nos lembramos de ter passado.
O blogue funciona num ciclo muito curto de inspiração, escrita, publicação, feedback, (incluindo-se neste feedback os esplendorosos comentários do Ex-Vincent Poursan, um feedback muito parecido com o que os sonic youth fazem quando esfregam as guitarras nos amplificadores). Um romance são sucessivas unidades de inspiração e escrita, durante um longo período. A parte final do ciclo (publicação, feedback) decorre com tamanho hiato de tempo que parece uma coisa estranha, como uma carta com uma multa de trânsito de uma infracção que ocorreu há anos, num local onde nem nos lembramos de ter passado.
A paternidade impõe-me um prazo e a ideia é conseguir ter material suficiente para que o trabalho resista ao choque existencial que tal condição implicará. Diz que os homens mudam com essas coisas. Podia conduzir a uma relativização da própria escrita, como um pasteleiro que descobre que ele é mais bolos e que, de facto, o campo da escrita é propriedade exclusiva do profissional José Tordo Hugo Peixoto Mãe.
Contudo, e lamento desiludir o José Tordo Hugo Peixoto Mãe, acredito que terá o efeito precisamente oposto, uma vez que ser pai é coisa para meter uma pessoa em contacto com uma essência de verdade, um eixo que às vezes parece um pouco diluído no ruído da superficialidade narcisista própria do imaturo.
Quando analiso as razões que me levaram a começar a escrever, confesso que não eram diferentes das que me levavam a querer ser actor e posteriormente músico. No fundo, queria apenas não ser um pasteleiro. Queria erguer-me das massas anónimas e ser respeitado pelos meus pares e contemplado por olhos com pestanas a bater como asas de borboletas apaixonadas. Ser um bom escritor, ser o José Tordo Hugo Peixoto Mãe ou ser o Justin Bieber pendurado por cabos de aço com asas de anjo no pavilhão atlântico, ia dar ao mesmo, pois ainda me via no recreio da escola, anónimo, longe do ecossistema onde saltitavam, de rabinho empinado e cio permanente, os melhores espécimes do sexo feminino. A propósito, ando a ler "Uma história da guerra" do John Keegan e senti-me bem enquadrado ao perceber que as mulheres, desde os primórdios dos tempos, eram o recurso escasso mais disputado entre tribos primitivas e a principal razão de conflitos entre homens.
Sendo eu proprietário de um fértil espécime de seu nome Plaft, e tendo eu a responsabilidade de caçar e colectar nutrientes para garantir o desenvolvimento dos seus seios e alimento da cria, esse motivo de guerra real esbateu-se consideravelmente. Além do mais, descobri que bons dotes de confecção de refeições ou pastelaria, tendem a ser mais apreciados pelos melhores espécimes de fêmeas e essenciais à sua sedentarização junto de nós, por contraponto à capacidade de elaborar um bonito poema que é perfeitamente inútil ao desenvolvimento de seios e alimento de crias. Encontro-me pois em processo de sedentarização e pastorícia, dedicado ao cultivo de móveis do ikea e ao estabelecimento de uma cabana de criação de bebé, devidamente atapetada e fortificada. Como garantir o espírito guerreiro, os ímpetos furiosos e a crueldade necessária à literatura? Esse é o grande desafio existencial.
A solução está no jogo, na encenação, nas guerras a fingir dos ianômanis, nos rituais encenados dos maoris, nas demonstrações de destreza cavaleira dos mamelucos, no jogo do pau dos pauliteiros, nos rituais de intimidação dos zulus ou no código dos samurais... no fundo, territórios de competição exclusivamente masculinos que podem coexistir com uma vida pacífica e sedentária. O escritor que consiga aliar a vida sedentária e pacífica, enquanto mantém rituais de demonstração de força e perícia, deixa claro a potenciais adversários como o José Tordo Hugo Peixoto Mãe que, em caso de conflito por recursos escassos, haveria derramamento de sangue e um vencedor mais que provável. Tal como na antiguidade, os conflitos originavam-se sempre das zonas pobres em direcção às zonas ricas, muito raramente no sentido oposto, uma vez que nas zonas pobres, as dos pasteleiros, se desenvolviam capacidades e forças que os ricos e instalados tinham perdido há muitas gerações.
Contudo, avisa-se o José Tordo Hugo Peixoto Mãe que não tem de se preocupar com o conflito pelo recurso 'dinheiro' e que pedimos desde já desculpa por eventuais danos nesse campo. O ponto V do código Bushido do Samurai sugere de forma muito clara que os homens devem abominar o dinheiro, pois afecta a sabedoria e prejudica a masculinidade.
Yukio Mishima, preparado para escrever
Contudo, e lamento desiludir o José Tordo Hugo Peixoto Mãe, acredito que terá o efeito precisamente oposto, uma vez que ser pai é coisa para meter uma pessoa em contacto com uma essência de verdade, um eixo que às vezes parece um pouco diluído no ruído da superficialidade narcisista própria do imaturo.
Quando analiso as razões que me levaram a começar a escrever, confesso que não eram diferentes das que me levavam a querer ser actor e posteriormente músico. No fundo, queria apenas não ser um pasteleiro. Queria erguer-me das massas anónimas e ser respeitado pelos meus pares e contemplado por olhos com pestanas a bater como asas de borboletas apaixonadas. Ser um bom escritor, ser o José Tordo Hugo Peixoto Mãe ou ser o Justin Bieber pendurado por cabos de aço com asas de anjo no pavilhão atlântico, ia dar ao mesmo, pois ainda me via no recreio da escola, anónimo, longe do ecossistema onde saltitavam, de rabinho empinado e cio permanente, os melhores espécimes do sexo feminino. A propósito, ando a ler "Uma história da guerra" do John Keegan e senti-me bem enquadrado ao perceber que as mulheres, desde os primórdios dos tempos, eram o recurso escasso mais disputado entre tribos primitivas e a principal razão de conflitos entre homens.
Sendo eu proprietário de um fértil espécime de seu nome Plaft, e tendo eu a responsabilidade de caçar e colectar nutrientes para garantir o desenvolvimento dos seus seios e alimento da cria, esse motivo de guerra real esbateu-se consideravelmente. Além do mais, descobri que bons dotes de confecção de refeições ou pastelaria, tendem a ser mais apreciados pelos melhores espécimes de fêmeas e essenciais à sua sedentarização junto de nós, por contraponto à capacidade de elaborar um bonito poema que é perfeitamente inútil ao desenvolvimento de seios e alimento de crias. Encontro-me pois em processo de sedentarização e pastorícia, dedicado ao cultivo de móveis do ikea e ao estabelecimento de uma cabana de criação de bebé, devidamente atapetada e fortificada. Como garantir o espírito guerreiro, os ímpetos furiosos e a crueldade necessária à literatura? Esse é o grande desafio existencial.
A solução está no jogo, na encenação, nas guerras a fingir dos ianômanis, nos rituais encenados dos maoris, nas demonstrações de destreza cavaleira dos mamelucos, no jogo do pau dos pauliteiros, nos rituais de intimidação dos zulus ou no código dos samurais... no fundo, territórios de competição exclusivamente masculinos que podem coexistir com uma vida pacífica e sedentária. O escritor que consiga aliar a vida sedentária e pacífica, enquanto mantém rituais de demonstração de força e perícia, deixa claro a potenciais adversários como o José Tordo Hugo Peixoto Mãe que, em caso de conflito por recursos escassos, haveria derramamento de sangue e um vencedor mais que provável. Tal como na antiguidade, os conflitos originavam-se sempre das zonas pobres em direcção às zonas ricas, muito raramente no sentido oposto, uma vez que nas zonas pobres, as dos pasteleiros, se desenvolviam capacidades e forças que os ricos e instalados tinham perdido há muitas gerações.
Contudo, avisa-se o José Tordo Hugo Peixoto Mãe que não tem de se preocupar com o conflito pelo recurso 'dinheiro' e que pedimos desde já desculpa por eventuais danos nesse campo. O ponto V do código Bushido do Samurai sugere de forma muito clara que os homens devem abominar o dinheiro, pois afecta a sabedoria e prejudica a masculinidade.
Yukio Mishima, preparado para escrever
7 comentários:
Ehehehe.
Tenho saudades tuas :(
R.
Gosto do teu "bushido" cheio de Confucionismo e sem confusionismo. A cria é menino ou menina ( eu sou terrivelmente cusca)
Ainda não tenho a prova, só no final deste mês, mas é de certeza um menino.
Toing tuiiiiiinng…. toing tuing tuing toing… tuinuiiinuiiiinnngggg!!!…. arranha o thurston moore
Agora arranho eu… atonal e atónico:
Oh tolan pá, prontos… sou um bruto confesso!
Mas sabes?!... uma das minhas várias, brutas, esplendorosas, e até ranhosas qualidades, é andar sempre com o canivete do occam no bolso. Quando vejo um gajo cair porque tropeça numa pedra, concluo logo que caiu porque tropeçou. Nunca ponho a hipótese de que caiu por ter tido uma vertigem exactamente quando ia a tropeçar na dita pedra. Mas prontos OK, não foi a paternidade… foi romance retiro e bolos. Fodaçe agora até fiquei nervoso com a eminência da minha futura morte súbita.
Sempre fui um pastor sedentário. Nunca me deu para andar à estalada a com gajos com as fuças tatuadas nem pra cavalhadas com malucos. Acho os pauliteiros meio larilas e sempre tive miúfa de zulus e samurais. E até tinha pra mim que os pobres (bárbaros, periféricos e outros pindéricos) se mandavam aos ricos(civilizados, nababos e outros mecos) por inveja (necessidade, cupidez e outros atributos de má rês), e não por desenvolverem melhores capacidades (tipo diploma das novas opurtunidades)… sou bruto e confesso. Mas essa novela das gajas serem um recurso escasso e principal razão dos conflitos entre homens… acho que já foi. Agora há prái gajas a dar com um pau, e os homens passaram de predadores a presas. Acho até, na minha infinita e ignorante, porém confessa, bruteza, que a curva da procura de gajas por parte dos gajos já cruzou a de gajos por parte das gajas sendo aquela descendente(x= ay-b) e esta ascendente (y=ax+b).
Não percebo nada de escrita, ciclos, escritores, literatura e essas cenas. Até pensava que essa coisa de ser escritor era assim a modos que uma febre que um gajo apanhava no pó dos livros e nunca mais se livrava dela (a mim só me calhou a febre dos fenos e passo a vida a tomar rinialer e a assoar o nariz. Antes me tivesse calhado a outra. Arranjava um blog, escrevia uns romances, e tinha um regimento de pestanudas a fazerem-se ao piso. Sabia lá eu que ser escritor era uma variante do ritual de acasalamento e um substituto das meças das pilas.
É no que dá um gajo não ler… não sabe as merdas que realmente importam na altura certa, e depois é tarde… escreve comentários em blogs e já é um pau.
Tivesse eu queda prá escrita e essa coisa do bushido não me diria nada, é pra gajos ricos. O dinheiro a mim faz-me jeito, liberta-me tempo pra me dedicar à sabedoria e parece que é um afrodisíaco do caralho.
Espero que estejas no curto ciclo de feedback e não no da inspiração. Não quero, mesmo á verdadinha, ser responsável por um não romance. Mas olha lá, o mishima não me parece bom exemplo… dinheiro não lhe faltou, a sabedoria já lhe pesava tanto na cabeça que se viu livre dela, e quanto à virilidade, era um gajo tão macho tão macho, mas mesmo tão macho... que só papava gajos.
Claro que nada disto o impediu de escrever bem.
Cuida-te e prepara-te, mas quando ele/a fizer 18 anos… faz um seguro contra todos.
oh porra... componham-me aí a pontuação que tenho de ir jantar e querem fechar aqui o estaminé.
do pasteleiro só o trotskista :)))
apagaste um blog, que tinha um dos titulos mais toscos de sempre, e agora és o fucking maradona mexia...?
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