quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

António Costa e Quadratura


Pois é. Estive a reflectir sobre o problema António Costa. É um problema. É realmente um problema sério. Há o risco de poder ser primeiro ministro escurinho um dia. Eu não desgosto dele do ponto de vista pessoal e como autarca. Mas o problema está mal colocado. Pedem-nos para comparar António Costa com José Seguro e, nessa comparação, ele parece melhor, como pareceria melhor uma torradeira ou um urso de peluche. O meu problema com António Costa deriva daquele programa, a quadratura do círculo, em que ele comenta coisas com o José Pacheco Pereira e o António Lobo Xavier, preenchendo o slot de esquerda. Antes dele, era o Jorge Coelho. Nunca entendi, muito menos pelos critérios televisivos de se evitar momentos mortos, por que motivo não iam buscar uma pessoa de esquerda que dissesse umas coisas com interesse e sem reservas ou condicionalismos.

Afinal de contas, aquilo é um programa de televisão, de debate, numa televisão privada. Não morria ninguém. Não é a porra de um tempo de antena para candidatos a qualquer coisa. O Jorge Coelho era mestre na arte de não se entalar e era esse o único objectivo dele, na vida, não se entalar. O José Magalhães... eh eh eh. O António Vitorino, acho que nunca fez parte da quadratura, não sei, mas acho que houve uma altura em que tentaram fazer dele o professor Marcelo de Esquerda, ou coisa parecida. Nunca vi um pequeno judeu tão inteligente e tão mal aproveitado como o António Vitorino nesse programa. Conseguia a proeza de parecer extremamente inteligente quando mexia as patinhas assim a falar e a sorrir e, no entanto, não dizia rigorosamente nada.

 O Jorge António Costa não é assim tão mau naquele papel de comentador (para PS, é o menos mau que se tem visto), mas é um porreiro, sorri sempre como quem vem de uma almoçarada. Para quê aborrecer um homem tão bem disposto e em processo de digestão de chamuças com temas chatos como a Troika e o desemprego? Fala com um tom pausado como se estivesse a falar para crianças preocupadas com ninharias e a criança Pacheco Pereira farta-se de bufar, revira os olhos. O Lobo Xavier nem se mexe, concentrado que está em não demonstrar os sentimentos que Pacheco Pereira demonstra, porque o Lobo Xavier é de direita e é bem educado. O António Costa começa sempre por expor os assuntos em motivos ou razões, uma daquelas pessoas que tem o raciocínio disposto em bullets: 'Vamos por partes. Eu considero que a Angela Merkl foi mal compreendida quando disse que ia trocar o tapete persa roubado pelos nazis por um tapete de arraiolos. E considero porquê? Deixe-me explicar, caro Pacheco Pereira. Deixe-me explica... Deixem... Deix... eu já vou a essa parte. Já lá vamos. Já lá vamos. Porque considero que foi mal interpretada? Eu explico. Considero por três motivos. O primeiro...' e já o Tolan mudou de canal. E isto não é bom sinal.

7 comentários:

SJ disse...

Sem querer tiveste uma grande ideia. O Jorge Costa no painel da quadratura do círculo, isso é que era. Quando o Pacheco e o Xavier se começassem a esticar, tunga, uma entrada de carrinho.

R. disse...

Ou cabeçada.

R.

Tolan disse...

-_- enganei-me

Johnny Guitar disse...

«Por que» motivo, cacete.

Johnny Guitar disse...

«Porque considero», já agora.

Tolan disse...

-_-

Anónimo disse...

«preenchendo o slot de esquerda.»
E esta é genial «Nunca vi um pequeno judeu tão inteligente»
Eheheheh faltava-lhe só a transpiração e o espírito irrequieto.
R.