- Muito bem meninos, vou fazer a chamada! - disse a professora. Tirou o telemóvel da mala e ligou a uma amiga, a combinar um café. Quando desligou, olhou para a turma e contou os meninos. O Carlos e o Luís estavam aos gritos e aos murros. A professora anotou no livro: Todos presentes, excepto o Carlos e o Miguel que estão passados. Não há futuros. Depois de acalmar Carlos e Miguel, passeou pela sala e passou parte da manhã a distribuir pedacinhos de ferro a cada aluno.
- Pronto meninos, já dei a matéria de hoje. Amanhã dou cobre. Estudaram matemática? Ana, o que é um número ímpar?
- É um número espectacular, muito original. - respondeu Ana.
- Muito bem Ana. Carlos, o que é um número primo?
- É um número que aparece lá em casa no Natal ou na Páscoa e que é mais ou menos da nossa idade.
- Muito bem, Carlos. Luís, o que é um número racional?
- É um número muito ponderado, pensa sempre muito bem antes de fazer coisas.
- E um número natural?
- Não tem conservantes, professora! - responderam os alunos em coro
- Estou muito orgulhosa de vocês, meninos. E agora.... - tirou um embrulho com um laço - Teste surpresa!
Desembrulhou e distribuiu as folhas do teste e avisou: - Não quero canetas correctoras, ouviram?
Os meninos começaram a responder ao teste. O Miguel não resistiu, não tinha estudado nada e tirou a sua caneta correctora do bolso. Começou a responder ao teste. Quanto é 30 a dividir por 5?
O Miguel escreveu 5 mas a caneta correctora logo lhe segredou ao ouvido: "pssh...é 6, mete 6" e o Miguel riscou e pôs seis. Tudo parecia correr bem, mas nesse dia chegou a casa a coxear muito, com as calças todas rotas no rabo e a sangrar.
- O que aconteceu? - perguntou a mãe ao vê-lo chegar naquele estado
- A professora chumbou-me!
5 comentários:
Se foi com uma pressão de ar , foi im-pressionante, como este texto. Já pus a malta toda a ler as metáforas! Escrita fantástica, esta...
Espero que continue também nesta onda, que adoro. Não sei qual é a sua profissão, mas devia dedicar-se à escrita criativa quer de humor quer da outra mas para toda a gente ver e não só meia dúzia (isto é maneira de falar, claro)de pessoas que vagueiam por aqui e algumas até nem o merecem
Que delícia!
Grande texto! :)
Hum. O da família estava melhor. Ainda estou a pensar naquele final na igreja.
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