«A função pública portuguesa tem uma massa salarial
equivalente a 14,5% do PIB, contra a média na Zona Euro de 11%. Ao todo, há em
Portugal cerca de 700 mil funcionários no sector público.»
«Nos 10 anos seguintes ao início do projecto da moeda única
na Europa (1999-2008), o crescimento acumulado dos salários da função pública
na Zona Euro ultrapassou bastante o verificado no sector privado: 34.9% contra
24.2%. E os campeões dessa tendência foram a Irlanda (110.8% contra 60.3%), a
Grécia (108.7% contra 62%), Portugal (58% contra 35.3%), Espanha (53.1%
contra 29.9%) e Itália (42.5% contra 24.8%). No fundo da tabela dos 11 países
do euro para os quais foi possível reunir informação estatísticas encontramos a
Alemanha (13.1% contra 13.7%) onde, a par de Holanda e França, os salários na
esfera pública cresceram menos do que no privado;»
16 comentários:
Sabes a diferença entre acumulado e individual? Pareces que nem estudaste matemática. dá-me lá os números per capita sff.
E se queres mesmo ser sério, analisa qual a composição da função pública, em anos de trabalho, especialidade, anos de formação etc e compara com o equivalente no privado. Isso sim, era seres decente, assim é mais populismo básico, se querias envergonhar o Silva Ribeiro podias fazê-lo de outro modo.
Os números são claros. Na Grécia, Portugal, Espanha, tiveste um boom de nível de vida na entrada do euro sem aderência a aumentos de produtividade. Esse aumento foi maior para o público. Não interessa de foi per capita ou no total. Estou-me a cagar se aumentaram o mesmo gajo 10 vezes ou contrataram 10 vezes mais gajos.
No dia em que saí do sector público disseram-me (o meu chefe): "és doido em sair, aqui tens emprego seguro, boas condições".
Estive aí 7 anos, conheço isso.
No caso do privado a realidade trata de nos "ajustar" depressa. No público o ajuste é feito sobretudo por via política, para o bem e para o mal. E isso não é equitativo logo à partida porque o sector privado tem levado no lombo a sério desde 2008.
anónimo, na função pública trabalham mais anos que no privado? falamos de antiguidade? por favor, desenvolve esse tema, e podes incluir a especialização e os anos de formação.
Tolan: Pode não te interessar, mas convenhamos que é muito diferente se os aumentos foram nos salários ou no número de pessoas, reflecte duas realidades bem diferentes.
Zé: ninguém disse que trabalham mais anos, o que disse é que interessava há quantos anos trabalhavam. Quanto ao resto é simples, comparar uma amálgama que envolve médicos, professores, juízes, polícias, contínuos e jardineiros com uma outra que envolve empresários, empregadas de balcão, bancários é capaz de não ser a forma mais correcta de perceber o que mudou. Tentemos comparar o que tem mais ou menos as mesmas habilitações, e esteja em posições equivalentes.
Tolan, onde tiraste este texto?
E "cerca de 700 mil" é um número que nem o Governo sabe.
Já a saber o diferencial entre acumulado e individual, é cagativo.
R.
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1674850
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=437911
anónimo primeiro: pois, também eu falei em antiguidade. é que não é comparável a possibilidade de fazer carreira no mesmo serviço no público ou no privado. se o público te oferece maior protecção contra o despedimento (e oferece, diga-se o que se disser), não podes ignorar esse factor na comparação das condições de trabalho, senão acabas por dizer que no privado ninguém trabalha 40 anos no mesmo sítio, já para não falar em progressões na carreira, e assim nunca haverá termo de comparação de ordenados.
mas se quiseres mesmo comparar ordenados por funções, terás que te prender a uma tabela salarial no público que hierarquiza técnicos em vários escalões, quando no privado tens uma coisa chamada ordenado mínimo e daí para cima tens a conjuntura, vulgo "sabe, a crise, tenho a mesa cheia de currículos iguais ao seu", e subsídios de alimentação só se for para fugir aos impostos, ou seja, é descontado no valor acordado. na minha área, posso dizer-te, há uma diferença salarial de 300% em favor da função pública, porque eu não tenho progressões na carreira, e porque cá fora se pratica o canibalismo de classe. já agora, e para descomprimir, também podemos acrescentar às falhas na comparação do Tolan, o número de horas extraordinárias não remuneradas que se trabalha no público e no privado, era um exercício engraçado.
Só falta defender também que as horas extraordinárias pagas no público, (quando são, porque há muitos que nem vê-las. E há vários exemplos, porque os serviços não autorizam, porque não se pode nem quer contabilizar as horas que um juíz passa a queimar as pestanas fora de horas num processo; ou as que um investigador passa a escrever um artigo, ou mtos outros casso, mas nem digo que sejam o padrão, mas que há muitas que não são pagas há).
Eu falava em anos de trabalho no mesmo género de função, mesmo que se tenha mudado de local de trabalho.
Eu não sei qual é a tua área mas sei que um jardineiro no público, (ou electricista ou canalizador) ganha 500€ ou que é. Acha mesmo que ganha menos do que no privado? Há concursos que ficam vazios. Eu também conheço muita gente que acabou o curso e foi para o público, que hoje se estivesse no privado ganhava o triplo. Exemplos concretos não servem de muito, desculpe.
Se queremos mesmo comparar, peguemos num médico do público e do privado; um enfermeiro; um advogado; um electricista; etc..fazer estas comparações por bruto faz muito pouco sentido, e piora quando nem sequer tratamos os dados em termos per capita, porque há efeitos da variação do número total de empregados, (mas até dou de barato que isso aqui tenha pouca importância).
No Brasil os censos de 2010 também revelaram que 88% dos trabalhadores do sector público ganhavam mais que os do privado nas funções equivalentes (aquelas em que é possível comparar) e as diferenças não eram de 10% ou 20%, mas sim de 100%. E tal como em Portugal, essas diferenças são maiores no caso de profissões pouco qualificadas. Há estudos em Portugal sobre o caso que dizem que o diferencial entre público e privado que era de 50% em 1996 passou a 75% em 2005. E se a referência for a remuneração horária, a diferença é ainda maior. E as causas para isso são simples: no privado tivemos uma concorrência internacional e não existem os sindicatos que existem no público e que explicam que maquinistas de comboios possam ganhar 4 mil e tal euros ou que trabalhadores tenham direitos a "prémios de assiduidade" etc. Pega em qualquer organização equivalente e compara. Podes começar pela RTP e pela SIC ou TVI por exemplo.
Anónimo, tens razão que em muitas profissões qualificadas se ganha mais no privado. Eu não conheço os números, mas quem os conhece bem garante-me que em média, nas qualificações mais elevadas o trabalhador público perde e vai perder ainda mais com estas medidas. Mas é preciso ponderar o factor da segurança no emprego que também pesa muito. Ainda hoje foi despedido um amigo meu, do Público. É verdade, isso acontece no "mundo lá fora". No meu departamento no sector público havia 2 ou 3 grávidas por ano. Várias daquelas colegas abandonavam o privado para vir para o público para poderem ser mães e estarem meses de licença sem perderem o emprego. Nota que eu não estou a dizer que é justo que no privado uma mulher não possa ser mãe, acho isso muito injusto. O que estou a dizer é que no privado uma mulher trabalhadora já teve um ajustamento nessas condições. Se um país está falido pela dívida pública, dizer que os cortes devem ser aplicados igualmente no privado e no público, é injusto enquanto existirem diferenças destas nas condições de trabalho e de salário.
O que eu te digo é exactamente o contrário disso as profissões que se consideram pouco qualificadas (mas que na prática não são) são pessimamente mal pagas no público, no início de carreira um canalizador ganha muito pouco e no fim ganha muito menos do que ganharia no privado. Outro exemplo, os chamados técnicos administrativos ganham aprox 600€ limpos, deve ser cerca de 800€ brutos, (estou a falr de valores que conheço por alto e mal), muitos deles têm o 12ºano e o superior. São bem pagos?
Os estudos que conheci dizem que no público se paga melhor no principio da carreira e pior no fim, à partida premiam pior o mérito porque tem de haver uma tabela para não se acabar a premiar o amiguimismo.
Se quiserem podemos continuar com os exemplos, mas não me parece que nos leve muito longe. Maquinistas não sei, ou sei pouco, sei por exemplo que quando as locomotivas funcionavam a vapor tinham uma esperança média de vida muito mais baixa que o geral da população e que por isso no reino unido aos 55 anos tinham reforma, e que esse privilégio se manteve quando as locomotivas o deixaram de ser. É o exemplo de algo que estava mal, sem dúvida. Não sou cego e não acho que sejam tudo rosas. Mas também não me deixo iludir pelo discurso que os FP são a culpa do estado do país, (especialmente porque cada vez que estabeleço um contrato com uma empresa privada tenho sido muito mal tratado).
Queres mesmo comparar a RTP e a SIC e TVI como base do que se ganha no público e privado? Porque não comparas os hospitais? Ou uma empresa de jardinagem? Ou uma empresa de limpezas? Ou uma empresa de estudos? Sejamos sérios. Há milhares de situações diversas e tratar tudo desta maneira tonta de tudo por igual não nos faz ter um melhor retrato do país nem definir melhores políticas. É entrar na lógica dos bons e dos maus, acho que é preciso ir um bocadinho mais longe que isso.
Anónimo, este artigo é interessante: http://www.inverbis.pt/2012/direitosociedade/estado-privado-mais-proximos
«De acordo com um desses estudos, em 2005, os funcionários públicos tinham, em média, um salário 16,9% superior ao dos trabalhadores do sector privado. Contudo, esta média esconde uma outra conclusão relevante – e que na passada quinta-feira um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) evidenciou. As diferenças salariais variam de forma significativa consoante as áreas de actividade e nas profissões mais qualificadas compensa trabalhar no privado.»
«Depois de analisarem um conjunto de áreas profissionais, os economistas do BdP Maria Manuel Campos e Manuel Coutinho Pereira concluíram que o prémio salarial tende a ser menor nas profissões mais qualificadas. Isso é particularmente visível na área da economia (onde os funcionários públicos ganham menos 18,6% do que se trabalhassem no privado) e das tecnologias da informação (a diferença salarial é de menos 13,8%).
Já no pessoal administrativo, os salários eram 4,5% superiores aos dos trabalhadores a desempenhar funções idênticas numa empresa privada. O prémio salarial mais elevado verifica-se entre os especialistas de ciências sociais, que ganham quase 22% mais do que se trabalhassem no privado. »
E ainda:
«a grande maioria dos funcionários públicos - mais de 450 mil num universo de 538 mil - está a salvo do desemprego. São eles os funcionários nomeados definitivamente, porque exercem funções de soberania - isto é, estão integrados nas forças armadas, segurança pública, carreira diplomática, inspecção ou investigação criminal»
Os funcionários públicos em média ganham mais que os privados em todos os países do mundo diria, mas pelo menos nos da OCDE de certeza. É derivado, presumo, as profissões mais especializadas que alguns têm. E sim, esse estudo é interessante, e já desvela mais o que se passa e pode indicar soluções mais ajustadas. Mas o problema vai manter-se porque não olhamos com cuidado para a realidade olhamos com base em preconceitos e em vez de percebermos que a parte pública do estado é essencial, ao país e à sua economia, e que deve defender-se que tenha qualidade, e que a fazer cortes cegos não ajuda aos objectivos.
O que é iníquo é alguém escolher fazer uma carreira ponderando vários factores, opta pelo público e passado 10 ou 20 anos ver as suas condições de trabalho e remuneração atracadas como se fosse responsável pelo estado a que o país chegou.
E o que quero dizer é que a desigualdade de condições fulcrais não é entre público e privado, há muita e muita gente que trabalha no privado que nunca será despedida na prática porque se o for em 2 meses tem novo trabalho. E há muitos no público que estão muito próximos do desemprego, vide os professores mais jovens do secundário. Esta diferença conceptual entre público e privado, esta forma de analisar o problema das finanças públicas, para lá de preguiçosa, é política. E acaba por colocar o foco num local, que podia estar noutro. Podia nomeadamente estar em quem paga quanto dos nosso impostos totais. Em que serviços há excesso de trabalhadores e em quais faltam. porque podem os trabalhadores ver aumentado o seu IRS e as empresas não o IRC? Porque não podem os rendimentos de capital serem mais taxados?
E só como nota final no presente ano e no próximo será igual, comparado com o princípio da crise os funcionários públicos perderam cerca de 25% do seu rendimento. 25%. Um privado perdeu quanto? No próximo perderá cerca de 10%. não acha isto iníquo? A hipótese de desemprego nuns justifica 25% a mais e corte num ano e 15% noutro?
E uma última pergunta, para a qual não tenho resposta clara por que base se deve nivelar os salários no público? A média do país? Ou deve servir de exemplo e objectivo para os melhores e pagar melhor? ou deve pagar pior pois no privado é que têm de estar os melhores?
Anónimo, apenas uma nota. Na empresa onde trabalho, de TI, os colaboradores (90% deles)perderam no ano passado 20% do salário, referente a parte variável do vencimento. Estou a falar de umas centenas de pessoas. Não estou sequer a contabilizar as alterações de escalões de irs. Muitas na mesma área ou estão a despedir ou a cortar igualmente salários. Poderia também falar da área da restauração, onde trabalha a minha mulher, e onde as quebras salariais são em muitos casos na ordem dos 30%. Ou isso ou rua.
Não são uns (privados) melhores que os outros (FP). Mas são joguete dos interesses de quem nos governa.
R.
Essa diferença de vencimentos de público e privado, acha-la-ia uma aberração se o ordenado mínimo fosse 1000 ou 1500. Não posso achar mal o próprio estado não explorar quem trabalha para ele. Já basta explorar quem vive neste (belo) estado.
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