São sempre tão assertivos nestas alturas.
A tirada mais delirante é esta: O Governo não pode vender a TAP, a ANA ou os Estaleiros Navais de Viana do Castelo como se fossem propriedade sua. Tal como não pode dispor da RTP a seu bel-prazer, porque está em causa o serviço público de radio e televisão, a política da língua, a ligação às comunidades portuguesas, a afirmação de Portugal e a estratégia de internacionalização da economia portuguesa", afirmou.
Ena. Tanta coisa que depende da RTP. Não fazia ideia. É realmente muito importante então continuar a investir para garantir que continuamos no caminho certo da afirmação da língua e da internacionalização da economia como até agora. Nunca me ocorreu sintonizar uma televisão na RTP1 quando estou em reuniões em S.Paulo e Rio, mas devia tê-lo feito, pois teria vendido certamente mais projectos. Talvez pudessem introduzir conteúdos de promoção da economia portuguesa nos programas que têm audiência, uma espécie de product placement subtil.
«Compre um barco ao estaleiro de viana e dê uma de graça nesta moça bacana!»
Ou ranchos folclóricos. Também é bom e promove o pastel de nata. Meu Deus.
Fascina-me o conceito de que as empresas públicas não são propriedade de ninguém e de que estão numa espécie de limbo existencial quando subsistem com milhares de milhões de euros pagos por todos os portugueses, mesmo os mais pobres. Independentemente do debate sobre empresa A ou B, é absurdo considerar como incondicional a existência dessas empresas quando mais de 12 empresas abrem falência por dia. Qual é a diferença entre uma dessas empresas e um "estaleiro naval" ou uma "Tap". É o quê? É a bandeirinha portuguesa na asa do avião e o aviador de farda? É a imagem romântica e mística dos construtores navais que faz pensar nos filmes do Eisenstein e que ficam tão bem nos documentários realistas a exibir em Cannes? Apoios sociais aos mais carenciados, saúde, educação, reformas, subsídios de desemprego e justiça, seriam as vacas sagradas a manter. Mas fazer barcos? Uma companhia aérea? Uma estação de televisão que passa merda 95% do tempo e tem 20% de share médio precisamente quando passa a mesma merda das privadas? Porquê?
13 comentários:
os programas de merda que a RTP tem são os que têm mais audiência, porque o povo quer ver merda. foi a forma encontrada para combater a fuga da publicidade para os canais privados, altura em que a televisão pública foi posta em causa por dar prejuízo. agora que reproduzem os programas dos outros a horas mortas, toda a gente lhes cai em cima porque só dão merda, apesar de terem começado a equilibrar o orçamento.
não digo que não se privatize, agora não é a obrigar-nos a continuar a pagar a taxa de televisão para nos pôr a ver anúncios. se é verdade que a RTP dá prejuízo, nenhum privado lhe vai pegar, a não ser que possa aumentar a publicidade. acho que bastava aposentar a serenela andrade que a televisão pública cedo se tornava um modelo de sucesso.
mas o que tens a dizer da RTP2, também achas que é um nicho que serve a 0.1% da população e por isso é inútil e deve acabar?
a TAP e os estaleiros são problemas diferentes, também discutíveis, mas não são tão lineares como os estás a pôr.
tenho pena que se venda a tap, mas, e caso aconteça como está mais que certo acontecer, só quero que me informem para que companhia vão os nossos pilotos, é por essa que voarei.
O problema da TAP é o arrastar há anos dum passivo que se agravou com a aquisição no Brasil da VEM (condição subentendidamente imposta para abertura de novas rotas), depois, da PGA e da Ground Force...
A maior parte dos funcionários da companhia tem a firme convicção que sem estes "investimentos", a TAP seria rentável.
Maria, acho que tens razão quanto à tap, a VEM é um buraco sem fim e agora querem incluí-la na privatização (que remédio) o que prejudica muito o valor da TAP.
Zé, acho que se pensarmos nos conteúdos culturais etc. da RTP2, isso destina-se a uma faixa da população com tv cabo (50% da população tem tv cabo). Quem precisa exactamente da RTP2? O share dela diz tudo. A alternativa seria criar um canal com esses conteúdos na tv cabo. Aliás, a RTP Memória parece-me um bom exemplo a seguir.
Sou completamente contra o modelo proposto pelo governo e não sou exactamente a favor da privatização da RTP. Eu tenho a minha ideia sobre o que seria um canal público ideal: filmes e séries portuguesas de qualidade, documentários, debates, divulgação cultural, etc. etc. Mas é a minha ideia. Admito que a generalidade das pessoas que prefere ver televisão enquanto baba lhes escorre dos queixos não tenha de pagar pela "minha" ideia do que deve ser a televisão pública.
... e isto é tudo relativo. Há câmaras municipais a violar a lei para alimentar crianças e transportá-las para as escolas. Estamos neste estado. Falidos. Há prioridades. Uma delas não será a gasolina do Porsche do director financeiro da RTP que nos custa 3 mil euros por ano. Eu sei, eu sei, é um exemplo demagógico, populista, o que for, mas diz bem do espírito daquela casa. Só a Catarina Furtado ganha mais de 30 mil euros por mês. Este ano a RTP vai receber perto de 600 milhões de euros. Foram quase 4 mil milhões de euros nos últimos anos. E para quê?
Foi um desenrolar sucessivo de "Programas das Festas"....
Anonimal aconselha:
Breaking Bad Remix (Seasons 1 and 2) em:
http://www.youtube.com/watch?v=WsqdmqRgrIc
uma das melhores series de TV vista de outro angulo... Genial, como o Aimar.
Dind ding ding ding.... ding ding sing ding dingding!
DO THAT THANG. DO THAT THANG. DO THAT DO THAT THANG.
Dind ding ding ding.... ding ding sing ding dingding!
Tolan, 600 milhões? O universo da RTP? Onde foste buscar esse número?
R.
A RTP este ano vai custar 508 milhões, os 600 milhões devo ter sido eu no calor da discussão (li numa notícia que agora não encontro). Mesmo assim. Não sou contra a existência de um canal público, tudo dependia do custo, dos conteúdos, da missão... Mas não sou a favor de uma televisão pública por princípio também. Quando somos "incondicionais" nas coisas abre-se a porta para a degradação total. Quem gere a RTP tem de sentir que o dinheiro que lhes paga os salários não é incondicional. Ouvindo o discurso dos Seguros, para quem estas empresas públicas são sagradas e que falam em coisas tão abstractas e imbecis como "soberanias" e "centros de decisão", fico extremamente inclinado para a opção de eliminar o maior número possível de empresas públicas, apenas porque limita o raio de acção de políticos e burocratas incompetentes, corruptos e com visões encartilhadas do mundo.
Agora explica-me em que canal é que vou poder ver logo pela manhã o Jorge Gabriel a fazer fitness com umas brasucas jeitosas? O marco paulo a cantar?
Quem vai suprimir as lacunas do serviço publico? concertos do tony carreira que jamais passariam nos privados? programas sobre o jet-set? Joao baiao a dançar? Novela a seguir ao almoço? Preço certo?
Para não falar no prós e contras que está ao nivel de todos os programas acima.
4 MIL MILHOES em 10 anos são peanuts para tanto que recebemos em troca!
Acho que para lá de qualquer "discussão" existe um hábito em Portugal que é muito cultural. E é o hábito de não ter números. Ou, trabalhar com números. Só há pouco tempo temos a Pordata. Hoje, desconhecemos o custo real da saúde, o custo real da RTP, o custo real de certos rendimentos e apoios, o custo dos transportes, o número exato dos Funcionários Públicos etc.
É com essa base que a discussão (se é que existe) da RTP é feita.
Dito isto, acredito que o Estado deve garantir certos conteúdos que os privados não dão em sinal ou não lhes interessa. O resto é conversa e os números ficam no ar, tudo muito "sem certeza". É como os transportes públicos. Tudo muito no ar e como é necessário "ajuste", corta-se...
(pessoalmente acabava com mais de metade dos canais, rádio e televisão) acabava com a RTP2 e deixava um serviço para difusão exterior e outro serviço para consumo interno, com base informativa e cultural. Discutir os moldes do como... bom.. isso é outro assunto.
R.
Um ligeiro reparo. Quando refiro nos transportes públicos "corta-se", refiro nos cortes de carreiras. Que é o motor de uma boa gestão. Acabamos por não ajustar a massa salarial e os salários, mas em cortar serviços que nunca foram necessários mas criaram clientela.
Como não se conhece os números (nem nunca se conheceu), a cultura de gestão foi sempre essa. A CP nunca se ajustou. Corta-se em horários. É assim. A RTP foi o mesmo. A Carris o mesmo. O Orçamento de Estado, também. Enfim, o nosso capitalismo (tal como a nossa colonização) foi e é um mau capitalismo.
R.
R., concordo.
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