A revisão da Plaft ao meu romance está a decorrer a bom
ritmo, tenho apenas de rever a revisão dela porque tem a tendência de me alterar
a descrição de personagens femininas de forma subtil, introduzindo um “a gorda da”antes de qualquer nome
feminino, o que por vezes distorce o sentido original do texto, especialmente
nas cenas tórridas de sexo que por acaso são muitas.
Ela tem um notável espírito crítico e sensibilidade para com
o meu delicado ego. Gosta muito de um capítulo, diz que é genial e a melhor
coisa que já leu e eu concordo, também é a coisa mais genial que eu próprio li
e digo-o objectivamente apesar de ser suspeito. É certo que o romance tem mais
uns 40 capítulos aos quais ela prefere não se referir e eu também não. As
mulheres entendem destas coisas, criticar o draft de primeiro romance a um
aspirante a escritor é como criticar a performance sexual de um adolescente
virgem. É por isso que não existem escritores adolescentes virgens, é demasiado
difícil (a Anne Frank não conta, para além de ser mulher, estava tudo ali à mão
de semear, zero de mérito criativo).
Entretanto fiz um conto muito bom, cheio de páginas e se
calhar vai para concursos desses das câmaras municipais e que sempre rendem
dinheirinho, até porque com o andar das coisas na Grécia, pode dar-se o absurdo
da minha profissão actual ser socialmente menos útil que andar por casa a
inventar histórias e a mendigar subsídios e queixar-me das pessoas que preferem ir ao Pingo Doce em vez de ler Dostoiévski.
As pessoas de esquerda que vão tomar
conta disto porque são resistentes como as baratas, gostam mais de escritores do que de consultores e vão-me subsidiar
com notas de monopólio e galinhas e couves. Vou comprar um calendário de
parede e vou preenchê-lo com tudo o que é concurso, como aquele senhor dos
anos 80 ou 90 que recortava os cupons todos da tv guia para participar no 1 2 3,
mesmo os do cabeleireiro e do dentista e toda gente da aldeia lhe dava os cupons (quero acreditar que isso dos cupons já não existe e que cupons se escreve cupons).
É o terceiro parágrafo consecutivo que termino com uma piada
entre parênteses, é um mau recurso, tenho de rever isso (e muitos outros
recursos, como dar a entender que percebi uma coisa e depois imediatamente o
oposto para efeito cómico).
E estou a pensar há semanas no tema do 2º romance. A minha
parte preferida nisto de escrever romances é a que antecede a parte de os
escrever. Dá para idealizar um romance diferente todos os dias e são todos muito bons. Não gosto tanto da outra a parte, a de escrever mesmo um. Escrever durante dias a fio... observar como o argumento se vai
desenvolvendo... as personagens florescendo... como tudo se vai compondo numa obra
épica e entusiasmante que parece provir do mais fundo meu ser... até culminar no recycle bin do desktop.
Isto é como os objectos que se lançam para o espaço, há um ponto em que escapam à gravidade do juízo e conseguem viajar no infinito da imaginação para sempre.
Obrigado por terem lido este post. Usei uma técnica no título: colocar um ponto de exclamação. Viram? Deu a sensação de que o post era empolgante e cheio de energia, não deu? Um pontinho de exclamação, é tudo o que é preciso para se ser feliz!
Obrigado por terem lido este post. Usei uma técnica no título: colocar um ponto de exclamação. Viram? Deu a sensação de que o post era empolgante e cheio de energia, não deu? Um pontinho de exclamação, é tudo o que é preciso para se ser feliz!
6 comentários:
Não te aflijas, o gajo desempregado que ganhou o prémio Leya escreveu 1000 páginas que, depois de revistas, nem a 200 chegam. Portanto, aí pelo teu 10.º romance já terás um para publicação.
:))
Tirando aqui: "Não! Por favor, eu faço tudo! Larga a faca!!"
Pronto. Mas aqui usei dois. Não sei se conta.
Fatal seria se usasses um ponto de interrogação. Um sucesso garantido!
Despacha mas é essa merda, caralho! Gostava mesmo de ler esse romance durante o meu tempo de vida. E estou a falar a sério, sem ironia.
Isto parece ter sido escrito sob um sugar rush. Andaste outra vez a focinhar na lata de oreos, Tolaninho?
:o)
E sim, get on with it!
sem os dois últimos parágrafos era perfeito. tomei a liberdade de os cortar e partilhar o texto no G+. Adorei, Tolinhas, a Plaft faz-te maravilhas, mesmo sendo de esquerda :p
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