- Que cadela adorável... De certeza que não queres ficar com ela Jean Paul? Parece gostar de ti.
- Toda a coisa existente nasce sem um motivo, emerge da fraqueza e morre por acaso. A última coisa que eu preciso é de uma coisa que nasce sem motivo, emerge da fraqueza e morre por acaso por aí a encher-me os sofás de pêlo.
- A Simone mete-te 15 gatos em casa e tu nem pias, nem quando eles te mijam o tabaco do cachimbo todo...
- Os gatos são livres, Camus. Quando me urinam dentro da bolsinha do tabaco ou mesmo no cachimbo e eu só dou por isso quando levo o cachimbo à boca e puxo duas baforadas... sinto... eu sinto isso como um acto de liberdade. Eles existem, eles são, independentemente de mim. Esta cadela procura em mim um Deus. Eu recuso esse papel de opressor.
11 comentários:
... professional bias.
ahahah Já se sabe que a Simone é que vestia as calças.
Pá, que maravilha. Hoje mesmo vou explicar a me gata que ela existe e é independentemente de mim. Tirando a cena da comidinha no prato, mas isso é derivado aos polegares oponíveis.
sim, o Camus e o Sartre eram como o cão e o gato, não se cheiravam lá muito bem. Sabiam que Sarte, além de zarolho, era pequenino, bailarino e um mulherengo do caraças? Tive a honra de o conhecer em 69 ou 70, num comício à porta de uma fábrica perto de Paris, tinha ele 75 anos e eu, chavalito, apertei-lhe a mão e ele disse: ça va, mec?
Este anónimo não sou eu,
para que conste.
E nunca apertei a mão ao Sartre e nutro um ódio visceral pela figura.
O vosso,
.
Ah bom, já estava a confundir os anónimos. Eu gosto do Camus, não gosto do Sartre, mas penso que isso não se nota nada no post, fui muito objectivo e imparcial ao retratar o Sartre como um fumador de mijo de gato.
E o que leste do sartre para dizer que não gostas? Já leste um peça de teatro chamada sequestrados de altona? é impossível não gostar do homem que a escreveu.
Vou ler isso então, agora ando a ler muito teatro. Li vários textos, mas li o L'âge de raison, um romance. Achei o romance uma espécie de parábola esquemática para passar uma ideia filosófica que teria sido melhor vertida num texto assumidamente filosófico (o mesmo problema que inquina alguma da obra do Saramago, particularmente aquela a partir do ensaio sobre a cegueira) e por isso achei-o limitado, as personagens muito engavetadas no estereótipo necessário para servir essa ideia. Contudo, é evidente que não desgosto do Sartre num sentido sério, a minha opinião é baseada na ignorância que permite a construção de estereótipos humorísticos e na reacção à minha mãe e ao seu Maio de 68 e aos seus livros do Sartre todos sublinhados e com apontamentos :)
eu sou aquele anónimo que apertou a mão ao Sartre mesmo, e a minha relação com as altas figuras da cultura francesa ficou-se por aí, excepto aquela parte em que lhes servia panachés, pastis e água de Evian no Flore e lhes pegava nos casacos e ia ao Tabac do lado comprar-lhes cigarros e tal. Bons tempos. Também conheci Miterrand e Soares: um dia ia eu a passar pelo Raspail e ouço: "Eh, Mariô, Mariô!" E eu: "C'est moi?" (chamo-me Mário). E Miterrand insiste: "Eh, Soarês!" Desfeito o equívoco, entrei, aproximei-me da mesa deles, e já ia solicitar uma bolsa de estudos políticos ou assim, quando aparecem José Mário Bronco e Luís Cília com as guitarras e roubaram-me o protagonismo. Bons tempos.
Agora, literariamente: o Zarolho escrevia bem mas nunca à máquina, isso eu sei porque lidava com essa malta toda. Bons tempos.
Tenho uma simpatia por Camus e uma antipatia por Sartre* :)
nunca pensei encontar tantas pessoas com a mesma opinião :)
Sartre escrevia muito bem e deveria ter uma inteligência charmosa que ao lê-lo quase faz com que gostemos dele :) mas ao fechar o livro
não consigo apagar a ideia de um gajito safado ...
Do anónimo que apertou mesmo a mão ao Sartre:
Já notei isso também: toda a gente de direita (ou conservadora, mesmo de esquerda) gosta mais do Camus, acha mais confortável. Além disso já está decidido há muito pelas autoridades literárias que não se deve gostar do Sarte. Ora porra, são ambos muito bons, e vejam lá se se escreveu no século XX alguma coisa melhor e mais inovadora do que A Náusea ou as Palavras e as Coisas, pelo menos.
Enviar um comentário