Apesar da ERC ter sido criada em 2005 pelo PS, em substituição da Alta Autoridade Para a Comunicação Social, ser bem moderna e ter agora a presidente o independente Carlos Magno (nomeado pelo PSD para ajeitar a privatização da RTP), este comunicado a propósito de um programa de natal da autoria do Sinel de Cordes, parece saído de um dossier guardado na Torre do Tombo:
«O regulador dos media assinala que o programa tinha "conteúdos de violência física e psicológica", "referências discursivas à sexualidade", "referências a pessoas concretas (com particular enfoque em figuras públicas)", "referências com incidência na dignidade humana e direitos, liberdades e garantias" e uma "linguagem grosseira", cenários que a ERC condena ainda para mais num programa transmitido na época do Natal, "momento associado a um conjunto de valores sociais e religiosos daquela quadra festiva" (... Cumpre apreciar, no entanto, "aspectos particulares do programa que poderão colidir com os limites legalmente definidos, verificando-se a eventual presença de conteúdos que, de alguma forma, desrespeitem a dignidade das pessoas, influam negativamente na formação da personalidade de públicos mais jovens e/ ou contribuam para a estigmatização de pessoas ou grupos"»
Não está aqui em causa qualidade do humor do Sinel de Cordes, um argumento que, de forma inusitada, tem sido referido por pessoas modernas e politicamente correctas para justificar o processo: «o gajo não tem piada, por isso, é bem feito». O ponto é que aquele comunicado poderia assentar num Ricky Gervais ou num Sacha Baron Cohen ou até num Herman José que em 1988 foi silenciado por rábulas ofensivas a personagens bíblicas e históricas. É uma questão de princípio, só.
O patético da situação é que a ERC é completamente ineficaz, descredibilizada e anacrónica. Gastam dinheiro dos nossos impostos num organismo que se entretém a mover processos imbecis, a emitir opiniões e pareceres a que ninguém liga. A minha sugestão seria de rentabilizar a ERC e fazerem outsourcing para a Coreia do Norte ou Irão, onde os seus préstimos podem ser certamente mais valorizados.
3 comentários:
Ou, diria eu, para a Madeira, que sempre é mais perto, e consequentemente, com ajudas de custo menos dispendiosas.
adoro o argumento de autoridade implícito na expressão "os nossos impostos". é lindo.
O Sinel de Cordes tem o direito de fazer o tipo de humor que bem entender, e ninguém tem o direito de o calar em nome seja do que for.
A mim, o que me choca, é haver quem lhe pague e lhe dê tempo de antena. Prova de que o mercado não funciona, tenho dito.
Enviar um comentário