sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

vem aí o Natal

Hoje de manhã conversei um bocadinho com o arrumador, o tal que me pergunta o que estou a ler. Disse-me que ia fazer uma cura, 20 dias sem beber. É alcoólico e falámos um bocado disso, de como ele começou e trocámos impressões sobre cerveja, ressacas e sintomas. Disse-me que estava com a cabeça desarrumada, o físico já se ressentia, a vida estava toda confusa. É um tipo educado e sorridente e ainda não chegou aquele ponto de decadência final.
Desejei-nos boa sorte. O Natal este ano não se deve manifestar com tanto fulgor como nos anos normais e por isso vai ser menos agressivo do que costuma ser e isso é bom. O cone gigante de plástico a que chamam a maior árvore de natal do mundo é capaz de ficar encaixotado e de não aparecer no terreiro do paço. Talvez não haja engarrafamentos nos parques de estacionamento dos supermercados nos dias em que só lá quero ir comprar uma pizza congelada e um pack de Sagres.
As crianças gostam do Natal e o Natal é para as crianças. Porque recebem prendas, recebem mais prendas do que em qualquer outra altura do ano. Não gostam especialmente da Páscoa por exemplo, que é uma celebração religiosa com mais pontos na escala de richter da religião. Eu também gostava da árvore de natal e das luzinhas que de vez em quando davam choques a uma das minhas cadelas que insistia em farejá-las com o nariz húmido.
Estou cansado. Ontem no pingo doce assisti a uma violenta discussão (é Natal, as pessoas andam tensas) entre um senhor e uma senhora, houve um mal entendido qualquer e depois de uma série de impropérios e acusações, o senhor gritou "aposto que a senhora é de direita! Pois eu, sou de esquerda!" Foi o momento alto do meu dia.
O problema dos ganhos de lucidez com as desilusões da vida é que depois termos de fazer um esforço para procurar a inconsciência dos felizes e isso implica vícios. Uma boa forma de rebeldia para com a vida e as coisas em geral passa pela destruição do eu.
Mas gosto imenso do Natal, espero não estar a transmitir a impressão errada. Gosto sobretudo pela caridade e amor que nesta época se revelam tanto e que aparecem em directo no telejornal, aquela ceia de Natal dos pobres, é bom estarmos a comer em casa e sabermos que nessa noite os pobrezinhos também têm uma postinha de bacalhau com couve. As pessoas que fazem coisas boas para ajudar o próximo e sentem o calorzinho, aquela satisfação de serem boas pessoas e bem intencionadas. O corrector ortográfico sugere-me que corrija "calorzinho" por "cavalo-marinho". Experimentem lá a ver se o vosso também sugere isso. Cavalos-marinhos, aí está um bicho que faz acreditar em coisas mágicas. É engraçado, o cavalo-marinho.

8 comentários:

Isa disse...

quero que se lixe o autor, bem-vindo de volta, Tolan :)

caracóis disse...

Lindo! Este Natal quero ir às compras contigo e espancar um desses Pais Natal! Se não quiseres, espaco-o sozinha!

R. disse...

O teu mal é beber sagres... devia ser super-bock...

Sahaisis disse...

gosto particularmente da última foto :s

Pink World Fabuloutin disse...

Amei o espírito natalício!!! :))

Maria Bê disse...

E os cavalos marinhos-pai até andam com os ovinhos na barriga em vez das cavalos marinhos-mãe.
Um sorriso!

Anónimo disse...

Que saudades que eu tinha disto!!!

Dama do Sinal disse...

Que saudades que eu tinha disto!!!X2 :)