quinta-feira, 1 de setembro de 2011

lesbian night

Aqui há tempos fui jantar com a minha amiga lésbica e ela veio com a namorada. A minha amiga lésbica é uma velha paixão mas na altura nem eu nem ela sabíamos que ela era lésbica. Ela simplesmente não gostava de mim, o que me parecia, naturalmente, estranho. Um dia ela disse-me "sou lésbica, namoro com outra mulher". Não fiquei chateado. Não percebo aquela história dos homens que acham terrível que a mulher os deixe por outra mulher, sinceramente. É muito pior sermos trocados por outro homem. Se elas gostam de mulheres, hei, isso só reforça a nossa masculinidade. Até não me importava nada de a partilhar com outra mulher, por mim tudo bem.

Alimento sempre a secreta esperança que ela descubra o caminho da santidade e se desvie do pecado e durma comigo numa noite de copos a mais, mas tem sido difícil. Para além de lésbica ela é extrema esquerda e ecologista radical, vegetariana, defensora dos animais etc the whole package. Era lixado sair com ela, a maior parte dos meus argumentos e qualidades não surtia qualquer tipo de efeito. Não se interessava por playstation, magic, btt, computadores... enfim, não tinha nada a ver com outras mulheres. Bastava-lhe ter um vislumbre do meu cartão de sócio do Benfica na carteira quando pagava o jantar no tibetano para perder pontos. E depois todas aquelas opiniões radicais... eu só dizia "sim, concordo, é muito triste que as pessoas abandonem animais". Eu também acho errado que se abandonem animais mas também me abandonaram uma vez e não isso não parece fazer-lhe pena.

Mas o jantar. Apareceu com a namorada. Jesus Cristo. Sapatona. Cabelo curto, parka, camisa de homem, calças e ténis da decathlon. E um físico de impor respeito. O que é que ela tinha que eu não tinha? Não falou o jantar quase todo, só olhou para mim com desprezo, como se eu fosse um macho sujo e misógino, enquanto eu cogitava se era capaz de a comer ou não. Talvez muito bêbedo, por trás e com a participação da minha amiga. Mas senti-me ofendido por aquele preconceito dela. A minha amiga ia falando da brutalidade das touradas e eu imaginei-me a tourear as duas com uma toalha vermelha, nú, num quarto de pensão rasca da baixa pombalina. Não lhes disse o que estava a pensar. Nem uma nem outra bebiam, bebi sozinho uma garrafa de Piriquita e depois um whisky.

Saímos para a rua, estava fresquinho e agradável. Depois de um momento de silêncio desconfortável despedi-me com um aperto de mão. Elas foram para o bairro e eu voltei para casa.

8 comentários:

Anónimo disse...

que querido

Anónimo disse...

É caso para dizer que "a solidão é um sentimento muito racional e realista"
Mesmo que comesses a sapatona por tras... ela não ia deixar de ser sapatona... sera que valia a pena?
Adorei o texto
Joana

Li disse...

Portaste-te bem então... ou melhor de acordo com o que é aceitavel com uma garrafa de Piriquita e um whisky...

Noite complicada a tua...

Fusível Ativo disse...

Se a namorada dela fosse gira e boazona ia dobrar o teu desejo por lésbicas. Devias ter agradecido à sapatona.

a.i. disse...

vivam as lésbicas, e principalmente as do PRimas, que jogam bem matrecos e são simpáticas mesmo quando tentam apalpar os rabiosques das meninas no lésbicas, tudo bem, não ha problema

Tolan disse...

like a.i. like

Beatrix Kiddo disse...

this is the shit :)

"A minha amiga ia falando da brutalidade das touradas e eu imaginei-me a tourear as duas com uma toalha vermelha, nú, num quarto de pensão rasca da baixa pombalina."

ladybug disse...

M.E.D.O.