terça-feira, 16 de agosto de 2011

a verdade

Uma das coisas que mais me aborrece nos filmes é quando usam truques desonestos para criar twists. Acabei de ver um assim, o Alta Tensão, filme francês de terror. O filme seria aceitável sem o básico truque inspirado no Fight Club / Sixth Sense: aquilo do "o que vês não é a realidade". Ou seja, estamos na cabeça de uma personagem do filme e aquilo que vemos não é a realidade.

Não é este o psicopata, este senhor nem sequer existe.

Este senhor existe na cabeça desta lesbiana, ela é que é a psicopata.

É giro uma vez, pronto, está feito. Chega. Não que tenha algum problema com uma filmagem subjectiva à mente de uma personagem, como na Repulsa de Polanski ou o Spider do Cronenberg. O que acho idiota é que o espectador não saiba disso e que isso sirva de base a um twist: "ah, afinal não era ele o psicopata, era a lésbica e estamos a ver o filme pela mente da lésbica obcecada pela Alex". Não me lembro de Hitchcock alguma vez ter recorrido a estes atalhos para criar twists nos argumentos. Que mal tinha o Alta Tensão ser só um filme de um psicopata dos bons e dos antigos?

Além disso são filmes que envelhecem muito mal, tira-se aquele truque ao Fight Club ou ao Sixth Sense e o filme perde 90% do interesse. Não consigo compreender o que está na cabeça de um argumentista para cometer um erro tão patético quando não há um único clássico que faça estes malabarismos. Nem vai haver.

SPOILER ALERT

Se calhar devia colocar o spoiler alert no início do post. Mas o filme já tem uns anos, por isso, que se lixe.

4 comentários:

Anónimo disse...

http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/patético

Pedro M. Fonseca disse...

São truques manhosos que estupidificam o espectador (porque o enganam ilegitimamente), e mostram a fragilidade do argumento-base.

E lembram-me o clássico Dallas: após meses de voltas e reviravoltas na história, o Bobby acorda e percebe que, afinal, era tudo um sonho. Mas aí ao menos ainda havia a música.

Tolan disse...

pronto pronto, já corrigi o "patético", ai.

Mak, o Mau disse...

O que eu gosto nos filmes de terror que são realmente maus é que se tornam uma espécie de terror diferente daquele que pretendiam ser, apesar de serem efectivamente aterradores.

Pode parecer confuso, mas do ponto de vista do terror é muito básico.