quinta-feira, 23 de junho de 2011

a conversa ficou-se por aí

Pensei em mais pessoas para a rúbrica do you think i'm sexy, é complicado, porque o objectivo não ser "mauzinho" e seria mauzinho se incluísse o Rui Santos, ou Pedro Rolo Duarte ou o José Luís Peixoto. O António José Seguro é uma classe totalmente à parte. Tem um ar confiante embora nos seja misteriosa a origem dessa confiança, mesmo com um grande esforço de observação e alguma boa vontade. Tem uma posição importante  e ambiciona ter uma posição ainda mais importante; uma que tenha influência na nossa vida e nas nossas posições na vida. Que mal nos fez? Nenhum. Que bem nos fez? Nenhum. O que quer ele? Não sei. É complicado recordar com clareza qualidades distintivas, detalhes. Uma pessoa ouve-o falar no telejornal e depois é acometido de uma amnésia indiferente no curto espaço de tempo de ir buscar mais uma cerveja ao frigorífico.

A propósito, recordo-me da primeira página do Almas Mortas do Gogol em que é introduzido o protagonista Tchítchikov: Na britchka vinha um senhor, nem bonitão, nem feio de todo; nem muito gordo, nem muito magro; não se diria que fosse muito velho, nem tão-pouco muito jovem. A sua entrada não provocou na cidade qualquer alvoroço nem foi acompanhada por nada de especial; apenas dois mujiques russos parados à porta de uma taberna em frente da estalagem trocaram algumas impressões que, aliás, tinham mais a ver com a carruagem do que com o seu passageiro: «Ena - disse um para o outro -, que roda! O que achas, uma roda destas aguenta até Moscovo, se for caso disso, ou não aguenta? - «Aguenta.» respondeu o outro. «Mas até Kazan não aguenta?» - «Até Kazan não aguenta» - respondeu o outro. A conversa ficou-se por aí.»

1 comentário:

Dama do Sinal disse...

Bom!
Fiquei com uma grande vontade de ler Gogol! Mas... e agora se me lembra o Seguro?!...