O Japão anda mesmo com mau karma. Há uma semana que a Playstation Network está em baixo devido a um ataque de hackers com contornos ainda não muito claros. 77 milhões de utilizadores ficaram sem acesso e a ressacar (é impossível jogar online). Os piores rumores confirmaram-se. No início acusavam o colectivo Anonymous de ter perpetrado o ataque em retaliação por um processo da Sony a um hacker que crackou a playstation. Mas não foram eles (negaram) e a extensão dos aparentes estragos (o máximo que a PSN fica em baixo são umas horas) deixava adivinhar o pior.
Hoje, 77 milhões de utilizadores receberam um e-mail assim (excertos):
«Estimado Cliente PlayStation Network / Qriocity:
Descobrimos que entre 17 de abril e 19 de abril de 2011, algumas informações da conta de utilizador dos serviços PlayStation Network e Qriocity foram comprometidas em conexão com uma intrusão ilegal e não autorizada ao nosso sistema (...) Enquanto investigamos os detalhes deste incidente, nós acreditamos que que uma pessoa não autorizada obteve as seguintes informações que você nos forneceu: nome, endereço (cidade, distrito, código postal), país, email, endereço, data de nascimento, o email usado na PlayStation Network / Qriocity, palavra-chave, respostas de segurança, PSN ID. É também possível que os dados de perfil possam ter sido acedidos, incluindo histórico de compras e o endereço de facturamento (cidade, distrito, código postal). Se autorizou uma sub-conta, o mesmos dados podem ter sido acedidos. Se forneceu dados do cartão de crédito através da PlayStation Network ou Qriocity, é possível que o seu número de cartão de crédito (excluindo o código de segurança) e data de validade também tenha sido acedida. Para sua segurança, encorajamos a estar especialmente atento a fraudes no seu e-mail, telefone e correio postal, em que pedem dados pessoais ou confidenciais. (...) Para se proteger contra possíveis roubos de identidade ou perda financeira,por favor mantenha-se vigilante e reveja extractos bancários da sua conta, crédito e outros tipos semelhantes de relatórios (...)
Atenciosamente,
Sony Network Entertainment Europe Limited »
sexta-feira, 29 de abril de 2011
cenas do casamento real
(daqui a 10 anos)
- Vai, vai, v... porra Kate, sai-me da frente da tv!
- Oh não, outra vez o Polo? Não sabes ver mais nada!?
- Burberrys contra o Poolshark! Não é apenas "Polo", Kate! São as semifinais da Abercromby Westminster Royal Pims Cup.
- Não percebo a piada de ver 8 homens a cavalo a bater numa bola com tacos...
- E eu não percebo a piada do Hells Kitchen. Abalone, abalone, abalone, que merda é um abalone foda-se? É abalones todos os dias!
- A piada do programa não é essa... oh, esquece.
- SAI DA FRENTE KATE! Estás a fazer de propósito?
- Viste as chaves do Roiroi?
- Não estão ao pé do cesto do pão na cozinha? Mas leva antes o Jaguinhas, não faças mais amolgadelas no Roiroi da avó.
- Não fui eu! Bateram-me no parque de estacionamento do LIDL, eu disse-te!
- Pois... o poste veio direito a ti desgovernado.
- Eu só fui à porcaria do LIDL por causa da tua cerveja com desconto!
- Temos de poupar Kate, temos de poupar, estamos em crise, não ouviste?
- Seu imbecil, careca, gordo... Libertaram o Willy para isto!
- E tu, já te viste ao espelho Kate? Pareces um boneco michelin obeso.
- Experimenta ser mãe 2 vezes!
- A minha mãe foi mãe 2 vezes e era elegante. O anel da mãe já nem te serve.
- SEMPRE A MERDA DA HISTÓRIA DA TUA MÃE! SEMPRE A COMPARAÇÃO! Eu não uso o anel, não gosto de o usar, o professor de Reiki diz que transmite energias negativas.
- Esse professor de Reiki foi brasileiro que te mandou o sms às 2 da manhã? Devias ter-me mostrado o sms em vez de o apagar logo!
- É um amigo William! Porra, não posso ter amigos? Também podia estranhar os teus chás no country club com aquela cara de cavalo, a Rhonda!
- Com a Rhonda? É só uma amiga! Achas que eu acho a Rhonda atraente!?!
- Ui, eu sei que isto de vacas feias te está nos genes Willizinho... E eu levo o Roiroi, a cadeirinha está no Roiroi e o carrinho está lá, vou ao pediatra com o Barnaby, está outra vez com febre.
- Está nada com febre, estás sempre a imaginar doenças no puto. Estás com febre Barnaby?
- Podias ao menos levantar-te do sofá e ver por ti próprio!
- Parece-me bem daqui. Não estás bem dumbinho?
- Não lhe chames 'dumbo', a culpa dele ter as orelhas assim é do teu lado da família!
- Em compensação tem a tua inteligência, ainda ontem o apanhei a comer sabão de máquina na dispensa da cozinha! Estava a espumar da boca!
- Tenho de ir. Tomas conta da Didi? Está a dormir agora mas não te esqueças, daqui a meia hora tens de lhe dar a papa.
- Se ela está a dormir deixa-a a dormir, já te disse que...
- NÃO! ELA COME A HORAS CERTAS PORRA WILLY!
- Boa, está a chorar, boa Kate, boa, acordaste-a!
- Vai lá tu! Eu vou andando! E não te esqueças de ir ver o correio, estou à espera do catálogo do IKEA e da La Redoute há séculos, toda gente já tem!
- Já fui hoje de manhã quando fui passear o Churchil.
- E então?
- Nada, o costume, contas, cartas do banco, ameaças da Al Qaeda, publicidade... Olha, este panfleto do LIDL diz que há cerveja a 30% de desconto, achas que dá para passares por lá quando vieres do pediatra? Hmm, fofinha?
quinta-feira, 28 de abril de 2011
a verdadeira entrevista póstuma a Buster Keaton
O Homem Que Sabia Demasiado não engana. Sabe demasiado. Lembra-me um pachorrento escriturário de uma repartição pública, a explicar, com paciência e método, que o formulário #11 e o #42 devem ser preenchidos em duplicado e ter anexos uma declaração de actividade validada por notário certificado. Livre de rasuras. Contudo, é necessário que nos ensinem as coisas, porque às vezes temos de tratar de declarações de residência ou de cinema. Eu vou lá ao blogue dele para registar detalhes interessantes que depois me ajudam a explicar a outras pessoas porque gosto de determinado filme.
Por exemplo, sobre o filme The Sunset Limited, podemos dizer a uma miúda gira que é 'um filme que explora magistralmente as contradições da natureza humana, as suas aspirações e desilusões, de uma forma absolutamente exemplar'.
Mas aqui, num assomo de arrojo criativo, o Homem que Sabia Demasiado tentou fazer uma entrevista póstuma ao Buster Keaton. Envolve criatividade, uma vez que o Buster Keaton morreu e já não pode dar entrevistas.
Confesso que me doeu ver o Buster Keaton falar como um Sephen Hawkings ligado à IMDB e sedado. A imagem que me veio à cabeça foi o Homem Que Sabia Demasiado a falar sozinho, ora deslocando-se para a esquerda, ora para a direita 'Olá Buster Keaton', 'Olá Homem Que sabia Demasiado', 'Queria fazer-te perguntas, posso', 'Força'.
Só queria pedir ao Homem que Sabia Demasiado que não volte a fazer isso porque me faz impressão. Gostaria de reescrever a entrevista póstuma a Buster Keaton, só para que o karma fique equilibrado. Obrigado.
Homem Que Sabia Demasiado - É célebre a sua expressão "Tragedy is a close-up; comedy, a long shot". O que queria dizer com isto?
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - Nos seus filmes sempre houve essa espécie de "sentimento trágico da vida", apesar de toda a enorme carga de humor que era evidente.
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - Cultivou um semblante sempre impassível, incapaz de expressar emoções, de feições neutras. Porquê?
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - O seu humor era muito físico e consta-se que nunca recorreu a duplos nas cenas mais arriscadas.
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - O seu período de ouro foi durante a década de 20, em que realizou e interpretou várias obras-primas do cinema. A partir de 1930, com o contrato que fez com o estúdio Metro, entrou claramente em decadência.
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - Em 1952 entrou no filme "Luzes da Ribalta" de Chaplin. Como foi esse encontro?
Buster Keaton - :-\...
... (:-|
Por exemplo, sobre o filme The Sunset Limited, podemos dizer a uma miúda gira que é 'um filme que explora magistralmente as contradições da natureza humana, as suas aspirações e desilusões, de uma forma absolutamente exemplar'.
Mas aqui, num assomo de arrojo criativo, o Homem que Sabia Demasiado tentou fazer uma entrevista póstuma ao Buster Keaton. Envolve criatividade, uma vez que o Buster Keaton morreu e já não pode dar entrevistas.
Confesso que me doeu ver o Buster Keaton falar como um Sephen Hawkings ligado à IMDB e sedado. A imagem que me veio à cabeça foi o Homem Que Sabia Demasiado a falar sozinho, ora deslocando-se para a esquerda, ora para a direita 'Olá Buster Keaton', 'Olá Homem Que sabia Demasiado', 'Queria fazer-te perguntas, posso', 'Força'.
Só queria pedir ao Homem que Sabia Demasiado que não volte a fazer isso porque me faz impressão. Gostaria de reescrever a entrevista póstuma a Buster Keaton, só para que o karma fique equilibrado. Obrigado.
Homem Que Sabia Demasiado - É célebre a sua expressão "Tragedy is a close-up; comedy, a long shot". O que queria dizer com isto?
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - Nos seus filmes sempre houve essa espécie de "sentimento trágico da vida", apesar de toda a enorme carga de humor que era evidente.
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - Cultivou um semblante sempre impassível, incapaz de expressar emoções, de feições neutras. Porquê?
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - O seu humor era muito físico e consta-se que nunca recorreu a duplos nas cenas mais arriscadas.
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - O seu período de ouro foi durante a década de 20, em que realizou e interpretou várias obras-primas do cinema. A partir de 1930, com o contrato que fez com o estúdio Metro, entrou claramente em decadência.
Buster Keaton - (:-|
O Homem Que Sabia Demasiado - Em 1952 entrou no filme "Luzes da Ribalta" de Chaplin. Como foi esse encontro?
Buster Keaton - :-\...
... (:-|
vem aí a Feira do Livro!
Eu vou estar na Feira do Livro para as ricas farturinhas, todos os anos vou lá comer as minhas farturinhas e depois vou com os dedos cheios de gordura e açúcar manusear os livros do Grupo Leya que estiverem à mão ih ih ^_^
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Feng Shui
Agora ando a testar conceitos de Feng Shui para aplicar na minha casa. A coisa aconteceu por acidente, fui sair com uma miúda e ela perguntou-me se eu gostava de Feng Shui e disse logo que sim, pensei que fosse um género de sushi ou uma cena que agora não digo aqui, mas pelos vistos não era. Ela explicou-me tudo com muitos detalhes e pelos vistos resultava com ela porque era uma pessoa feliz, tinha os olhos muito abertos e fixos e um sorriso fixo, mesmo quando me falou no acidente de automóvel em que lhe morreu o pai, a mãe e a irmã gémea e que só ela sobreviveu e, o mais incrível, mesmo quando viu a conta que foi ela que pagou porque eu esqueci-me da carteira. Mas aquilo do Feng Shui bateu-me. Disposto que estou a experimentar tudo, meti-me a estudar Feng Shui.
«O primeiro objetivo do Feng Shui é guardar e preservar as boas influências disponíveis no lugar de modo a permitir que permaneçam e se distribuam suavemente pela edificação.»
Ora bem, mandei encadernar as boas influências disponíveis para as preservar, nomeadamente, os livros de Gogol, Tchekov, do tio Dosto, do Bukowski, Salinger, Knut Hamsun, Kafka, Becket, Cervantes, Boris Vian, Camus, Houellebecq etc. e depois agora ando a colar folhas A3 com frases destes autores, para distribuir as boas influências suavemente pela minha edificação e fazer-me sentir melhor.
Por exemplo, ao lado de uma das janelas de casa que dá para a rua onde há pessoas, tenho uma frase do Bukowski: 'Malditas pessoas entediantes. Por toda a terra. Propagando mais malditas pessoas entediantes. Que espectáculo horroso.' e noutra janela tenho uma do Kafka: 'entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.' Esta do Kafka até um pouco literal, porque o que se passa é que eu não consigo abrir as janelas porque é preciso um jeitinho especial no trinco das mesmas e por acaso tive uma namorada que as conseguia abrir.
No tecto do quarto, para ver quando estou deitado na cama à noite, ko das boas influências da cerveja e do vinho, tenho outra do Bukowski: 'Há coisas piores do que estar sozinho'.
E quando estou a tomar duche tenho uma do Camus, 'toda a infelicidade dos homens provém da esperança'. Num armário da cozinha colei uma frase do tio Dostoievski: 'A maior felicidade é quando a pessoa sabe porque é que é infeliz' e noutro armário tenho uma do Monstro das Bolachas 'NHAM! Bolachinha!' mas que já lá estava e até nem fui eu que pus lá.
E depois no espelho do roupeiro está colada outra do tio Dosto 'acontece que a mágoa verdadeira e indiscutível é às vezes capaz de tornar grave e resistente até um homem fenomenalmente fútil.' Gosto muito de ver esta frase enquanto me arranjo todo para ficar supimpa e chique a valer.
Antes de comprar a sua casa, peça uma avaliação Feng Shui a um profissional credenciado.
Na Wikipedia diz: «O primeiro objetivo do Feng Shui é guardar e preservar as boas influências disponíveis no lugar de modo a permitir que permaneçam e se distribuam suavemente pela edificação.»
Ora bem, mandei encadernar as boas influências disponíveis para as preservar, nomeadamente, os livros de Gogol, Tchekov, do tio Dosto, do Bukowski, Salinger, Knut Hamsun, Kafka, Becket, Cervantes, Boris Vian, Camus, Houellebecq etc. e depois agora ando a colar folhas A3 com frases destes autores, para distribuir as boas influências suavemente pela minha edificação e fazer-me sentir melhor.
Por exemplo, ao lado de uma das janelas de casa que dá para a rua onde há pessoas, tenho uma frase do Bukowski: 'Malditas pessoas entediantes. Por toda a terra. Propagando mais malditas pessoas entediantes. Que espectáculo horroso.' e noutra janela tenho uma do Kafka: 'entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.' Esta do Kafka até um pouco literal, porque o que se passa é que eu não consigo abrir as janelas porque é preciso um jeitinho especial no trinco das mesmas e por acaso tive uma namorada que as conseguia abrir.
No tecto do quarto, para ver quando estou deitado na cama à noite, ko das boas influências da cerveja e do vinho, tenho outra do Bukowski: 'Há coisas piores do que estar sozinho'.
A indivídua da foto aplicou Feng Shui em sua casa. Ele é o senhor da EDP que veio ver o contador e não teve hipótese depois de sentir o poder do Feng Shui.
E quando estou a tomar duche tenho uma do Camus, 'toda a infelicidade dos homens provém da esperança'. Num armário da cozinha colei uma frase do tio Dostoievski: 'A maior felicidade é quando a pessoa sabe porque é que é infeliz' e noutro armário tenho uma do Monstro das Bolachas 'NHAM! Bolachinha!' mas que já lá estava e até nem fui eu que pus lá.
E depois no espelho do roupeiro está colada outra do tio Dosto 'acontece que a mágoa verdadeira e indiscutível é às vezes capaz de tornar grave e resistente até um homem fenomenalmente fútil.' Gosto muito de ver esta frase enquanto me arranjo todo para ficar supimpa e chique a valer.
Esta foto de Feng Shui contém uma subtil metáfora pela presença da chave. Reparem na chave, está ali em cima das pedras. É uma metáfora.
Estou muito contente com isto do feng shui, devo dizer. Agora, em casa, para onde quer que olhe, uma boa influência!
Por cima do ecrã do laptop que uso para ler os vossos comentários e blogues e facebooks, tenho um postit com a seguinte frase do Schopenauer: 'Ninguém é realmente digno de inveja, e tantos são dignos de lástima!'
terça-feira, 26 de abril de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
as pessoas aqui não gostam de mim que chegue e por isso às vezes penso ir-me embora mas depois afinal não porque eu sou o vosso pequeno dinossauro e não me podia mesmo ir embora
Well, I'm a little dinosaur
I'm a little dinosaur
I'm a little dinosaur
But I'm planning to go away.
Now, I am real old, don't you know
Born ten billion years ago.
But they don't love me here enough and so
I'm planning to go away
Now the children upon their lawns
Will wake up and wonder where I've gone.
And the flies that buzz around where I now be
They're all gonna have to get along without me.
They'll say,
Where's the little dinosaur?
Where's the little dinosaur?
Where's that little dinosaur?
He must have gone away.
Oh no, please don't go
Oh no, please don't go
Don't go, little dinosaur,
Please don't go away.
Oh no, please don't go
Oh no, please don't go
Don't go, little dinosaur,
Please don't go away.
Okay, I'll come back
You know I'm back to stay
'Cause I'm just your little dinosaur
And I could never really go
Never really go
Never really go away.
Vivam os dias
25 de Abril, sempre!, dizem os murais e cartazes, sugerindo que o 25 de Abril é uma espécie de Dia da Marmota dos comunistas.
As pessoas gostam do 25 de Abril quando não calha num fim de semana. Antes do 25 de Abril de 1974 não se podia festejar o 25 de Abril porque não deixavam e agora já deixam. Por isso lhe passaram a chamar Dia da Liberdade também. Toda gente gosta de o festejar menos um taxista que eu apanhei no outro dia e o Cavaco Silva porque há cravos por todo lado. Ele é alérgico a pólen e, nas cerimónias protocolares, fica com as trombas descaídas e anestesiadas dos antiestamínicos . O dia preferido de Cavaco Silva é um dia que é o Dia da Raça, o 10 de Junho. Depois do 25 de Abril de 1974, 'Dia da Raça' caiu em desuso para as pessoas com a mania que aderem à modas novas e aos iPods e isso e passou a chamar-se 'Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas'.
Estão sempre a inventar dias novos e como começa a faltar espaço no calendário, têm de fazer estes concentrados. Não se admirem que apareça o 'Dia de Portugal, de Camões, das Comunidades Portuguesas, do Pão de Ló e do Relógio Digital'. Às vezes a culpa do calendário sobrecarregado não é nossa, portugueses, mas sim dos estrangeiros que estão sempre a criar dias mundiais e depois temos de os festejar, mesmo que sejam coisas más, como o Dia Mundial da Sida (1 Dezembro) ou o Dia Mundial da Televisão (21 de Novembro).
O Dia Mundial da Sida calha no mesmo dia que o Dia da Restauração da Independência em Portugal, o que é bastante embaraçoso e causa frequentes encontros entre marchas militares e paradas de sidosos a festejar (sabe-se lá o quê) na baixa de Lisboa.
Os nossos representantes ainda protestaram com o estrangeiro homossexual que achou por bem marcar o Dia da Sida para esta data porque lhe dava jeito um feriado naquele ano para ir para Mikonos com o Freddy Mercury, 'Oh Doutor, veja lá isso, não pode ser antes a 2 ou 3 de Dezembro?' Mas não podiam, porque 2 de Dezembro é o Dia Internacional de Abolição da Escravatura e o 3 é o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Tinha piada que metessem o Dia Internacional da Abolição da Escravatura a 10 de Junho, no Dia Da Raça, só para confundir o Cavaco.
Eu não ligo muito ao 25 de Abril, mas amanhã é o meu dia preferido do ano, é o Dia Mundial da Propriedade Intelectual. Gosto muito do conceito de Propriedade Intelectual, uma pessoa pode ser pobre e o banco não lhe emprestar dinheiro nem nada, mas pode ir à Remax comprar Propriedades Intelectuais, muito baratinhas. Pode ser latifundiária intelectual. Os comunistas são contra a propriedade intelectual também e não gostam nada desse dia.
As pessoas gostam do 25 de Abril quando não calha num fim de semana. Antes do 25 de Abril de 1974 não se podia festejar o 25 de Abril porque não deixavam e agora já deixam. Por isso lhe passaram a chamar Dia da Liberdade também. Toda gente gosta de o festejar menos um taxista que eu apanhei no outro dia e o Cavaco Silva porque há cravos por todo lado. Ele é alérgico a pólen e, nas cerimónias protocolares, fica com as trombas descaídas e anestesiadas dos antiestamínicos . O dia preferido de Cavaco Silva é um dia que é o Dia da Raça, o 10 de Junho. Depois do 25 de Abril de 1974, 'Dia da Raça' caiu em desuso para as pessoas com a mania que aderem à modas novas e aos iPods e isso e passou a chamar-se 'Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas'.
Estão sempre a inventar dias novos e como começa a faltar espaço no calendário, têm de fazer estes concentrados. Não se admirem que apareça o 'Dia de Portugal, de Camões, das Comunidades Portuguesas, do Pão de Ló e do Relógio Digital'. Às vezes a culpa do calendário sobrecarregado não é nossa, portugueses, mas sim dos estrangeiros que estão sempre a criar dias mundiais e depois temos de os festejar, mesmo que sejam coisas más, como o Dia Mundial da Sida (1 Dezembro) ou o Dia Mundial da Televisão (21 de Novembro).
O Dia Mundial da Sida calha no mesmo dia que o Dia da Restauração da Independência em Portugal, o que é bastante embaraçoso e causa frequentes encontros entre marchas militares e paradas de sidosos a festejar (sabe-se lá o quê) na baixa de Lisboa.
Os nossos representantes ainda protestaram com o estrangeiro homossexual que achou por bem marcar o Dia da Sida para esta data porque lhe dava jeito um feriado naquele ano para ir para Mikonos com o Freddy Mercury, 'Oh Doutor, veja lá isso, não pode ser antes a 2 ou 3 de Dezembro?' Mas não podiam, porque 2 de Dezembro é o Dia Internacional de Abolição da Escravatura e o 3 é o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Tinha piada que metessem o Dia Internacional da Abolição da Escravatura a 10 de Junho, no Dia Da Raça, só para confundir o Cavaco.
Eu não ligo muito ao 25 de Abril, mas amanhã é o meu dia preferido do ano, é o Dia Mundial da Propriedade Intelectual. Gosto muito do conceito de Propriedade Intelectual, uma pessoa pode ser pobre e o banco não lhe emprestar dinheiro nem nada, mas pode ir à Remax comprar Propriedades Intelectuais, muito baratinhas. Pode ser latifundiária intelectual. Os comunistas são contra a propriedade intelectual também e não gostam nada desse dia.
sábado, 23 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
ser alguém
The Jam - To be someone (Didn't we have a nice time)
I realize I should have stuck to my guns
instead shit out to be one of the bastard sons
and lose myself - I know it was wrong - but it's cost me a lot
And there's no more drinking when the club shuts down,
I'm out on my arse with the rest of the clowns
It's really frightening without a bodyguard
so I stay confined to my lonely room
(vai ser uma noite longa...)
I realize I should have stuck to my guns
instead shit out to be one of the bastard sons
and lose myself - I know it was wrong - but it's cost me a lot
And there's no more drinking when the club shuts down,
I'm out on my arse with the rest of the clowns
It's really frightening without a bodyguard
so I stay confined to my lonely room
(vai ser uma noite longa...)
o síndrome de Dorian Gray
Na tabacaria do Colombo, senhora de 50 e poucos atende-me.
- Era um maço de português suave, por favor.
- Hmm... que idade tens?
-
-
- Era um maço de português suave, por favor.
- Hmm... que idade tens?
-
-
novel clarity
Quase um ano depois, o meu Criador está a meio da revisão final do seu romance. De vez em quando, por mero masoquismo e porque não o mostrou a ninguém, procura um ponto de vista objectivo e editorial, digamos assim. Vai ao quarto, veste o seu melhor fato e instala-se numa secretária, com muitos papéis. Finge um ar supreendido quando vai ler as impressões do romance que ele próprio escreveu, chega a exclamar "oh, o que é isto? quem é este? Vamos lá ver isto, deve ser uma bela porcaria" e depois começa a revisão, tentando distanciar-se o mais possível dele próprio e de mim.
Para se munir de argumentos técnicos, lê uns artigos, umas 10 tips lists, que existem aos milhares na Internet.
Agora está fortemente deprimido porque respondeu 'não' a todas as regras de Novel Clarity:
Novel Clarity
Revision is a tool for conveying story information more clearly. Writers must detach themselves from their work and read it objectively, critically, putting themselves in the place of the audience. Will readers understand the goals of the characters? Will they know what characters want and what they will do to get it? Is what motivates characters into action easily understood? Do readers know the reason characters want what they want? Does conflict escalate in a believable manner, built carefully from scene to scene in a logical way? Conflict should make it hard for a character to reach their goal, testing their resolve to reach it. Is there a satisfactory resolution? Although a story may end badly, main characters must attain their goals or fall short of their goals in a convincing way, loose ends must be tied up, and both the main plot and subplots worked out.
Tips for Revising a Novel
Tentei explicar-lhe que o Knut Hamsum ou o Kafka ou o Salinger cuspiriam naquela lista e que o Bukowski limparia o cú com ela. Mesmo assim não o convenci porque ele acha que não é tão bom como o Knut Hamsun, o Kafka ou o Salinger e eu por acaso concordo, e o editor ficcional dele também, nisto estamos de acordo os três. Eu acho que ele não devia alterar muito mais o que fez e que se fodessem todos, incluindo ele próprio, o editor acha que ele devia rever uma série de coisas e eliminar passagens inteiras, algumas com 20 páginas, e ele está neste momento a ir buscar cervejas ao frigorífico e andar de um lado para o outro, de um lado para o outro.
dizem-nos, aos três, que enventualmente um dia ele vai ter de mostrar aquilo a alguém, o que nos parece um bocadinho desnecessário, uma vez que o meu Criador também tem o seu Leitor, para além do seu Editor. É o seu Leitor que me diz a mim, Tolan, para apagar os posts maus ou reescrever, depois de serem postados, o Editor não entra aqui. Às vezes ele gosta mesmo de uma coisa e ri-se muito ou comove-se muito com algo que o meu Criador ou eu escrevemos. O Editor nunca se ri nem se comove com nada, está sempre a fazer contas e cheio de pressa.
Para se munir de argumentos técnicos, lê uns artigos, umas 10 tips lists, que existem aos milhares na Internet.
Agora está fortemente deprimido porque respondeu 'não' a todas as regras de Novel Clarity:
Novel Clarity
Revision is a tool for conveying story information more clearly. Writers must detach themselves from their work and read it objectively, critically, putting themselves in the place of the audience. Will readers understand the goals of the characters? Will they know what characters want and what they will do to get it? Is what motivates characters into action easily understood? Do readers know the reason characters want what they want? Does conflict escalate in a believable manner, built carefully from scene to scene in a logical way? Conflict should make it hard for a character to reach their goal, testing their resolve to reach it. Is there a satisfactory resolution? Although a story may end badly, main characters must attain their goals or fall short of their goals in a convincing way, loose ends must be tied up, and both the main plot and subplots worked out.
Tips for Revising a Novel
Tentei explicar-lhe que o Knut Hamsum ou o Kafka ou o Salinger cuspiriam naquela lista e que o Bukowski limparia o cú com ela. Mesmo assim não o convenci porque ele acha que não é tão bom como o Knut Hamsun, o Kafka ou o Salinger e eu por acaso concordo, e o editor ficcional dele também, nisto estamos de acordo os três. Eu acho que ele não devia alterar muito mais o que fez e que se fodessem todos, incluindo ele próprio, o editor acha que ele devia rever uma série de coisas e eliminar passagens inteiras, algumas com 20 páginas, e ele está neste momento a ir buscar cervejas ao frigorífico e andar de um lado para o outro, de um lado para o outro.
dizem-nos, aos três, que enventualmente um dia ele vai ter de mostrar aquilo a alguém, o que nos parece um bocadinho desnecessário, uma vez que o meu Criador também tem o seu Leitor, para além do seu Editor. É o seu Leitor que me diz a mim, Tolan, para apagar os posts maus ou reescrever, depois de serem postados, o Editor não entra aqui. Às vezes ele gosta mesmo de uma coisa e ri-se muito ou comove-se muito com algo que o meu Criador ou eu escrevemos. O Editor nunca se ri nem se comove com nada, está sempre a fazer contas e cheio de pressa.
sim, sim apaguei-o
eu só preciso de escrever certas coisas, é como se falasse sozinho. Depois já não me faz diferença se o lêem ou não, há o google reader e tal, que se lixe. O que não quero ver é certos textos aqui neste blogue, fisicamente digamos assim, textos de opinião em que parece que sei o que estou a dizer. São esgotantes a vários níveis, geram discussões e não posso perder tempo e energia nisso, tenho um romance a acabar e de ir ao Colombo comprar o Killzone 3.
devíamos ter uma selecção capaz de ser campeã do mundo
Neste artigo da BCC e em quase toda a imprensa desportiva internacional, os grandes responsáveis pela vitória do Real sobre o Barça na Copa del Rey são portugueses: Cristiano Ronaldo e Mourinho, à cabeça, evidentemente, mas depois Pepe (que Mourinho pôs a médio defensivo anulando Messi) e Ricardo Carvalho, uma parede. Em inglaterra, Raúl Meireles foi eleito PFA's Fans Players of the Year e, pelo menos em Fevereiro, foi eleito o melhor jogador da liga inglesa pela Association of Professional English Football. A propósito de Nani, os fãs do Manchester United dizem que é o Ronaldo II, exageram um pouco, no entanto, é a par de Rooney, a grande figura da equipa e também ganou o PFA Young Player of the Year award. Fábio Coentrão fez parte do 11 ideal do último Mundial etc.
o bolo não era mentira
Hoje, inspirado pela notícia do lançamento do Portal 2 e por saudosismo e essas coisas, decidi aproveitar a tolerância de ponto e acabei o Portal (jogo de 2007) de uma assentada, foram 4 ou 5 horas intensas. Os últimos níveis são absolutamente impossíveis. Ou quase. Encontro-me esgotado e feliz perante o desafio intelectual superado. O Portal é também o jogo com um sentido de humor excelente.
Deixo aqui o final do jogo, ma linda canção I'm Stil Alive, cantada pela AI que nos fez a vida negra e que destruímos no fim do jogo, e que pelos vistos se tornou um fenómeno do youtube, uma vez que se pode aplicar a qualquer geek de coração partido e há muito disso, especialmente na Internet.
Deixo aqui o final do jogo, ma linda canção I'm Stil Alive, cantada pela AI que nos fez a vida negra e que destruímos no fim do jogo, e que pelos vistos se tornou um fenómeno do youtube, uma vez que se pode aplicar a qualquer geek de coração partido e há muito disso, especialmente na Internet.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Cenas de família
Quando chegou o meio-dia,as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde. E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
— Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?
—Oh por favor… drama queen…
— Pai? És tu Pai? Tira-me daqui, Meu Deus.
— Vá, tens de passar por isso como um homenzinho.
— Então devolve-me os super-poderes ao menos!
—Querias, malandro, para fazeres vinho e embedares-te outra vez e andares por aí na rambóia com o teu ganguezito de maltrapilhos a fazer tags ‘os apóstolos’ por toda a Judeia…
— Não me podes dar ao menos umas aspirinas?
—Faz mal ao estômago.
— Seu egoísta!
—Tu não sabes o que dizes! Mal agradecido! Olha que no teu lugar podia estar o Fernando Nobre, ele ajudou muitos pobres e muitas crianças em aflição e é independente e ateu…
—O Fernando Nobre é católico Pai.
—Ai é? Ele disse-me que já não era!
—Não sei, eu acho que li que ele era católico.
— Pois ele agora é ateu. Se eu tivesse um ateu na santíssima trindade até os íamos converter ao PCP!
— Convida-o! E tira-me daqui agora, está a começar o Hells Kitchen.
— Eu acho que é capaz de ser um bocado polémico, até para os meus padrões.
—Oh porra… Tira-me daqui!
— Tu és mimado e mal agradecido. A culpa nem é minha, eu sempre fui a favor de uma educação rígida. Forma carácter. Mas logo desde pequenino vêm reis trazer-te prendas de todo lado!
— Prendas? Chamas aquilo prendas? Trouxeram-me ouro, incenso e mirra Pai! O que faria eu com ouro incenso e mirra! Eu queria um Spectrum 48K e o Traga-Bolas, o dos hipótamos comilões!
—O ouro é valioso, seu mal agradecido.
— Era um fio piroso, só os emigrantes nas obras das pirâmides do Egipto é que usam daquilo.
— E não te esqueças da conta poupança no BES que os teus avós abriram, com sacrifício. E do enxoval que a tia Salomé te preparou e que tu…
—Vai servir-me de muito! Vai servir-me de muito a conta poupança pai! Ao menos espero que a mãe fique com o dinheiro…
—Descansa que a tua mãe não vai ver um tostão disso, vai todo para caridade. A tua mãe esbanjava tudo em tapetes e socas e palha da melhor, quando a palha do LIDL servia perfeitamente. A culpa de seres assim estouvado é dela!
—Dela? Onde estavas Tu quando eu cresci!? Só me aparecias para me dar ordens, “Jesus sacrifica o cordeiro”, “Jesus vai para o deserto”, “Jesus cura o leproso”, “Jesus arruma o quarto”…
— Eu estava a trabalhar! Tu sabes o trabalho que dá ser Deus? É um trabalho de grande responsabilidade e stress. Admitir-te finalmente no Conselho de Administração é uma grande honra para ti, um cargo que muitos ambicionavam! E vais ter de me cortar esse cabelo e fazer a barba, pareces um hippie.
—Não era esta a carreira que eu queria Pai, não era esta a minha vocação.
— Se achas que estás mal, pensa que podias ter tirado Relações Internacionais em Coimbra por exemplo!Ainda vais a tempo, queres?
—Epá isso não, Pai...
— Queres que o momento mais alto da tua vida seja seres o criador do movimento “geração à rasca”? É isso que tu queres?
— Já disse que não, deixa-me sossegado agora... dá-me só o iPod, não consigo mexer as mãos.
— Onde está o iPod?
— Está ali, na trouxa ao pé do João e do Paulo. É só para me entreter um bocadinho. Obrigado. Põe-me só os fones nas orelhas.
— Pronto. Que grande gadelha, tens mesmo de cortar isto, deves estar cheio de pulgas. O que é que eu ponho?
— Pode ser Morrissey. Obrigado. Mais alto.. um bocadinho mais... está bom.
— Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?
—Oh por favor… drama queen…
— Pai? És tu Pai? Tira-me daqui, Meu Deus.
— Vá, tens de passar por isso como um homenzinho.
— Então devolve-me os super-poderes ao menos!
—Querias, malandro, para fazeres vinho e embedares-te outra vez e andares por aí na rambóia com o teu ganguezito de maltrapilhos a fazer tags ‘os apóstolos’ por toda a Judeia…
— Não me podes dar ao menos umas aspirinas?
—Faz mal ao estômago.
— Seu egoísta!
—Tu não sabes o que dizes! Mal agradecido! Olha que no teu lugar podia estar o Fernando Nobre, ele ajudou muitos pobres e muitas crianças em aflição e é independente e ateu…
—O Fernando Nobre é católico Pai.
—Ai é? Ele disse-me que já não era!
—Não sei, eu acho que li que ele era católico.
— Pois ele agora é ateu. Se eu tivesse um ateu na santíssima trindade até os íamos converter ao PCP!
— Convida-o! E tira-me daqui agora, está a começar o Hells Kitchen.
— Eu acho que é capaz de ser um bocado polémico, até para os meus padrões.
—Oh porra… Tira-me daqui!
— Tu és mimado e mal agradecido. A culpa nem é minha, eu sempre fui a favor de uma educação rígida. Forma carácter. Mas logo desde pequenino vêm reis trazer-te prendas de todo lado!
— Prendas? Chamas aquilo prendas? Trouxeram-me ouro, incenso e mirra Pai! O que faria eu com ouro incenso e mirra! Eu queria um Spectrum 48K e o Traga-Bolas, o dos hipótamos comilões!
—O ouro é valioso, seu mal agradecido.
— Era um fio piroso, só os emigrantes nas obras das pirâmides do Egipto é que usam daquilo.
— E não te esqueças da conta poupança no BES que os teus avós abriram, com sacrifício. E do enxoval que a tia Salomé te preparou e que tu…
—Vai servir-me de muito! Vai servir-me de muito a conta poupança pai! Ao menos espero que a mãe fique com o dinheiro…
—Descansa que a tua mãe não vai ver um tostão disso, vai todo para caridade. A tua mãe esbanjava tudo em tapetes e socas e palha da melhor, quando a palha do LIDL servia perfeitamente. A culpa de seres assim estouvado é dela!
—Dela? Onde estavas Tu quando eu cresci!? Só me aparecias para me dar ordens, “Jesus sacrifica o cordeiro”, “Jesus vai para o deserto”, “Jesus cura o leproso”, “Jesus arruma o quarto”…
— Eu estava a trabalhar! Tu sabes o trabalho que dá ser Deus? É um trabalho de grande responsabilidade e stress. Admitir-te finalmente no Conselho de Administração é uma grande honra para ti, um cargo que muitos ambicionavam! E vais ter de me cortar esse cabelo e fazer a barba, pareces um hippie.
—Não era esta a carreira que eu queria Pai, não era esta a minha vocação.
— Se achas que estás mal, pensa que podias ter tirado Relações Internacionais em Coimbra por exemplo!Ainda vais a tempo, queres?
—Epá isso não, Pai...
— Queres que o momento mais alto da tua vida seja seres o criador do movimento “geração à rasca”? É isso que tu queres?
— Já disse que não, deixa-me sossegado agora... dá-me só o iPod, não consigo mexer as mãos.
— Onde está o iPod?
— Está ali, na trouxa ao pé do João e do Paulo. É só para me entreter um bocadinho. Obrigado. Põe-me só os fones nas orelhas.
— Pronto. Que grande gadelha, tens mesmo de cortar isto, deves estar cheio de pulgas. O que é que eu ponho?
— Pode ser Morrissey. Obrigado. Mais alto.. um bocadinho mais... está bom.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
pensamentos avulsos e confusos
comunhão
Se dois existencialistas, por exemplo, o Vergílio e o Sartre, se encontrarem num café, é possível que um diga ‘epá, sou existencialista, só existo eu’ e o outro diz ‘eu sinto exactemente o mesmo! Só eu existo e sou a verdade! E escrevo livros e milhares de pessoas lêem-nos!’, ‘eu também, eu também!’ diz o outro e depois bebem uns copos e tornam-se grandes amigos. E no dia seguinte acordam confusos, com um certo mal estar, porque perderam um bocadinho do existencialismo. Só com grande esforço de hipocrisia podem pois continuar a pensar da mesma forma.
A comunhão, no sentido não religioso do termo (mas também) é a única fé plausível, a única religião credível. A partilha de algo, um momento, uma comunicação, uma sintonia. Ter um culto como ser católico ou ser do Benfica ou mesmo ser ateu ou ‘existencialista’, insere-nos imediatamente num grupo de gente que partilha connosco qualquer coisa e reduz-nos a um membro de um grupo, o que é bom, deve ser bom e deve ser cultivado.
Quando estamos com um velho amigo, zonzos do bagaço da típica, a fumar um cigarro e a ver os telhados de Alfama à noite e um cargueiro iluminado no Tejo, num miradouro de uma Igreja, isso é um momento de comunhão religiosa, nem pior nem melhor, que uma missa do 7º dia na PraçaS.Marcos S.Pedro no Vaticano.
a matilha
A melancolia que pode por vezes atacar-nos num momento de felicidade, por vezes na exacta proporção da felicidade, ao ponto de nos poder fazer chorar. E a felicidade que nos pode acometer num momento de infelicidade, como num funeral, num dia bonito, um pardal num fio de electricidade, uma rapariga bonita que não víamos desde a infância e que brincava connosco a em pinhais selvagens. Isto devia levar-nos a concluir que a felicidade e a infelicidade são, evidentemente, ilusões, como Deus. Porque se fossem reais, manifestar-se-iam com causas e efeitos determinados e lógicos. No extremo, os sentimentos fundem-se um com o outro e positivo e negativo não existem. Somos macacos, um pouco mais espertos, uma pequena diferença genética, nada mais, um defeito que nos faz perguntar 'porquê?'. Só quem não viveu com animais de estimação como cães e gatos pode afirmar que eles não têm alma. E não é certo que não perguntem 'porquê?', a julgar pelo ar confuso de um cão quando, depois de lhe darmos 2 rodelas de chouriço, recusamos dar mais rodelas de chouriço, originando uma pequena poça de baba na alcatifa e grunhidos indignados e que me soam claramente a 'porquê? porquê? porquê?'
A matilha é pois a felicidade.
sorrir ao nada
A liberdade e a ausência de paz começam na solidão. A solidão de não ter um destino comum com ninguém, de ser incompreendido, de não encaixar em lado nenhum. É também um acto egoísta pois ao recusarmos a influência dos outros, estamos também a fechar-nos a eles e a não comunhar das suas tristezas. Se não somos humanos, que efeito causarão em nós as notícias de mortes e tragédias no mundo ou o sofrimento de um amigo com um desgosto de amor? No entanto, a solidão é a única forma real de dor, cujo o único paleativo é a loucura. Definir loucura é difícil, talvez aquele momento em que perdemos o elo com os outros. Ninguém consegue comungar connosco e nós não conseguimos comunhar com ninguém. Nada nos pode fazer ficar tristes ou contentes, a não ser nós próprios e por isso podemos sorrir ao nada, com os olhos abertos, numa ala psiquiátrica do Júlio de Matos, como o meu tio, quando o vi lá pela primeira vez, aos oito anos. Ele sorria, mas eu fiquei triste, porque não era louco.
Se dois existencialistas, por exemplo, o Vergílio e o Sartre, se encontrarem num café, é possível que um diga ‘epá, sou existencialista, só existo eu’ e o outro diz ‘eu sinto exactemente o mesmo! Só eu existo e sou a verdade! E escrevo livros e milhares de pessoas lêem-nos!’, ‘eu também, eu também!’ diz o outro e depois bebem uns copos e tornam-se grandes amigos. E no dia seguinte acordam confusos, com um certo mal estar, porque perderam um bocadinho do existencialismo. Só com grande esforço de hipocrisia podem pois continuar a pensar da mesma forma.
A comunhão, no sentido não religioso do termo (mas também) é a única fé plausível, a única religião credível. A partilha de algo, um momento, uma comunicação, uma sintonia. Ter um culto como ser católico ou ser do Benfica ou mesmo ser ateu ou ‘existencialista’, insere-nos imediatamente num grupo de gente que partilha connosco qualquer coisa e reduz-nos a um membro de um grupo, o que é bom, deve ser bom e deve ser cultivado.
Quando estamos com um velho amigo, zonzos do bagaço da típica, a fumar um cigarro e a ver os telhados de Alfama à noite e um cargueiro iluminado no Tejo, num miradouro de uma Igreja, isso é um momento de comunhão religiosa, nem pior nem melhor, que uma missa do 7º dia na Praça
a matilha
A melancolia que pode por vezes atacar-nos num momento de felicidade, por vezes na exacta proporção da felicidade, ao ponto de nos poder fazer chorar. E a felicidade que nos pode acometer num momento de infelicidade, como num funeral, num dia bonito, um pardal num fio de electricidade, uma rapariga bonita que não víamos desde a infância e que brincava connosco a em pinhais selvagens. Isto devia levar-nos a concluir que a felicidade e a infelicidade são, evidentemente, ilusões, como Deus. Porque se fossem reais, manifestar-se-iam com causas e efeitos determinados e lógicos. No extremo, os sentimentos fundem-se um com o outro e positivo e negativo não existem. Somos macacos, um pouco mais espertos, uma pequena diferença genética, nada mais, um defeito que nos faz perguntar 'porquê?'. Só quem não viveu com animais de estimação como cães e gatos pode afirmar que eles não têm alma. E não é certo que não perguntem 'porquê?', a julgar pelo ar confuso de um cão quando, depois de lhe darmos 2 rodelas de chouriço, recusamos dar mais rodelas de chouriço, originando uma pequena poça de baba na alcatifa e grunhidos indignados e que me soam claramente a 'porquê? porquê? porquê?'
A matilha é pois a felicidade.
sorrir ao nada
A liberdade e a ausência de paz começam na solidão. A solidão de não ter um destino comum com ninguém, de ser incompreendido, de não encaixar em lado nenhum. É também um acto egoísta pois ao recusarmos a influência dos outros, estamos também a fechar-nos a eles e a não comunhar das suas tristezas. Se não somos humanos, que efeito causarão em nós as notícias de mortes e tragédias no mundo ou o sofrimento de um amigo com um desgosto de amor? No entanto, a solidão é a única forma real de dor, cujo o único paleativo é a loucura. Definir loucura é difícil, talvez aquele momento em que perdemos o elo com os outros. Ninguém consegue comungar connosco e nós não conseguimos comunhar com ninguém. Nada nos pode fazer ficar tristes ou contentes, a não ser nós próprios e por isso podemos sorrir ao nada, com os olhos abertos, numa ala psiquiátrica do Júlio de Matos, como o meu tio, quando o vi lá pela primeira vez, aos oito anos. Ele sorria, mas eu fiquei triste, porque não era louco.
terça-feira, 19 de abril de 2011
então eu sou geek
Em 1996 chego da província com uma mochila cheia de tupperwares cheios de comida preparados pela a minha mãe (que os preparou por pressão de grupo porque as mães dos meus amigos da província o faziam) e chego à universidade para um magnífico curso de matemática. Era como se tivesse chegado ao paraíso. Na província eu era o geek. Ali era... era uma pessoa! Havia colegas com depressões e tudo. Era genial. A minha família, que julgava disfuncional, era afinal a da Casa Na Pradaria comparada com as dos meus colegas que eram, vejam bem, divorciados.
Nas praxes, intensas ainda naquela época (1996) uma veterana sexy elegeu-me rei dos caloiros, num jogo de xadrez humano em que atirávamos ovos (fui o único sobrevivente). Lembro-me da raiva que suscitou no seu colega veterano que exclamou na minha cara "escolheste este monte de esterco para rei dos caloiros!?", largando perdigotos. Contemplei-o, impassível. A verdade é que tinha aterrado no paraíso, o curso era composto por geeks hardcore, bastava usarmos a camisa fora das calças para sermos considerados tipos cool. Não me refiro a gente que tinha hobbits como filatelia ou astronomia (o meu caso) mas sim gente que discutia acaloradamente se a Texas Instruments era melhor que a HP, nos intervalos, e testavam algoritmos recursivos para ver qual das máquinas tinha um maior erro numérico de arredondamento devido à truncagem dos bits do processaor. O meu curso estava no top 3 nacional de dificuldade, um ranking subjectivo, que o colocava a par de Engenharia Aeroespacial no Técnico e outro qualquer. Lembro de ler aquilo na revista pensar "chalenge accepted".
Pessoas de outros cursos discutiam se jogador A era melhor que jogador B, ou mamas e rabos, nós discutíamos a teimosia da HP em ter um sistema de computação nas máquinas que era pouco intuitivo e só poderoso em situações complexas. Os rascas usavam Casio, como eu, embora a minha fosse programável e gráfica e tivesse cores e permitisse desenhar seios com equações condicionais. Sim, eu era, sou e serei geek até morrer.
Deixo-vos com a música geeks are sexy que fiz, em tempos, em homenagem às minhas origens e que traduz, com fidelidade, o conflito em que qualquer geek vive. Dedico-a a todos os que estudaram ou estudam qualquer curso com uma forte componente de matemática. Os outros... os outros são José Luís Peixotos :P
Nas praxes, intensas ainda naquela época (1996) uma veterana sexy elegeu-me rei dos caloiros, num jogo de xadrez humano em que atirávamos ovos (fui o único sobrevivente). Lembro-me da raiva que suscitou no seu colega veterano que exclamou na minha cara "escolheste este monte de esterco para rei dos caloiros!?", largando perdigotos. Contemplei-o, impassível. A verdade é que tinha aterrado no paraíso, o curso era composto por geeks hardcore, bastava usarmos a camisa fora das calças para sermos considerados tipos cool. Não me refiro a gente que tinha hobbits como filatelia ou astronomia (o meu caso) mas sim gente que discutia acaloradamente se a Texas Instruments era melhor que a HP, nos intervalos, e testavam algoritmos recursivos para ver qual das máquinas tinha um maior erro numérico de arredondamento devido à truncagem dos bits do processaor. O meu curso estava no top 3 nacional de dificuldade, um ranking subjectivo, que o colocava a par de Engenharia Aeroespacial no Técnico e outro qualquer. Lembro de ler aquilo na revista pensar "chalenge accepted".
Pessoas de outros cursos discutiam se jogador A era melhor que jogador B, ou mamas e rabos, nós discutíamos a teimosia da HP em ter um sistema de computação nas máquinas que era pouco intuitivo e só poderoso em situações complexas. Os rascas usavam Casio, como eu, embora a minha fosse programável e gráfica e tivesse cores e permitisse desenhar seios com equações condicionais. Sim, eu era, sou e serei geek até morrer.
Deixo-vos com a música geeks are sexy que fiz, em tempos, em homenagem às minhas origens e que traduz, com fidelidade, o conflito em que qualquer geek vive. Dedico-a a todos os que estudaram ou estudam qualquer curso com uma forte componente de matemática. Os outros... os outros são José Luís Peixotos :P
10 (dez) conselhos para escrever
1- Prefiram sempre sumos naturais nos vossos cockails, sumos feitos no momento. Laranjas oxidam ao fim de 5 minutos e limões pouco mais aguentam. Sumos de pacote, pasteurizados, só de frutas que fiquem bem cozidas, ou seja, nada de citrinos. Maçã, pêra, morangos, tomate, excelentes, muitas vezes melhores que os naturais.
2- O LM Azul é igual ao Português Suave e uns cêntimos mais barato, já fiz a experiência e amigos meus fizeram e confirmam.
3 – Vivam experiências limite que vos expandam os horizontes, como arriscar a ir ao IKEA ao Sábado.
4- A água é importantíssima para a produção de whiskys, vodkas e cervejas. O gelo no copo também! O ideal é gelo com 2 horas no máximo e não o misturem com comida no frigorífico, o gelo absorve os odores todos.
5- Com o frango assado, em vez de pedir batatas fritas, peçam pão. O pão não faz mal e podem arrancar bocados do frango e comer no pão que aquilo enche.
6- Escolham salgados e snacks que não engordurem os dedos e o teclado todo e que já venham descascadinhos.
7- Não metam nutela no microondas. Já aqui o tinha dito, mas os frascos de Nutela por vezes têm cenas prateadas e aquilo faz mesmo ruídos estranhos. Este aqui não se aplica só a pessoas que queiram escrever.
8- Não abram a caixa do correio, em caso algum. Se for algo grave, mandam sms ou a polícia.
9- Às vezes vale a pena ir ao supermercado comprar aqueles packs grandes ao fim de semana, em vez de ir a correr à tasca do Senhor Antunes pagar 1€ por cada garrafinha.
10- Tenham sempre à mão um bloco de notas ou algo onde anotar, como um smartphone, se forem como eu, só se lembram das coisas de que precisam no supermercado ocasionalmente e mais vale anotar logo para ter uma lista a sério quando lá vão.
boa escrita e força nisso.
2- O LM Azul é igual ao Português Suave e uns cêntimos mais barato, já fiz a experiência e amigos meus fizeram e confirmam.
3 – Vivam experiências limite que vos expandam os horizontes, como arriscar a ir ao IKEA ao Sábado.
4- A água é importantíssima para a produção de whiskys, vodkas e cervejas. O gelo no copo também! O ideal é gelo com 2 horas no máximo e não o misturem com comida no frigorífico, o gelo absorve os odores todos.
5- Com o frango assado, em vez de pedir batatas fritas, peçam pão. O pão não faz mal e podem arrancar bocados do frango e comer no pão que aquilo enche.
6- Escolham salgados e snacks que não engordurem os dedos e o teclado todo e que já venham descascadinhos.
7- Não metam nutela no microondas. Já aqui o tinha dito, mas os frascos de Nutela por vezes têm cenas prateadas e aquilo faz mesmo ruídos estranhos. Este aqui não se aplica só a pessoas que queiram escrever.
8- Não abram a caixa do correio, em caso algum. Se for algo grave, mandam sms ou a polícia.
9- Às vezes vale a pena ir ao supermercado comprar aqueles packs grandes ao fim de semana, em vez de ir a correr à tasca do Senhor Antunes pagar 1€ por cada garrafinha.
10- Tenham sempre à mão um bloco de notas ou algo onde anotar, como um smartphone, se forem como eu, só se lembram das coisas de que precisam no supermercado ocasionalmente e mais vale anotar logo para ter uma lista a sério quando lá vão.
boa escrita e força nisso.
o Portal 2 vem aí e está para os gamers de bom gosto como a ressurreição para os cristãos
Fuck school. I'm going to tell my mom I'm "sick"
hellveteran45 10 horas atrás 16 thumbs up
(comentário no youtube)
segunda-feira, 18 de abril de 2011
their finest art, Bukowski e a minha worstest* art
Do tempo em que fazia música electrónica por hobbit, de forma mais regular:
Em 2 anos teve menos views que um dia de Tolan no blogue e é a minha preferida, das que fiz. Apesar dos views não serem uma medida da qualidade de uma coisa - especialmente na Internet em que a componente "humor" ou "curiosidade mórbida" ajuda muito - a experiência foi educativa em vários sentidos. Todos temos talentos e podemos explorá-los de forma autodidacta e livre, mas há sempre um ponto de viragem em que o talento tem de dar trabalho, ser chato, doloroso, exigir sacrifícios de vária espécie. Não é o impulso de criar que é duro, esse nunca é, mas sim o aperfeiçoamento, a conclusão do impulso de criar em qualquer coisa finalizada, que faça jus à intenção original.
Desistir da ideia de levar um hobbit a sério, é bom, porque vai ficando, no fim, uma destilação do que somos, mais focada.
*isto é Lol speak
Em 2 anos teve menos views que um dia de Tolan no blogue e é a minha preferida, das que fiz. Apesar dos views não serem uma medida da qualidade de uma coisa - especialmente na Internet em que a componente "humor" ou "curiosidade mórbida" ajuda muito - a experiência foi educativa em vários sentidos. Todos temos talentos e podemos explorá-los de forma autodidacta e livre, mas há sempre um ponto de viragem em que o talento tem de dar trabalho, ser chato, doloroso, exigir sacrifícios de vária espécie. Não é o impulso de criar que é duro, esse nunca é, mas sim o aperfeiçoamento, a conclusão do impulso de criar em qualquer coisa finalizada, que faça jus à intenção original.
Desistir da ideia de levar um hobbit a sério, é bom, porque vai ficando, no fim, uma destilação do que somos, mais focada.
*isto é Lol speak
A Aparição (1959), de Vergílio Ferreira, notinhas prévias e livros obrigatórios na escola
Não sei como, sobrevivi até hoje sem nunca ter lido A Aparição.
Foi livro de leitura obrigatória na escola. Não sei porque não o li, mas estou a resolver isso, e com prazer, um prazer que duvido que tivesse aos 15 ou 16 anos.
Na Internet vejo que os miúdos lêem o Memorial do Convento do Saramago e saúdo a escolha, penso que é mais adequada, sendo o Memorial um excelente livro. E não sei se é boa ideia espetar com o existencialismo desesperante da Aparição a jovens adolescentes já de si existencialistas desesperados. Eles não precisam de ajuda para isso. De qualquer forma, quer um quer o outro, dão porrada que chegue na Igreja e nos costumes, o que parece ser um requisito essencial na selecção dos livros escolares pós-25 de Abril. Tudo bem.
Penso que a Aparição é um livro que vem mesmo mesmo a calhar depois de termos tido a experiência da morte. Guardem o livro para quando vos morrer alguém próximo, assim como uma aquela garrafinha de vinho para quando um filho nascer. É ela que nos confronta com os problemas existenciais mais profundos - a morte, não a garrafinha de vinho (e daí...). O pai da personagem adquire a sua crise existencial pela morte do pai, o que também é uma coincidência. Há mais ao longo do livro e por vezes fico com a sensação que isto de espoletar intensas crises existenciais é uma coisa de receita e que tanto eu como o senhor Vergílio somos apenas animais a responder a estímulos de diversa índole e que seriam capazes de transformar o Luisão do Benfica num existencialista angustiado e estudioso de Schopenauer.
Estou a gostar muito deste livro e a escrita é magnífica, embora deva dizer que este autor se insere no grupo dos que esmagam e não dos que entusiasmam, porque escreve demasiado a puxar para a poesia, escreve demasiado bem, se é que isso é possível. Também penso que as personagens e as situações são estereotipadas demais, encaixam num determinado perfil e num simbolismo demasiado evidente, pelo menos, para os gostos de hoje. É um livro que me parece um pouquinho datado. Já o tinha dito em tempos a propósito das obras de Sartre que versam sobre os mesmos temas. O problema destes livros é que têm personagens eruditas e foram escritos por eruditos que viviam num determinado contexto político e social e que entretanto mudou. Temos personagens que têm consciência erudita e, no caso da Aparição, até têm como objectivo a escrita de um ensaio sobre o tema. Penso que isto é uma abordagem um pouco directa demais, como se a melhor forma de abordar um tema na literatura, fosse abordá-lo.
Foi livro de leitura obrigatória na escola. Não sei porque não o li, mas estou a resolver isso, e com prazer, um prazer que duvido que tivesse aos 15 ou 16 anos.
Na Internet vejo que os miúdos lêem o Memorial do Convento do Saramago e saúdo a escolha, penso que é mais adequada, sendo o Memorial um excelente livro. E não sei se é boa ideia espetar com o existencialismo desesperante da Aparição a jovens adolescentes já de si existencialistas desesperados. Eles não precisam de ajuda para isso. De qualquer forma, quer um quer o outro, dão porrada que chegue na Igreja e nos costumes, o que parece ser um requisito essencial na selecção dos livros escolares pós-25 de Abril. Tudo bem.
Penso que a Aparição é um livro que vem mesmo mesmo a calhar depois de termos tido a experiência da morte. Guardem o livro para quando vos morrer alguém próximo, assim como uma aquela garrafinha de vinho para quando um filho nascer. É ela que nos confronta com os problemas existenciais mais profundos - a morte, não a garrafinha de vinho (e daí...). O pai da personagem adquire a sua crise existencial pela morte do pai, o que também é uma coincidência. Há mais ao longo do livro e por vezes fico com a sensação que isto de espoletar intensas crises existenciais é uma coisa de receita e que tanto eu como o senhor Vergílio somos apenas animais a responder a estímulos de diversa índole e que seriam capazes de transformar o Luisão do Benfica num existencialista angustiado e estudioso de Schopenauer.
Estou a gostar muito deste livro e a escrita é magnífica, embora deva dizer que este autor se insere no grupo dos que esmagam e não dos que entusiasmam, porque escreve demasiado a puxar para a poesia, escreve demasiado bem, se é que isso é possível. Também penso que as personagens e as situações são estereotipadas demais, encaixam num determinado perfil e num simbolismo demasiado evidente, pelo menos, para os gostos de hoje. É um livro que me parece um pouquinho datado. Já o tinha dito em tempos a propósito das obras de Sartre que versam sobre os mesmos temas. O problema destes livros é que têm personagens eruditas e foram escritos por eruditos que viviam num determinado contexto político e social e que entretanto mudou. Temos personagens que têm consciência erudita e, no caso da Aparição, até têm como objectivo a escrita de um ensaio sobre o tema. Penso que isto é uma abordagem um pouco directa demais, como se a melhor forma de abordar um tema na literatura, fosse abordá-lo.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
to do list antes de morrer - updates
(...)
Apaixonar-me
Experimentar drogas psicadélicas
Ir a Las Vegas
Perder a virgindade
fazer um coast to coast num ford mustang
desapaixonar-me
Ter um filho Ter um filho (ufff falso alarme)
Dar sangue Dar sangue (ok ok ter sangrado do nariz para dentro do prato da R. na cantina da escola não conta)
Escrever livros e ganhar dinheiro com isso
Ver três equipas portuguesas nas meias finais da Liga Europa
ser o meu próprio BILF
Ir a Tóquio
ver os Pixies ao vivo
Ter um veleiro e dar a volta ao mundo
Espancar o Gonçalo da Camara Pereira
(...)
Ir a Las Vegas
fazer um coast to coast num ford mustang
Escrever livros e ganhar dinheiro com isso
Ter um veleiro e dar a volta ao mundo
Espancar o Gonçalo da Camara Pereira
(...)
erro
Mais de uma década de utilização intensiva de office em ambiente windows - particularmente powerpoint - providenciou-me uma interessante colecção de x files no que a bugs diz respeito.
O Windows consegue ser um verdadeiro artista na arte do erro e do bug. Não se limita apenas a não conseguir fazer algo, como, por exemplo, um candeeiro do quarto não acender quando carregamos no interruptor ou o nosso carro não pegar quando rodamos a chave. O Windows é coisa para acender um candeeiro do quarto quando rodamos a chave do carro. E ainda disparar o sistema de rega.
Há momentos deparei-me com este erro, quando abri um excel em branco. Sim, é verdade, tenho excel muito bonito para fazer, mas não resisti a uma pequena pausa para analisar isto em conjunto com vocês.
Fiz um prático print screen do erro:
Portanto, temos uma janela de erro que diz "Microsof Visual Basic", uma cruz branca em cima de um smartie vermelho e depois um botão que diz "ok" e outro que diz "ajuda". E mais nada. Supomos que é um erro, aquele smartie e aquela cruz branca normalmente singificam coisas más.
O Visual Basic é uma linguagem de programação. É possível programar uma caixinha de erro para aparecer no Excel com uma frequência aleatória e talvez seja essa a explicação, alguém na Microsoft tem tempo livre a mais. Ou então aconteceu mesmo um erro mas só diz respeito ao Visual Basic. Ele teve um erro lá na vidinha dele e queixou-se, sente-se sozinho e quis partilhar. Neste contexto, o "Ok" é como dizermos "hm hmm que chatice" a alguém que se queixa de alguma coisa que não nos interessa para nada. Pelo menos, a pessoa sente que foi ouvida e na melhor das hipóteses, é o suficiente para se sentir melhor.
Claro que aqui desconfiamos que o "ok" é uma armadilha. Até porque já vem seleccionado. Ou aceitamos o Ok sugerido ou pedimos ajuda. Notem que pedir ajuda não altera o facto, apenas nos ajuda a encarar a inevitabilidade do Ok, uma vez que não há um "Cancelar". É um pouco como terapia, depois de um divórcio.
Devo dizer que aquele "ajuda" me soa um bocadinho a cinismo. É como uma ex namorada que tive e que me partia coisas em casa - sem querer - e depois, quando eu estava a tentar juntar as peças e os fios das coisas, ela aproximava-se em bicos de pés e a espreitar de lado e perguntava-me se eu precisava de ajuda para as arranjar.
O que é fantástico no Windows é que há sempre opções escondidas e uma forma de fugir aos dilemas. Por exemplo, ali temos a cruz branca no rectângulo vermelho, no topo direito. Podemos simplesmente fechar a janela do erro e continuar com a nossa vida. Era tão bom que isto fosse assim no dia a dia.
Foi o que fiz e pareceu-me ouvir a motherboard do portátil a resmungar "damit john, não o apanhámos desta vez, eu disse-te que era melhor o pedaço de queijo na drive de CDs".
Até agora, tudo bem.
O Windows consegue ser um verdadeiro artista na arte do erro e do bug. Não se limita apenas a não conseguir fazer algo, como, por exemplo, um candeeiro do quarto não acender quando carregamos no interruptor ou o nosso carro não pegar quando rodamos a chave. O Windows é coisa para acender um candeeiro do quarto quando rodamos a chave do carro. E ainda disparar o sistema de rega.
Há momentos deparei-me com este erro, quando abri um excel em branco. Sim, é verdade, tenho excel muito bonito para fazer, mas não resisti a uma pequena pausa para analisar isto em conjunto com vocês.
Fiz um prático print screen do erro:
Portanto, temos uma janela de erro que diz "Microsof Visual Basic", uma cruz branca em cima de um smartie vermelho e depois um botão que diz "ok" e outro que diz "ajuda". E mais nada. Supomos que é um erro, aquele smartie e aquela cruz branca normalmente singificam coisas más.
O Visual Basic é uma linguagem de programação. É possível programar uma caixinha de erro para aparecer no Excel com uma frequência aleatória e talvez seja essa a explicação, alguém na Microsoft tem tempo livre a mais. Ou então aconteceu mesmo um erro mas só diz respeito ao Visual Basic. Ele teve um erro lá na vidinha dele e queixou-se, sente-se sozinho e quis partilhar. Neste contexto, o "Ok" é como dizermos "hm hmm que chatice" a alguém que se queixa de alguma coisa que não nos interessa para nada. Pelo menos, a pessoa sente que foi ouvida e na melhor das hipóteses, é o suficiente para se sentir melhor.
Claro que aqui desconfiamos que o "ok" é uma armadilha. Até porque já vem seleccionado. Ou aceitamos o Ok sugerido ou pedimos ajuda. Notem que pedir ajuda não altera o facto, apenas nos ajuda a encarar a inevitabilidade do Ok, uma vez que não há um "Cancelar". É um pouco como terapia, depois de um divórcio.
Devo dizer que aquele "ajuda" me soa um bocadinho a cinismo. É como uma ex namorada que tive e que me partia coisas em casa - sem querer - e depois, quando eu estava a tentar juntar as peças e os fios das coisas, ela aproximava-se em bicos de pés e a espreitar de lado e perguntava-me se eu precisava de ajuda para as arranjar.
O que é fantástico no Windows é que há sempre opções escondidas e uma forma de fugir aos dilemas. Por exemplo, ali temos a cruz branca no rectângulo vermelho, no topo direito. Podemos simplesmente fechar a janela do erro e continuar com a nossa vida. Era tão bom que isto fosse assim no dia a dia.
Foi o que fiz e pareceu-me ouvir a motherboard do portátil a resmungar "damit john, não o apanhámos desta vez, eu disse-te que era melhor o pedaço de queijo na drive de CDs".
Até agora, tudo bem.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
poesia, um dos meus hobbits
sardinhas
as músicas românticas
lembravam-me miúda tal e tal
agora lembram-me de ti
Portugal
não é fácil
esquecer-te
é como ser abandonado
por uma rapariga bonita
com quem tínhamos
intimidade
e que um dia aparece
numa campanha
da intimissimi
em outdoors
por toda a cidade
estamos presos
os dois
num mau casamento
amo-te mas
não gosto de ti
gosto das tuas
sardinhas enlatadas
mas dormimos
em camas separadas
os moínhos de vento
a girar
moíam o trigo em farinha
e o Rui Moleiro
vendia a farinha
ao Chico Padeiro
que fazia o pão
que vendia na aldeia
e à noite
gastava todo o dinheiro
em vinho e macieira
no café do Jorge do Café
tanto trabalho
para nada
só para o Jorge do Café
correr o Chico Padeiro
à paulada
é preciso é saúde
vai-se andando
até amanhã
se Deus quiser
Yuck - Shook Down
as músicas românticas
lembravam-me miúda tal e tal
agora lembram-me de ti
Portugal
não é fácil
esquecer-te
é como ser abandonado
por uma rapariga bonita
com quem tínhamos
intimidade
e que um dia aparece
numa campanha
da intimissimi
em outdoors
por toda a cidade
estamos presos
os dois
num mau casamento
amo-te mas
não gosto de ti
gosto das tuas
sardinhas enlatadas
mas dormimos
em camas separadas
os moínhos de vento
a girar
moíam o trigo em farinha
e o Rui Moleiro
vendia a farinha
ao Chico Padeiro
que fazia o pão
que vendia na aldeia
e à noite
gastava todo o dinheiro
em vinho e macieira
no café do Jorge do Café
tanto trabalho
para nada
só para o Jorge do Café
correr o Chico Padeiro
à paulada
é preciso é saúde
vai-se andando
até amanhã
se Deus quiser
Yuck - Shook Down
preciso de ter isto @_@
A roupa ideal para ir almoçar ressacado ao MacDonalds!
Sabem se há uma regra secreta da parentalidade que implica arrebanhar dúzias de crianças ao fim de semana e soltá-las no MacDonalds? Um tipo sai da cama ao meio dia e arrasta a dor de cabeça e os olhos semi-cerrados ao Mac para um pequeno almoço nutritivo composto por 500ml de Coca-Cola e um bacon cheezburger, uma sopinha e café no copo de plástico e apanha com uma dose de Happy fucking screaming capaz de abater um cavalo.
Sabem se há uma regra secreta da parentalidade que implica arrebanhar dúzias de crianças ao fim de semana e soltá-las no MacDonalds? Um tipo sai da cama ao meio dia e arrasta a dor de cabeça e os olhos semi-cerrados ao Mac para um pequeno almoço nutritivo composto por 500ml de Coca-Cola e um bacon cheezburger, uma sopinha e café no copo de plástico e apanha com uma dose de Happy fucking screaming capaz de abater um cavalo.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
pretinhos e música
A comentadora Carla pergunta-me "porque disseste que o Smokey Robinson era pretinho?" Ora, porque é batota e injusto comparar negros com brancos em certos géneros de música, como a soul ou o hip-hop.
Os pretinhos são pobres, em geral, o que funciona como incentivo para se virarem para a dança e a cantoria, por vezes ambos, como o Michael Jackson. É concorrência desleal.
O melhor de um branco na soul é uma espécie de mediano de um pretinho. porque eles já nascem assim. A chorar aos 6 meses já o fazem numa escala pentatónica blues e em vez de chuchas dão-lhes harmónicas. Depois aperfeiçoam aquilo nas igrejas ou quando estão na apanha do algodão a ensaiar todos contentes.
Toda gente sabe que o Ben E. King compôs o "stand by me" para o Ray Charles, para ele cantar quando trabalhava na apanha do algodão. Cantava o "stand by me" aos outros pretinhos e estes ficavam ao pé dele, para o ajudarem a orientar-se e não ficar debaixo do tractor conduzido pelo patrão Billy Bob que não estava cá para brincadeiras. O James Brown por exemplo, compôs "Like a Sex Machine" numa entrevista de emprego numa quinta, em resposta à questão "how fast do you pick cotton?". É difícil concorrer com isto. Pensemos que os problemas que um branco tem ao longo da vida, dão origem, no máximo, ao Michael Buble.
Penso que nisto de certas categorias de música devia haver uma separação racial, tal como no desporto. Felizmente, em certas categorias dos jogos olímpicos ela já existe. Na final dos 100 metros em Pequim, não havia um único branco, por proibição do comité olímpico. Já era tempo de terminar com as humilhações constantes a que eram submetidos os espécimes arianos. Na música passa-se o mesmo. Pensemos todos no Vanilla Ice.
Digamos que na música, os pretinhos têm de vencer as mesmas dificuldades que as mulheres no mundo dos negócios e a selecção natural, séculos e séculos disso, acaba por resultar na máxima só os mais fortes sobrevivem. As mulheres só começaram a trabalhar em empresas há umas míseras décadas por isso os seus genes não reflectem adaptação, apenas inadaptação. É normal que neste momento ainda sejam inferiores e manifestem idiossincrasias femininas ineficientes, como empranhar ou ir chorar para a casa de banho quando estão com o TPM. Não estão a ver o Belmiro de Azevedo a cambalear grávido na Assembleia de Accionistas e a abanicar-se todo com o relatório e contas Sonae 2010 porque teve um acesso de calores, pois não?
- Bolas Sam Cooke, devia ir estudar Relações Internacionais. Este saco pesa uma tonelada.
- Hey, tive uma ideia James, para uma letra sobre as vantagens de estudar.
- Aquilo das Relações Internacionais era uma piada, à rasca já eu estou.
- Não pá, miúdas pá... Se calhar, se estudares, sacas mais gajas!
- Canta lá isso Sam...
- Don't know much about history... don't know much biology...
Os pretinhos são pobres, em geral, o que funciona como incentivo para se virarem para a dança e a cantoria, por vezes ambos, como o Michael Jackson. É concorrência desleal.
O melhor de um branco na soul é uma espécie de mediano de um pretinho. porque eles já nascem assim. A chorar aos 6 meses já o fazem numa escala pentatónica blues e em vez de chuchas dão-lhes harmónicas. Depois aperfeiçoam aquilo nas igrejas ou quando estão na apanha do algodão a ensaiar todos contentes.
Toda gente sabe que o Ben E. King compôs o "stand by me" para o Ray Charles, para ele cantar quando trabalhava na apanha do algodão. Cantava o "stand by me" aos outros pretinhos e estes ficavam ao pé dele, para o ajudarem a orientar-se e não ficar debaixo do tractor conduzido pelo patrão Billy Bob que não estava cá para brincadeiras. O James Brown por exemplo, compôs "Like a Sex Machine" numa entrevista de emprego numa quinta, em resposta à questão "how fast do you pick cotton?". É difícil concorrer com isto. Pensemos que os problemas que um branco tem ao longo da vida, dão origem, no máximo, ao Michael Buble.
Penso que nisto de certas categorias de música devia haver uma separação racial, tal como no desporto. Felizmente, em certas categorias dos jogos olímpicos ela já existe. Na final dos 100 metros em Pequim, não havia um único branco, por proibição do comité olímpico. Já era tempo de terminar com as humilhações constantes a que eram submetidos os espécimes arianos. Na música passa-se o mesmo. Pensemos todos no Vanilla Ice.
Digamos que na música, os pretinhos têm de vencer as mesmas dificuldades que as mulheres no mundo dos negócios e a selecção natural, séculos e séculos disso, acaba por resultar na máxima só os mais fortes sobrevivem. As mulheres só começaram a trabalhar em empresas há umas míseras décadas por isso os seus genes não reflectem adaptação, apenas inadaptação. É normal que neste momento ainda sejam inferiores e manifestem idiossincrasias femininas ineficientes, como empranhar ou ir chorar para a casa de banho quando estão com o TPM. Não estão a ver o Belmiro de Azevedo a cambalear grávido na Assembleia de Accionistas e a abanicar-se todo com o relatório e contas Sonae 2010 porque teve um acesso de calores, pois não?
- Bolas Sam Cooke, devia ir estudar Relações Internacionais. Este saco pesa uma tonelada.
- Hey, tive uma ideia James, para uma letra sobre as vantagens de estudar.
- Aquilo das Relações Internacionais era uma piada, à rasca já eu estou.
- Não pá, miúdas pá... Se calhar, se estudares, sacas mais gajas!
- Canta lá isso Sam...
- Don't know much about history... don't know much biology...
terça-feira, 12 de abril de 2011
oversinging da Amy Winehouse e o grande Steve Marriott
Nunca fui à bola com a maneira de cantar da Amy Winehouse. É uma grande cantora, uma grande voz, seria idiota não o reconhecer, até para mim, mas não gosto da forma de cantar, para mim é o oversinging, como no cinema ou no teatro existe o overacting. Exagera e torna-se cansativo, para o meu gosto simples. É como se cada música fosse o pretexto para a técnica Amy Winehouse. Lá vai ela whinehousemizar mais uma música penso eu, sempre a que a oiço. É certo que na música popular, o playground vocal de excelência é a soul, por onde anda Amy Winehouse. A soul partilha com o blues ou o jazz as raízes negras, o sentimento genuíno mas tem uma componente pop que os dois primeiros géneros não têm: é de massas e destina-se a fazer o ouvinte, uma pessoa simples e chateada com a vida, sentir-se espiritualmente emocionada, comovida ou levitada.
Uma voz estrondosa que descobri recentemente foi a de Steve Marriott, vocalista dos Small Faces na interpretação (muito boa) do clássico You Really Got A Hold on Me do pretinho Smokey Robison.
Aqui num programa na tv alemã a interpretar o What You Gona Do About It e o Sha la La La Lee em 1966. Que power O_o !! e gravado ao vivo.
Olhem só para os filhotes dos nazis a dançar o rock todos contentes :)
Uma voz estrondosa que descobri recentemente foi a de Steve Marriott, vocalista dos Small Faces na interpretação (muito boa) do clássico You Really Got A Hold on Me do pretinho Smokey Robison.
Aqui num programa na tv alemã a interpretar o What You Gona Do About It e o Sha la La La Lee em 1966. Que power O_o !! e gravado ao vivo.
Olhem só para os filhotes dos nazis a dançar o rock todos contentes :)
segunda-feira, 11 de abril de 2011
ela ouviu um rumor! Era apenas um rumor. O que é que ele fez a ela?
(tenho assim uma fantasia de passar música numa festa DJ Tolan mas em que o dress code fosse gótico: uma espécie de anti-festa de branco, sendo que teria alguns intervalos de luz, como para dar a elmo's song)
e ainda dizem que tenho pouca vida social (#3)
locomosquito_77: ai ai ai caramba! eheheheh cabrooon!
aguia77: muy bien! ay morrido rapidito aquele paneleiron.
BLAM BUM RATATATATA PAM PAM PAM KABUUUM
locomosquito_77: eh eh eh griingooo! When Loco Mosquito uses the knife you beter ruuun pendejo! Ruuun! Muahahaahah! I'll stab you and cut you like a pig! ahahahaha
aguia77: ahahahaha bien bien ele tentou matar-me, yo, con el espingardita pero tu lhe deste com el facalhon!
locomosquito_77: eh eh eh but they canot kill me gringo, ahahah I am Loco Mosquito bzzz bzzz and i is drunk *hic* cheers my friend!
aguia77: cheers! *arroto*
E ainda dizem que eu tenho pouca vida social... (#2)
degaulle82_FRA:AHH MERRRRDE! PUTAIN FILS DE PUTE! PUTAIN DE MERDE IL M'A TUE CE FILS TE PUTE je l'ai fiché plein the coups de balle dans la geule!!
fromagebleu82: ehh, calme toi Jean
degaulle82_FRA: CE FILS DE PUTE! PEDÉ DE MERDE VA TE FAIR ENCULER!
aguia77: ih ih ih
KABUUM BAM BAM BAM RATATATATATA PSSCHHHH KABUUUM
degaulle82_FRA: AAHHH NOOOON! FILS DE PUTE! PUTAIN DE MERDE! FILS DE PUTE VA TE FAIRE ENCULER FILS DE PUTE PEDÉ! C'EST PA POSSIBLE ÇÁ! UNE GRENADE EN PLEIN DANS LA GEULE ET IL N'EST PA MORT!! NOOOON!
*som de comando ps3 a bater vigorosamente numa superfície sólida*
fromagebleu82: enfin Jean, ehh... calme toi un peu dis donc...c'est seulement un jeu....
aguia77: ih ih ih
E ainda dizem que eu tenho pouca vida social... (#1)
Alguns instantâneos de diálogos no Battlefield online:
panzekiller_ger: oh schzit he killed me... he is hidding in tze tower, behind you
aguia77(eu): yeah I got him on the scope... there, sniped him
panzekiller_ger: nice shot aquila, thzese guyz arre good ya
aguia77: yeah.
*TRRATATATATA PSCCHHSSSSSHH KABBBUUUM*
panzekiller_ger: thzat guy, thze medic, he killed me tzwice with tza knife
aguia77: he is just a camper noob, throw some grenades before you go in *arrroto*
panzekiller_ger: look out! behind you! in dze threes!
aguia77: where?! oh fuck! he got me!
panzekiller_ger: I'll burrn him with dza flame thrower.... . burn motzher fucker buuuurn ahahaha
aguia77: yeahhh! look at him burning
*PUM PUM BAM BAM BAM ARGHH KABUM*
panzekiller_ger: oh fack, I gota go
aguia77: but were have to conquer two more comunication stations
panzekiller_ger: my girlfrriend... she wants me to go walk tze dog with her
aguia77: oh... but its just 5 more minutes before the game ends
panzekiller_ger: ya, I know...
(som de discussão em alemão, voz feminina agastada)
panzekiller_ger: sorry aquila, i got tzo go know... she wants me to walk tze dog with her
aguia77: ok, ok, I know girlfiends... go go...
panzekiller_ger: ya... be back in 20 minutes
aguia77: ok
panzekiller_ger: oh schzit he killed me... he is hidding in tze tower, behind you
aguia77(eu): yeah I got him on the scope... there, sniped him
panzekiller_ger: nice shot aquila, thzese guyz arre good ya
aguia77: yeah.
*TRRATATATATA PSCCHHSSSSSHH KABBBUUUM*
panzekiller_ger: thzat guy, thze medic, he killed me tzwice with tza knife
aguia77: he is just a camper noob, throw some grenades before you go in *arrroto*
panzekiller_ger: look out! behind you! in dze threes!
aguia77: where?! oh fuck! he got me!
panzekiller_ger: I'll burrn him with dza flame thrower.... . burn motzher fucker buuuurn ahahaha
aguia77: yeahhh! look at him burning
*PUM PUM BAM BAM BAM ARGHH KABUM*
panzekiller_ger: oh fack, I gota go
aguia77: but were have to conquer two more comunication stations
panzekiller_ger: my girlfrriend... she wants me to go walk tze dog with her
aguia77: oh... but its just 5 more minutes before the game ends
panzekiller_ger: ya, I know...
(som de discussão em alemão, voz feminina agastada)
panzekiller_ger: sorry aquila, i got tzo go know... she wants me to walk tze dog with her
aguia77: ok, ok, I know girlfiends... go go...
panzekiller_ger: ya... be back in 20 minutes
aguia77: ok
PSD apresenta lista de nomes
Depois de revelar que Fernando Nobre vai ser cabeça de lista do PSD por Lisboa e proposto para presidente da Assembleia da República, Pedro Passos Coelho irá revelar nas próximas semanas mais nomes e respectivos cargos, mantendo a coerência da opção Fernando Nobre para presidente da AR. Em primeira mão, a lista:
Presidente do Turismo de Portugal - Paulo Futre
Secretário Geral da Saúde e Planeamento Familiar - Keith Richards
Governador do Banco de Portugal - João Valle e Azevedo
Secretário de Estado da Cultura - Pedro Santana Lopes
Presidente da Comissão de Candidatura ao Mundial de Futebol de 2022 - Vasco Pulido Valente
Ministério da Educação: Isabel Alçada
Ministério da Administração Interna - Elmo
Presidente do Turismo de Portugal - Paulo Futre
Secretário Geral da Saúde e Planeamento Familiar - Keith Richards
Governador do Banco de Portugal - João Valle e Azevedo
Secretário de Estado da Cultura - Pedro Santana Lopes
Presidente da Comissão de Candidatura ao Mundial de Futebol de 2022 - Vasco Pulido Valente
Ministério da Educação: Isabel Alçada
domingo, 10 de abril de 2011
sábado, 9 de abril de 2011
Jesus em criança
Li o Jesus de Nazaré de Bento XVI (foi uma prenda de um amigo do Opus Dei, tinha de o ler sob pena de arder no inferno) e agora saiu a 2ª parte, que é sobre a infância de Jesus.É fácil antecipar o teor do texto.
Enquanto comiam o lanche no pátio do jardim escola, todos se lamentavam de terem acabado os pacotinhos de Bongo. E Inês, que gostava de Jesus, lhe disse :
- Eles não têm mais Bongos!
Estavam ali os pacotinhos de Bongo vazios, nas mãos dos coleguinhas.
Jesus disse:
- Enchei de água os pacotinhos de Bongo. E eles os encheram totalmente no chafariz do pátio, o que não foi uma operação fácil.
Então, lhes determinou: Provai agora os pacotinhos. Eles o fizeram e gritaram todos em uníssono:
- Aleluía! Bongos!
Jesus ficou feliz e tirou o seu Bolicao da lancheira. Inês estava orgulhosa e só queria estar sentada ao pé dele. Os outros meninos não tinham mais Bolicaos e ficaram tristes.
Então Jesus tomou o Bolicao e, abençoando-o, o partiu e o deu aos coleguinhas, dizendo:
- Tomai, comei; isto traz Gormitis para todos. E tomando o seu Bongo que era infinito, rendeu graças e deu-lhos, dizendo: Bebei dele todos; pois isto é o meu Bongo, o bom sabor da selva, o qual é derramado por muitos frutos para remissão dos trabalhos de casa por fazer!
E comeram todos os Bolicaos e recolheram os Gormitis aos bolsos das suas pequenas túnicas. Jesus, vendo que todos estavam contentes disse:
- Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come o Bolicao, há de trair-me!
No baloiço, sozinho, Judas, limpando o chocolate do Bolicao de sua boca com a manga da túnica, torcia-se de ciúmes de Jesus e Inês.
Enquanto comiam o lanche no pátio do jardim escola, todos se lamentavam de terem acabado os pacotinhos de Bongo. E Inês, que gostava de Jesus, lhe disse :
- Eles não têm mais Bongos!
Estavam ali os pacotinhos de Bongo vazios, nas mãos dos coleguinhas.
Jesus disse:
- Enchei de água os pacotinhos de Bongo. E eles os encheram totalmente no chafariz do pátio, o que não foi uma operação fácil.
Então, lhes determinou: Provai agora os pacotinhos. Eles o fizeram e gritaram todos em uníssono:
- Aleluía! Bongos!
Jesus ficou feliz e tirou o seu Bolicao da lancheira. Inês estava orgulhosa e só queria estar sentada ao pé dele. Os outros meninos não tinham mais Bolicaos e ficaram tristes.
Então Jesus tomou o Bolicao e, abençoando-o, o partiu e o deu aos coleguinhas, dizendo:
- Tomai, comei; isto traz Gormitis para todos. E tomando o seu Bongo que era infinito, rendeu graças e deu-lhos, dizendo: Bebei dele todos; pois isto é o meu Bongo, o bom sabor da selva, o qual é derramado por muitos frutos para remissão dos trabalhos de casa por fazer!
E comeram todos os Bolicaos e recolheram os Gormitis aos bolsos das suas pequenas túnicas. Jesus, vendo que todos estavam contentes disse:
- Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come o Bolicao, há de trair-me!
No baloiço, sozinho, Judas, limpando o chocolate do Bolicao de sua boca com a manga da túnica, torcia-se de ciúmes de Jesus e Inês.
José Socrates Fashion Remix by Tolan
enjoy!
(umas preciosas horas do meu sábado, é bom que enjoyem isto)
(umas preciosas horas do meu sábado, é bom que enjoyem isto)
sexta-feira, 8 de abril de 2011
harry clarke
Harry Clarke (Dublin, 7 de março de 1889 — 1931) foi vitralista e ilustrador. Ilustrou os contos de Edgar Alan Poe. Aqui algumas imagens que podem ser ouvidas ao som disto (que estava a ouvir quando as vi e parece-me que o efeito é bom).
True Widow - Blooden Horse
(como diria o JPP, 'clique na imagem para se ver maior')
True Widow - Blooden Horse
(como diria o JPP, 'clique na imagem para se ver maior')
bom dia :) lol
quinta-feira, 7 de abril de 2011
elogio do dia: Miguel Esteves Cardoso
Eu antes não gostava de ler o Miguel Esteves Cardoso. Lembro-me de ler um e-mail, desses de correntes, com um texto hiper lamechas sobre o amor e não acreditei que fosse dele (não queria acreditar). Depois pesquisei e confirmei que era mesmo dele. Isto foi em 2000 e pouco. Esse texto marcou-me um estereótipo parcial. Isso e a participação naquele programa da SIC, a noite da má língua, em que partilhava uma mesa com o Manuel Serrão. Achava o seu estilo pouco incisivo, softy, um pouco fácil e mesmo mainstream. Tudo isto é verdade, mas com o tempo, passei a achá-lo um génio, porque fui construindo uma imagem maior a pouco e pouco.
O MEC tem uma característica semelhante ao Eça, uma espécie de "goodwill" luminosa e inteligente, uma ironia blindada, uma simplicidade aparente, mas meticulosa. Tem um domínioelegante da escrita e coloca-a ao serviço de uma escolha de temas que é caótica e inesperada, resultando amiúde em coisas boas para um triturador de papel e noutras de génio. Os textos do "Com os Copos", por exemplo, são absurdamente bons, tendo em conta o tema que versam.
O estilo MEC pode ter sido dos mais influentes do Portugal "moderno", por entusiasmar com a sua aparente simplicidade pop que todos queremos copiar. O homem se fosse médico, até a passar receitas teria arte e estilo. Gosto muito do MEC.
(pronto, já me sinto melhor, dizer bem faz bem)
O MEC tem uma característica semelhante ao Eça, uma espécie de "goodwill" luminosa e inteligente, uma ironia blindada, uma simplicidade aparente, mas meticulosa. Tem um domínioelegante da escrita e coloca-a ao serviço de uma escolha de temas que é caótica e inesperada, resultando amiúde em coisas boas para um triturador de papel e noutras de génio. Os textos do "Com os Copos", por exemplo, são absurdamente bons, tendo em conta o tema que versam.
O estilo MEC pode ter sido dos mais influentes do Portugal "moderno", por entusiasmar com a sua aparente simplicidade pop que todos queremos copiar. O homem se fosse médico, até a passar receitas teria arte e estilo. Gosto muito do MEC.
(pronto, já me sinto melhor, dizer bem faz bem)
apagadinho
apaguei o post anterior, reflecti melhor, a minha função na vida não é essa, é outra, é outra! Vocês não são crianças, boa sorte a todos é o que posso dizer.
Hoje vou ver o Benfica PSV em casa, beber umas cervejolas e comer um hamburguer com puré e ervilhas.
Hoje vou ver o Benfica PSV em casa, beber umas cervejolas e comer um hamburguer com puré e ervilhas.
o FMI explicado às crianças e ao Paulo Futre
Era uma vez, um bicho muito mau chamado FMI. Tinha orelhas ponteagudas e olhos esbugalhados e dentes afiados! Vivia numa caverna recheada de tesouros dourados onde ninguém podia entrar a não ser o judeu que vinha fazer a contabilidade e uma mulher a dias, uma vez por semana.
O FMI passava as suas tardes a mordiscar moedas de ouro, para ver se era verdadeiro o seu tesouro. Se descobrisse uma moeda falsa, largava as suas duas bestas aladas, o Fitch e o Moody, para aniquilar o incauto que se atrevera a... o.... enganar.
Na aldeia do vale que ficava perto da caverna do FMI, as pessoas viviam com muito medo! 'Cruz credo', diziam, sempre que ouviam, os guinchos dilacerantes do Fitch e do Moody a rasgar o ar frio da noite. Tinham tanto medo que evitavam dizer que o FMI os vinha matar... diziam que os vinha ajudar. A ajuda não vinha logo. O Fitch e o Moody marcam a vítima com um BBB- na testa, como sucedeu ao Fernando do Talho e ao Manuel Sapateiro, que Deus os guarde. Todos sabem que aqueles vão ser ajudados, sussurram-no entre dentes, todos trementes, em conversas angustiadas e apressadas.
Quando se anda com um BBB- marcado a fogo na testa, é-se um morto vivo, não fazem ideia, é o pânico na aldeia! As portadas das janelas fecham-se, as crianças escondem-se, as senhoras benzem-se, o Padre faz soar os sinos e sentimo-nos pequeninos!
Esta noite é o José Engenheiro que dá voltas e voltas na cama, com o seu barrete de dormir e o seu pijama com coelhinhos a sorrir.
Quando foi lavar os dentinhos e perguntou se ficava melhor assim ou assim ao seu espelho, reparou na marca! Um C! Um C na testa! Ia ser ajudado! Em pânico ficou e muito ralhou! Lamentou ter pago um resgate com moedinhas de chocolate. O FMI ficou estado de choque, até lhe deu um amoque, quando descobriu que o seu rico dinheirinho, era afinal chocolatinho! Ainda por cima do espanhol, sem cacau, muito, muito mau.
É uma noite de lua vermelha, o FMI desce à aldeia, com os seus olhos esbugalhados, os seus pés espalmados, as suas orelhas ponteagudas e as suas mãos ossudas, pronto a ajudar, a ajudar... ele quer apenas ajudar... MuaaAHAHAHAHAHAHA!
Tenha uma boa noite. Se conseguir.
O FMI passava as suas tardes a mordiscar moedas de ouro, para ver se era verdadeiro o seu tesouro. Se descobrisse uma moeda falsa, largava as suas duas bestas aladas, o Fitch e o Moody, para aniquilar o incauto que se atrevera a... o.... enganar.
Na aldeia do vale que ficava perto da caverna do FMI, as pessoas viviam com muito medo! 'Cruz credo', diziam, sempre que ouviam, os guinchos dilacerantes do Fitch e do Moody a rasgar o ar frio da noite. Tinham tanto medo que evitavam dizer que o FMI os vinha matar... diziam que os vinha ajudar. A ajuda não vinha logo. O Fitch e o Moody marcam a vítima com um BBB- na testa, como sucedeu ao Fernando do Talho e ao Manuel Sapateiro, que Deus os guarde. Todos sabem que aqueles vão ser ajudados, sussurram-no entre dentes, todos trementes, em conversas angustiadas e apressadas.
Quando se anda com um BBB- marcado a fogo na testa, é-se um morto vivo, não fazem ideia, é o pânico na aldeia! As portadas das janelas fecham-se, as crianças escondem-se, as senhoras benzem-se, o Padre faz soar os sinos e sentimo-nos pequeninos!
Esta noite é o José Engenheiro que dá voltas e voltas na cama, com o seu barrete de dormir e o seu pijama com coelhinhos a sorrir.
Quando foi lavar os dentinhos e perguntou se ficava melhor assim ou assim ao seu espelho, reparou na marca! Um C! Um C na testa! Ia ser ajudado! Em pânico ficou e muito ralhou! Lamentou ter pago um resgate com moedinhas de chocolate. O FMI ficou estado de choque, até lhe deu um amoque, quando descobriu que o seu rico dinheirinho, era afinal chocolatinho! Ainda por cima do espanhol, sem cacau, muito, muito mau.
É uma noite de lua vermelha, o FMI desce à aldeia, com os seus olhos esbugalhados, os seus pés espalmados, as suas orelhas ponteagudas e as suas mãos ossudas, pronto a ajudar, a ajudar... ele quer apenas ajudar... MuaaAHAHAHAHAHAHA!
Tenha uma boa noite. Se conseguir.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Com os Copos
Ando a ler com deleite o "Com os Copos" do Miguel Esteves Cardoso, uma colecção de crónicas - excelentes - sobre bebidas. Já passei em tempos uma fase de cocktails caseiros. Tinha uma namorada que ficava mais namoradeira quando estava com os copos, mas não gostava de beber vinho ou cerveja. Então investi bastante nessa arte, construindo uma garrafeira das mais diversas bebidas destiladas, sumos e refrigerantes, vinhos generosos e licores, enfim, todo um arsenal digno de um pequeno bar. Guiava-me por um livro de receitas de cocktails bastante completo (com que ela ficou, quando nos separámos). Ela gostava particularmente das minhas margeritas, Manhatans e bloody marys. Em boa verdade, abandonei esse hobby uma vez que apanhávamos os dois valentes bebedeiras pouco saudáveis e o ser namoradeira era-me inútil, pois era frequente eu adormecer imediatamente assim que aterrava na cama, para não falar na performance que era prejudicada.
Esse livro era apenas de receitas, não chegava aos calcanhares deste "Com os Copos" do Miguel Esteves Cardoso que compensa o número limitado de bebidas com o seu apuramento, degustação, enquadramento, histórias pessoais, enfim, toda uma mística que ensina realmente a escolher, comprar e apreciar a bebida (e a água, a fruta, o gelo, o copo, a própria luz).
Tem até uma belíssima crónica sobre escrita e substâncias como o alcool, nicotina, cocaína, heroína, anfetaminas etc.
As bebidas destiladas são mais agressivas. O Bukowski, um expert na matéria, dizia que um homem pode beber vinho e cerveja toda a vida, mas o whisky morde e, em minha opinião, tem razão. Além disso, com os cocktails, o efeito do álcool é rápido e potente. Em 30 minutos podemos ter já um cabeção que torna inútil qualquer tentativa de escrita e que no dia seguinte dá uma valente ressaca.
A cerveja e o vinho permitem um consumo prolongado durante horas, sem causar particular alteração psíquica. O meu normal diário / nocturno são 5 ou 6 cervejas ou 1 de vinho,com intervalos de uma noite (horrível) em que não toco em nada. Sempre gostei de beber um copito ou dois.
A ligação com a actividade de escrever é aquela de que fala o Miguel Esteves Cardoso. A bebida pode actuar como um desinibidor (até um certo ponto, claro) e na escrita também é necessária uma desinibição, embora não seja por isso que a consumo. Não existe um carácter instrumental nisso. Quando tenho tempo escrevo de manhã ou durante o dia, e não bebo, e as coisas até podem sair bem. E sem dúvida que em excesso prejudica. Por exemplo, para escrever bem, o meu limite são 4 cervejas. Nem é muito. A partir daí a qualidade decai porque perco concentração.
Preciso apenas de ter um copo por perto quando é noite. Também faço coisas saudáveis e evito doces por exemplo.
É assim tãaaaaaaao difícil para taaaaaanta gente apreciar música electrónica e não a colocar toooooooooda no mesmo saco? :\
Twin Shadow - Savannah Howl (Hard Mix Remix)
terça-feira, 5 de abril de 2011
o que querem eles?
Eu sou de esquerda e tal, sim, mas confesso que continuo sem compreender as greves dos maquinistas do Metro e da CP. O que querem eles?
Um maquinista do Metro ganha pelo menos 2500€, contratos efectivos e têm um grande leque de regalias. 2500€! Porque é que eu estudei? Na CP o cenário é semelhante. Ambas as empresas são profundamente deficitárias, o que leva a crer que os salários que recebem estão desajustados à realidade económica do país - salário médio a rondar os 750€.
Anualmente, revelam prejuízos astronómicos. Os da CP andam pelos 200 milhões de euros e o Metro de Lisboa pelos 125 milhões. Um buraco financiado pelos impostos dos outros portugueses. É certo que ambas as empresas cumprem um serviço público também e não me choca que dêem prejuízo. O que me preocupa são prejuízos tão elevados combinados com salários tão elevados numa profissão que, tecnicamente, não me parece justificar esses valores.
Nas greves, defendem apenas o seu interesse particular, o seu privilégio assimétrico na sociedade, conquistado porque as suas greves - como as do sector dos transportes em geral - têm um efeito de bloquear a actividade de outros sectores. Os desempregados e precários são precisamente os que menos poder negocial têm, como podem "negociar"? Fazer greve e serem despedidos no dia seguinte? Fazer greve aos tenebrosos Centros de Emprego, onde são tratados como lixo humano?
Portanto, se eu percebi bem, todos temos os salários reduzidos, menos eles. Eles não querem e é isso que defendem, apesar de trabalharem em empresas que dão prejuízos astronómicos e que são financiadas por dinheiros públicos.
Seria interessante ver um Governo com a coragem que o governo espanhol teve ao lidar com a greve dos controladores aéreos.
São estas coisas que me causam graves problemas existenciais quando penso na esquerda vs direita e assim. Gostava de evitar esses problemas, obrigado. Não me obriguem a linkar para artigos do Sol. Aqui este artigo diz que alguns maquinistas ganham 50 mil euros por ano.
Um maquinista do Metro ganha pelo menos 2500€, contratos efectivos e têm um grande leque de regalias. 2500€! Porque é que eu estudei? Na CP o cenário é semelhante. Ambas as empresas são profundamente deficitárias, o que leva a crer que os salários que recebem estão desajustados à realidade económica do país - salário médio a rondar os 750€.
Anualmente, revelam prejuízos astronómicos. Os da CP andam pelos 200 milhões de euros e o Metro de Lisboa pelos 125 milhões. Um buraco financiado pelos impostos dos outros portugueses. É certo que ambas as empresas cumprem um serviço público também e não me choca que dêem prejuízo. O que me preocupa são prejuízos tão elevados combinados com salários tão elevados numa profissão que, tecnicamente, não me parece justificar esses valores.
Nas greves, defendem apenas o seu interesse particular, o seu privilégio assimétrico na sociedade, conquistado porque as suas greves - como as do sector dos transportes em geral - têm um efeito de bloquear a actividade de outros sectores. Os desempregados e precários são precisamente os que menos poder negocial têm, como podem "negociar"? Fazer greve e serem despedidos no dia seguinte? Fazer greve aos tenebrosos Centros de Emprego, onde são tratados como lixo humano?
Portanto, se eu percebi bem, todos temos os salários reduzidos, menos eles. Eles não querem e é isso que defendem, apesar de trabalharem em empresas que dão prejuízos astronómicos e que são financiadas por dinheiros públicos.
Seria interessante ver um Governo com a coragem que o governo espanhol teve ao lidar com a greve dos controladores aéreos.
São estas coisas que me causam graves problemas existenciais quando penso na esquerda vs direita e assim. Gostava de evitar esses problemas, obrigado. Não me obriguem a linkar para artigos do Sol. Aqui este artigo diz que alguns maquinistas ganham 50 mil euros por ano.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Aníbal Cavaco e Maria Silva, descritos por Raymond Carver
Aníbal serviu-se de sumo natural de beterraba na cozinha. Encheu o copo do Noddy quase até a cima e depois despejou-lhe gelo. Tinha de o fazer às escuras, raramente acendiam luzes em casa, apenas o faziam quando necessário. Conheciam todos os recantos da casa, conheciam os rostos um do outro e a luz era um luxo moderno que podiam dispensar.
Na sala de estar a Rádio Renascença a passava a missa da noite. A voz de Maria sobrepunha-se-lhe, numa ladaínha de rezas, um gemido débil e contínuo. Bebeu metade do sumo de um trago. O sabor acre da beterraba fê-lo estremecer e arrotou.
- Não dês arrotos Aníbal – ouviu a voz de Maria
- Desculpa Maria. O bacalhau à braz… não me caiu muito bem.
Aníbal gostava de deixar a esposa só enquanto rezava, considerava-o um momento íntimo. Em troca, pedia a Maria que se deslocasse para uma ponta da casa quando ele utilizava a casa de banho, devido aos ruídos escatológicos que não conseguia evitar.
A ladaínha terminou e Aníbal benzeu-se com sinceridade, piscando os olhos na escuridão.
- Vem para a sala, está a começar o Portugal Tem Talento.
Aníbal apertou o cordão do velho roupão coçado e, arrastando os chinelos, entrou na sala. O rosto de Maria apareceu-lhe banhado pela luz azul do televisor, a boca num esgar vagamente semelhante a um sorriso e as sobrancelhas arqueadas de forma irreal, como se tivesse uma máscara posta. O televisor era um velho Grundig de 1990, um fiel aparelho que lhes fora oferecido por George H.W.Bush em troca da utilização da Base das Lajes para a Guerra do Golfo.
- Dá um jeito à antena.
Aníbal já conhecia a rotina, arrastava os chinelos até ao aperelho, dava-lhe duas pancadinhas do lado direito, torcia um pouco o fio da antena, tudo enquanto Maria aplicava uma oração especial. A imagem melhorava sempre.
Ficaram sentados no velho sofá, com uma manta nos joelhos, a observar e avaliar o talento que Portugal tinha. Aníbal ia sorvendo pequenos golos do sumo de beterraba, tentando esquecer o dia.
De vez em quando ouviam um ruído na rua, uma voz mais elevada, uma buzina, um riso e nesses momentos Maria deixava de sorrir, baixava o som da televisão e punha-se à escuta, contraindo os maxilares em tensão. Aníbal fingia por-se à escuta também, mas a verdade é que era duro de ouvido e não conseguia distinguir os sons, nem a sua origem. Piscava os olhos muito rapidamente, em empatia com a preocupação de Maria. No intervalo da publicidade, levantou-se e dirigiu-se à cozinha, endireitando o retrato de Oliveira Salazar.
- Onde vais? – sibilou Maria. A voz dela soou-lhe ameaçadora e fria.
- Vou só à cozinha buscar mais sumo.
- Metes-me nojo! Nojo ouviste? Podias tê-lo humilhado Aníbal! Humilhado! Aquele traste agora é um mártir! Um mártir Aníbal! Nós que perdemos as poupanças todas no BPN Aníbal! As nossas poupanças do tempo de professores Aníbal! E aquele traste é um mártir! Metes-me nojo!
Lágrimas escorriam nos sulcos das rugas de Maria, arrastando uma espessa camada de rímel. Aníbal deixou-se cair fulminado, de joelhos no chão da sala. Levou as mãos à cabeça e deixou-se ficar assim muito tempo, até ouvir os passos de Maria em direcção ao quarto e a porta a bater.
Levantou-se a custo. Foi para o escritório, ligou o computador, um velho Schneider Euro PC que lhe fora oferecido por Jacques Delors numa cimeira europeia.
Ganhara o vício da Página da Presidência e estava sempre a actualizá-la com fofocas e pedidos de demissão, a ver os comentários e a adicionar amigos. Depois de recusar pela vigésima vez consecutiva o pedido de amizade de Obama e fazer unfriend ao Kadhafi, bebeu mais um pouco de sumo de beterraba .
Começou a chover e sentiu-se vazio, vazio como uma caverna escura, habitada por peixes escuros no fundo do mar.
Na sala de estar a Rádio Renascença a passava a missa da noite. A voz de Maria sobrepunha-se-lhe, numa ladaínha de rezas, um gemido débil e contínuo. Bebeu metade do sumo de um trago. O sabor acre da beterraba fê-lo estremecer e arrotou.
- Não dês arrotos Aníbal – ouviu a voz de Maria
- Desculpa Maria. O bacalhau à braz… não me caiu muito bem.
Aníbal gostava de deixar a esposa só enquanto rezava, considerava-o um momento íntimo. Em troca, pedia a Maria que se deslocasse para uma ponta da casa quando ele utilizava a casa de banho, devido aos ruídos escatológicos que não conseguia evitar.
A ladaínha terminou e Aníbal benzeu-se com sinceridade, piscando os olhos na escuridão.
- Vem para a sala, está a começar o Portugal Tem Talento.
Aníbal apertou o cordão do velho roupão coçado e, arrastando os chinelos, entrou na sala. O rosto de Maria apareceu-lhe banhado pela luz azul do televisor, a boca num esgar vagamente semelhante a um sorriso e as sobrancelhas arqueadas de forma irreal, como se tivesse uma máscara posta. O televisor era um velho Grundig de 1990, um fiel aparelho que lhes fora oferecido por George H.W.Bush em troca da utilização da Base das Lajes para a Guerra do Golfo.
- Dá um jeito à antena.
Aníbal já conhecia a rotina, arrastava os chinelos até ao aperelho, dava-lhe duas pancadinhas do lado direito, torcia um pouco o fio da antena, tudo enquanto Maria aplicava uma oração especial. A imagem melhorava sempre.
Ficaram sentados no velho sofá, com uma manta nos joelhos, a observar e avaliar o talento que Portugal tinha. Aníbal ia sorvendo pequenos golos do sumo de beterraba, tentando esquecer o dia.
De vez em quando ouviam um ruído na rua, uma voz mais elevada, uma buzina, um riso e nesses momentos Maria deixava de sorrir, baixava o som da televisão e punha-se à escuta, contraindo os maxilares em tensão. Aníbal fingia por-se à escuta também, mas a verdade é que era duro de ouvido e não conseguia distinguir os sons, nem a sua origem. Piscava os olhos muito rapidamente, em empatia com a preocupação de Maria. No intervalo da publicidade, levantou-se e dirigiu-se à cozinha, endireitando o retrato de Oliveira Salazar.
- Onde vais? – sibilou Maria. A voz dela soou-lhe ameaçadora e fria.
- Vou só à cozinha buscar mais sumo.
- Metes-me nojo! Nojo ouviste? Podias tê-lo humilhado Aníbal! Humilhado! Aquele traste agora é um mártir! Um mártir Aníbal! Nós que perdemos as poupanças todas no BPN Aníbal! As nossas poupanças do tempo de professores Aníbal! E aquele traste é um mártir! Metes-me nojo!
Lágrimas escorriam nos sulcos das rugas de Maria, arrastando uma espessa camada de rímel. Aníbal deixou-se cair fulminado, de joelhos no chão da sala. Levou as mãos à cabeça e deixou-se ficar assim muito tempo, até ouvir os passos de Maria em direcção ao quarto e a porta a bater.
Levantou-se a custo. Foi para o escritório, ligou o computador, um velho Schneider Euro PC que lhe fora oferecido por Jacques Delors numa cimeira europeia.
Ganhara o vício da Página da Presidência e estava sempre a actualizá-la com fofocas e pedidos de demissão, a ver os comentários e a adicionar amigos. Depois de recusar pela vigésima vez consecutiva o pedido de amizade de Obama e fazer unfriend ao Kadhafi, bebeu mais um pouco de sumo de beterraba .
Começou a chover e sentiu-se vazio, vazio como uma caverna escura, habitada por peixes escuros no fundo do mar.
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