quinta-feira, 30 de setembro de 2010

não deve ser difícil ser pai em 2010

A programação dos miúdos tem sempre... err... motivos de interesse para um homem. Refiro-me obviamente à voz do Elmo. A voz do Elmo dá-me cócegas e faz-me rir.

(parece que muitas Mães de Bragança americanas se indignaram com esta participação da Katy Perry na Rua Sésamo. O que diriam da Ana Malhoa no Super Buereré...)

medicina alternativa


Estou com dores de garganta.

Tema político nº5: A aprovação do orçamento de estado

A aprovação do orçamento de estado provoca muita instabilidade política. Alguma discussão democrática é saudável, mas tanta instabilidade não é positiva. Em Espanha há discussão mas não há tanta instabilidade. Uma prioridade do governo deveria ser fazer um orçamento de estado que fosse aprovado por todos e consensual, para não criar mais instabilidade. Deviam pedir ao meu empreiteiro, o António, para fazer o orçamento. Eu nunca discuto com ele o orçamento. Por um lado, não percebo a letra dele e por outro, diz-me sempre que estou a ter um desconto de 20%. Não sei quem está a fazer o orçamento de estado para este governo, mas se está a causar tanta polémica, é porque se calhar carregou um bocado nos materiais ou na mão de obra. Reúnam-se todos numa sala, o Primeiro Ministro, os líderes da oposição, o Presidente da República e o António, com a sua máquina de calcular, bloco de notas e esferográfica. O António soma as parcelas e aplica o desconto. O António é de confiança, mas às vezes é boa ideia pedir um orçamento a outro empreiteiro e dizer quanto é que o primeiro oferece. Se fizermos isto muitas vezes, tipo ping pong, o preço tenderá para um valor finito de acordo com o teorema de Cauchy. Cuidado com os brasileiros. O António avisou-me dos perigos dos empreiteiros brasileiros, muito baratos, que abandonam obras a meio depois de receberem a primeira metade. Não queremos cá o FMI.

podia ser eu

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Acham possível a amizade entre um homem e uma mulher?

Acho tão lógico ter uma amiga como andar por aí com minis frescas numa geleira e não as beber. Mas se calhar as pessoas pensam de maneira diferente, já ouvi rumores que sim.

mulher do hemingway

Definitivamente, o Hemingway tem um problema a escrever mulheres por quem o protagonista se apaixona. Depois da enfermeira insuflável do Farewell to Arms, agora no For Whom The Bell Tolls temos a coelhinha farrusca espanhola. A Maria é exactamente como a enfermeira do Farewell to Arms, jovem, bonita e comporta-se como uma criança com um ligeiro atraso mental. Ambas têm um passado traumático. A enfermeira tivera o noivo despedaçado por uma bomba. Esta aqui, foi violada.

Podia-se fazer um quizz no facebook: Que mulher do Hemingway és tu?
Fui violada pelos fascistas
Perdi o noivo na guerra
Casei com Pinto da Cosa
Fiz depilação nas virilhas
Fui confundida com uma prostituta enquanto esperava uma amiga

plano de evasão - bioy de casares

Enquanto aguardava a refeição, tentando abstrair-me dos bancários monocromáticos na mesa do lado, fui lendo o Plano de Evasão do Bioy de Casares, um livro penoso de ler por ser habilmente confuso. Terminei no café. Sou forçado a reler 2 vezes a última página, tentando decifrar a narrativa fragmentada. Sinto que sou estúpido. É um estilo que me agrada pouco, mais extremo neste que nos outros do mesmo autor. Antes de dormir gosto de ler um pouco de Hemingway. Herói americano na guerra civil espanhola. Uma morena chamada Maria que nunca beijou nenhum homem. Explosivos, ponte, destruir, dormir.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

até os militares têm um termo para isto

Dear John" Letter: A letter from a girlfriend, informing a Service Man that "it's all over; I'm dating another guy." - Military jargon, lingo and slang

joy division win

algumas mulheres...

...têm de ser quebradas e domesticadas. Depois ficam dóceis e fiéis. Uma coisa que me fazia confusão antes era a transformação súbita. Onde está a que corria destravada pela planície? De repente, tudo aquilo que antes era força, independência e vontade própria, parecia colapsar num ser querido, amoroso e previsível. Mas é tudo ilusão. O cavalo ainda lá está, tenso, à espera de um trovão para disparar. É fácil perder um cavalo numa noite de trovoada. E é uma coisa que me chateia.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

dão um nome a tudo no mundo real :(

Dissociação: Permite a uma pessoa evitar as sensações actuais.
Causa uma experiência temporária, mas drástica, de sentimento de separação de si próprio, de não existência ou de estar num mundo irreal; pode provocar um estado de fantasia (fuga ou transe); pode resultar numa procura de estímulos ou num comportamento autodestrutivo.

www.manualmerck.net

sábado, 25 de setembro de 2010

maus filmes de terror


Quando estou sozinho em casa gosto de ver filmes de terror. O meo tem uma vasta escolha de títulos de que nunca ouvi falar. Têm títulos traduzidos tão sugestivos e originais como "Valentim Sangrento", "Está vivo", "A semente de Chucky 2" (pensei primeiro que este fosse um porno mal classificado), "Morte sangrenta", "Casa Mortuária", "Valentim Mortuário", "Natal Fatal", "Natal Sangrento na Casa Mortuária", "Fatal Paranormal" etc.

Os mais ou menos conhecidos já os vi todos, pelo que só me resta mesmo o vasto espólio de maus filmes. Os filmes de terror têm o lado positivo de poderem ser maus e mesmo assim bons, como os filmes porno. Já desisti de tentar escolher pelos trailers. Primeiro, porque têm o efeito de dissuadir de visionar o referido filme. Segundo, porque são normalmente spoilers completos, provavelmente feitos para causarem interesse em alguém que só vai ver o filme dali por uma semana e não no momento a seguir. É vulgar no "Está vivo" vermos logo no trailer que aquilo está vivo. Ou que o Natal é mesmo fatal e tudo começa quando trincham o peru e se vemos o filme, sabemos que quando estão a trinchar o peru, a loira morre.

Os maus filmes de terror têm qualquer coisa em comum. Não têm medo de usar clichés todos que vêm nos livros. Quando pensamos "não, este momento de descontracção depois do início de susto não é para nos prepararmos para o verdadeiro susto" é certo e sabido que se vai ouvir um som forte e uma cabeça vai ser decepada.

Também gosto muito dos protagonistas principais, normalmente actores que falharam uma carreira a virar burgers no Mac e foram ali parar. São sempre mais parvos que o espectador e os últimos a perceber que estão num filme de terror. Só à 3ªvítima que se incendeia sem ninguém lhe tocar é que são capazes de dizer "John, acho que algo de estranho se passa". Sabemos logo pelos primeiros 5 minutos de filme quem vai morrer (normalmente todos num mau filme) e por que ordem.

Os diálogos nos filmes de terror servem um propósito sempre. Preparar o próximo susto ou o desenlace do filme. São subtis e inteligentes. Um exemplo:

- John, não abras essa porta, por favor, volta para a cama.
- Ah ah ah, calma Mary, calma. O que é que achas que está atrás desta porta? Um monstro vindo do inferno porque eu gozei com a estátua do gárgula na igreja? Ah ah ah.
- Oh John não brinques com estas coisas.
Por esta altura sabemos que algures no filme o John fai ser estripalhado em frente à Mary por um gárgula vindo do inferno.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

a Internet é o pináculo da evolução humana

como eu acordo todos os dias

Oh sim Minnie… sim… isso… não tires as luvas… deixa… isso… with your feet in the air and your head on the ground foda-se, isto é o telemóvel, onde está o telemóvel Try this trick and spin it, yeah desliga desliga desliga  Your head will collapse merda, não consigo desligar esta merda do blackberry puta que pariu os blackberrys  But there's nothing in it vou arrancar a bateria filho da puta, vou-te arrancar a bateria  And you'll ask yourself Where is my m...

 toma filho da mãe, vê lá se tocas agora sem a bateria. Só mais 10 minutinhos, durmo só mais 10 minutinhos e vai fazer toda a diferença do mundo toda a zzz…

Que horas são? Porque é que o meu telemóvel está sem bateria? Estes blackberry não são de fiar. Já deve ser tarde, pela luz. Isto demora um século a ligar… ARRRGHHH NOVE E MEIA!

começou a chuva e...

... voltei a ir de bicicleta para o trabalho :) wheeeeee! trrring trrring! Tive de reparar um pneu da bicicleta. Estava furado. Senti-me mesmo Homem a reparar a minha bicicleta com as ferramentas e tudo. Vi no youtube como é que se fazia. Estava muito suja do inverno passado. No apartamento não sabia onde a lavar sem fazer muita porcaria, por isso levei-a para dentro da banheira. Para ser mais prático entrei na banheira também e como me estava a molhar todo, despi-me completamente. Regulei a água para uma temperatura agradável e lavei a bicicleta com uma esponja e detergente de loiça, cuidadosamente, atrás do carreto das mudanças, debaixo dos guarda-lamas, da roda pedaleira, as jantes dos pneus, os pedais, as orelhas... Deixei-a a secar e depois espalhei-lhe lubrificante, com cuidado para que o mesmo se infiltrasse em todos os orifícios e massajei-a bem. Ficou óptima para ser montada :)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tema político nº4: Os ciganos romenos deportados

A França deportou imigrantes ciganos romenos e isso é errado porque foi assim que começou a II Guerra Mundial. A Itália e Alemanha deportam ciganos romenos também. Nenhuma minoria étnica deveria ser deportada para o país de origem com base na sua raça ou opções. Nenhuma cultura dominante deveria impôr os seus padrões a culturas minoritárias. Nenhuma pessoa devia ser excluída só por ser cigana e ser repatriada pada a roménia. Nenhum homossexual deveria ser deportado para Mikonos. Nenhum adepto do tuning deveria ser deportado para Almada. Nenhum negro deveria ser deportado para África. Em Portugal os ciganos também são uma minoria e a maioria não os aceita, a não ser os que cheguem a presidente da câmara. Mas por cada um que chega a presidente da câmara, muitos ficam pelo caminho. Uma solução poderia ser importar ciganos romenos que vivam na França, Alemanha, Itália e Roménia para Portugal em troca de crédito a juros bonificados até deixarmos de ter uma maioria e uma minoria, mas sim partes iguais de pessoas.

jizz in my pants

terça-feira, 21 de setembro de 2010

gostava de ser citado

Hoje comprei o Público. Há sempre um bloco de citações de coisinhas que foram escritas em blogues de política. Acho injusto que blogues que não sejam de notícias não sejam divulgados nunca.Por isso, e para refrear um pouco os ânimos das leitoras que tomam isto por um blogue côr de rosa, decidi abordar temas políticos. Espero ser levado a sério e um dia ter uma crónica bem paga.

Tema político nº1: o desemprego

O desemprego é mau e devia diminuir. Ter algum desemprego é normal, mas tanto também não. Em Espanha há mais desemprego. Em Portugal há menos desemprego do que em Espanha, mas mesmo assim, nunca houve tanto. Uma prioridade do Governo deveria de ser diminuir o desemprego, por exemplo, deportando desempregados para um país que tenha uma taxa de emprego superior. Esta medida deveria ser tomada em todos os países da EU para que, no fim, se conseguisse obter um desemprego igual em todos, uma situação mais justa. Outra medida a tomar seria deportar imediatamente os jovens licenciados em cursos de psicologia, tradução, direito e sociologia. Podiam ser colocados em comboios para um "divertido inter-rail" de "intercâmbio de experiências" e desembarcados em espanha para apanha do tomate.

Tema político nº2: o défice orçamental

O estado gasta mais do que pode. Gastar mais do que se pode é normal, mas tanto também não. Em Espanha gasta-se mais, mas também se estão a fazer mais esforços para gastar menos. Uma prioridade do Governo deveria ser gastar menos ou ter mais receitas ou ambos. Uma solução poderia ser deixar de gastar durante um mês apenas para ver o que acontece e depois ir pagando a quem for mais persistente a pedir. Ao mesmo tempo, tirava-se dinheiro a mais no IRS e no IRC e depois esperava-se para ver quem dava por isso e era persistente a pedir de volta. Nos dois casos, o essencial era dizer sempre “foi um erro informático, vamos regularizar a situação” e deixar andar pelo menos mais uns tempos.

Tema político nº3: o crescimento económico

Portugal cresce menos do que devia. Crescer pouco é normal, mas tão pouco não. Em Espanha cresce-se mais, mas também há mais desemprego. Uma prioridade do Governo devia ser fazer a economia do país crescer. Uma solução poderia ser imprimir mais notas. No meu escritório há uma impressora muito boa que me faz notas de 5 euros a partir de um PDF que saquei da net. São suficientemente credíveis para me safar dos arrumadores e para impressionar toda gente no metro ao dar umas esmolas ao puto do acordeão e cãozinho no ombro. Aos cegos não que eles topam. O problema é que para uma economia crescer é preciso imprimir muitas notas de 5 euros. O ideal era o governo arranjar um PDF de notas de 20 (de 50 e 200 desconfiam) e encarregar toda gente com boas impressoras de imprimir notas. Depois essas notas seriam distribuídas ao sector do turismo, restauração e taxistas, e todos os trocos que se dessem a turistas estrangeiros seriam dados com essas notas . Por vezes poderia ser complicado nos casos em que o troco fosse inferior a 20 €, mas podia dar-se a nota de 20 na mesma e justificar com a hospitalidade portuguesa.

isto faz-me sentir bem

ver esta betoneira na A8 fez-me pensar que estava no Grand Theft Auto

(private joke para pessoas que eventualmente gostem de jogar PS3)

good trip

Este domingo decidi ver o Benfica Sporting na tasca da minha rua, onde compro as 6 cervejas e o maço de português azul quando chego do trabalho. Tem Sportv. Jantar não havia, era domingo, só sandes de carne assada, comi duas. Pedi uma imperial. Nunca tinha bebido imperiais naquela tasca, só Sagres. À minha volta, os outros alcoólicos habitués da casa bebiam sagres, superbock, minis ou normais, de garrafa, sempre. Ninguém bebia imperiais. Curiosamente, a maior parte dos fregueses eram benfiquistas como eu, percebi isso logo no 1-0. Reflecti uns instantes no pormenor inesperado de, num bairro de alvalade, a maior parte dos fregueses num benfica sporting serem benfiquistas. A resposta é simples, os sportinguistas têm dinheiro para ter sportv em casa.

Fui trocando ideias com um vesgo que gritava golo a cada remate a uma baliza e que se desculpava aos outros porque era vesgo e com um tipo bêbado que tinha a teoria que o Cardozo não sabe jogar à bola. De vez em quando vinha à rua fumar um cigarro e trocar ideias com uma senhora alcoólica que fala com uma voz exactamente igual aquele taxista da Maria Rueff. E todos bebiam cervejas de garrafa. Na altura este não me pareceu um pormenor relevante, mas aos 50 minutos, com o 2 0 do Cardozo, já tinha mamado seis e o pormenor pouco relevante começou a crescer até ser incontornável. Algo se estava a passar e era das imperiais. Tinha dificuldade em focar a televisão, via a tasca a andar à roda e comecei a ter vontade de mandar sms à minha ex. Tudo indicava bebedeira, mas ao mesmo tempo isso era impossível, pois só tinha bebido 6 imperiais de 20cl e com o estômago cheio e normalmente bebo 5 a 6 cervejas de 33 na boa. Mesmo que esteja naquele estado amnésico, em que no dia seguinte não me lembro de 3 a 4 horas da noite, os meus amigos e amigas dizem que falei normalmente, me portei muito bem e conduzi ainda melhor ao despistar a perseguição da BT. É isso que explica a propensão que tenho em acordar em sítios estranhos ao lado de mulheres que não conheço de lado nenhum. Com o tempo habituei-me e com a ajuda do GPS do blackberry já encaro a coisa sem entrar em pânico.

Mas se o meu sistema funciona muitíssimo bem lubrificado com bebidas, é extraordinariamente vulnerável a substâncias químicas. Sou daquelas pessoas a quem uma aspirina tira uma enxaqueca de ressaca. Sou daquelas pessoas que tomam um antiestamínico e entram em coma. Isto apesar de pesar 85kg. E ter 1.86. E ser bastante atraente e atlético. A ganza, e especialmente a erva, dão-me um estalo que me lixa o resto da noite. Da última vez que fumei um,  fiquei praticamente cego e, pelo meio de pedidos de desculpa, pedi ao meu amigo que me deixasse sossegado no carro a rir sozinho para ele voltar a entrar no bar (eventualmente também lhe bateu a ele e ficou estendido numa vala a dois metros do carro, a pedir ajuda e eu sem o conseguir ver, éramos uma triste visão para o grupo de miúdas que minutos antes pareciam interessadas em nós).

Portanto, aquela cena era da cerveja e todos sabiam, ninguém me avisou, apesar dos olhares cúmplices e graves com que era brindado de cada vez que bebia mais uma imperial psicadélica, como num filme de sérioe B, quando aquele casal de noivos chega à taberna na transilvânia e se ri das superstições tolas dos locais. Uma vez estive assim quando bebi whiskys na Kapital há muitos muitos anos, e aí o boato que corria era que punham anfetaminas no whisky. Acabou o jogo, 8 imperiais depois. A dificuldade em contar o troco, a confusão mental ao perguntar de novo se já tinha pago uma coisa que já tinha pago, os risos desdentados à minha volta, em camara lenta como na tv, garrafas de óleo boiando vazias na idade dos porquês, a ideia peregrina de querer jogar poker naquele estado e ter a sensação de estar com imenso azar e em meia hora ter perdido o que ganhei numa semana, as letras do livro A Pérola do Steinbeck que formavam um texto tão incompreensível como as cartas da DGCI, estar deitado na cama amparando-me de vez em quando como se ela se fosse virar, o olhar esgazeado no espelho ao lavar os dentes e no meio daquilo uma consciência lúcida de que estava todo fodido. Enquanto não houver aspectos negativos, parece-me que vou passar as beber imperiais lá.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

para animar as vossas 2ª feiras, nada como chafurdar na arca inesgotável do italo disco



E se acharam este piroso, este penteado bate um recorde qualquer.

ainda dizem que no futebol se fala mal

no cômputo geral
retirar as devidas elações
encontra-se manietada
muito perdulário
esférico, rectângulo, losangulo
membros (superiores ou inferiores)
acção ilícita
demasiado permeável
sem constrangimentos de qualquer índole
...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

hoje

As aulas no liceu do meu bairro já começaram e a rua está cheia de vadios antes e nos intervalos das aulas. Saio de casa com o fatinho, ressacado das cervejas e do poker até às 3 da manhã, a caminho de mais um dia de trabalho na porra da city provinciana de Lisboa e os putos, sentados nos muros, a fumar cigarros, a abanar as pernas. Parecem cães. A rir, ladram. Muito se riem os adolescentes. Eu era nerd e fazia toda gente rir naquela idade. As raparigas giras gostavam de me ter por perto, mas não suficientemente perto para mim. As miúdas tímidas andam em grupos de miúdas tímidas, com os dossiers apertados contra o peito. São as que vão pagar os subsídios de desemprego dos outros todos. Os putos com as calças a meio do rabo, parecem uns anormais. Abrem alas para eu passar, não me desafiam. As raprigas riem-se, oiço umas bocas, uns piropos seguidos de risos, não sou bibi, mas é porreiro. Entro no carro, ponho white stripes bem alto. Ao fim do dia, às vezes vejo grupos em que há uma óbvia tensão, as aulas acabaram, estão dois putos na tasca a falar com duas miúdas, vou lá comprar mais cerveja, e eles estão naquele jogo, desajeitados, a flirtar uns com os outros. Ou então um rapaz e uma rapariga estão encostados num sítio meio escondido, a falar. Eles comportam-se como chimpanzés, elas têm medo. Era fixe, reviver a adolescência mas com a autoconfiança do Cristiano Ronaldo. Falaria menos, muito menos. Não seria tão palhacito. Não me apaixonaria platonicamente por qualquer rapariga que cometesse o erro de cruzar o olhar comigo. Não ficaria noites e noites a repisar todos os pequenos sinais e conversas para as perceber e a alimentar fantasias irreais. Seria bem mais decidido e não teria timidez. Eram apenas putos, como é que eu tinha tanto medo do que pudessem pensar de mim? Chimpanzés e rapariguinhas assustadas... Tive uma adolescência estranha e muito difícil, feita de portas do quarto a bater com muita força. Uma raiva enorme, como se procurasse a minha individualidade total e estivesse sempre frustrado pela minha própria cobardia e timidez. Depois finalmente vim viver para Lisboa, sozinho, aos 18 anos. Aa sensação de ver as luzes da cidade ao domingo à noite, na A8, ao descer a serra de Loures. A exaltação da liberdade, do recomeço. Mal começava a ver as luzes, carregava no play do sony walkman e ouvia coisas como esta:

O casting para namorada do Tolan acabou

Vencedora foi a candidata nº356, Filipa Martins, escritora:

Ela escreve muito bem, é uma coisa que se percebe sem ler. Só os grandes escritores conseguem passar isso num olhar. Aliás, li aqui que «A Guimarães Editores tem muita confiança na autora, tanta que quase nem valia a pena lê-lo!", afirma Paulo Teixeira Pinto, presidente da Guimarães Editores. » Eu compreendo perfeitamente o presidente da Guimarães Editores.
Em 2º lugar ficou a Flanery O'Connor

Escreve bem (quase tão bem como um homem), é querida e sensível, mas penso que a nível de personalidade podia haver algumas incompatibilidades. Temos signos um pouco incompatíveis, eu sou peixes e ela é carneiro. Paciência Flany. Podemos continuar amigos.

O problema é que tecnicamente a Filipa Martins não se candidatou de forma formal (apareceu-me numa busca aleatória no google images por "gajas do bloco de esquerda"). E ela nem é do bloco de esquerda, foi mandatária para a juventude da candidatura de Pedro Passos Coelho em 2008. É o destino, conseguir vencer este improvável fluxo de buscas no google. Agora tenho de delinear um plano que pode muito bem passar por escrever 4 romances e impor-me como a referência literária europeia do século XXI ou, quem sabe, ser ministro da cultura. Os ministros da cultura sacam miúdas do caraças em Portugal e na França. São ambas coisas que levam o seu tempo.

Hemingway, Farewell to Arms (8/10)

Como vocês é mais filmes e menos livros, lembram-se de certeza daquela polémica que causou o Dancer in The Dark do Lars Von Trier, aquele com a Bjork cega aos gritos e aos pulos.
Não se lembram. A polémica girava em torno do efeito de manipulação nos filmes do Lars Von Trier. Há gajos como o Lars Von Trier que fazem filmes para as namoradas nos encherem o casaco de baba e ranho, o mesmo casaco que nos pediram emprestado para se protegerem do ar condicionado do cinema, acto de altruísmo que nos irá causar uma forte constipação.
Na altura gostei muito do filme e chocaram-me as acusações de manipulação que os críticos fizeram. É curioso que nisto nas obras há sempre um grupo de críticos abstractos a que nos referimos, como eu fiz agora. “Foi bem recebido pela crítica” ou “os críticos deram cabo do filme mas ele é bom”.
Normalmente, idealizo sempre estes “críticos abstractos” como franceses. São sempre franceses e falam com jornalistas enquanto trincam tostas barradas com camembert. E dizem “oh non alors dis donc hein? Ah bah ça alors bfff oulala” Acho patético acusar um filme de ser manipulador. O Dancer in The Dark Nem tenta passar mensagem moral nenhuma, a não ser a de que existem coisas mais tristes que o arranque de época 2010/2011 do Benfica, que a Bjork é avariada dos cornos e que uma câmera de mão sempre aos pulos acaba por cansar. Claro que é um filme impossível de rever, como o 6ºSentido. A gaja é enforcada no fim, mas é a fingir, é só um filme. No 6º Sentido, estão todos mortos, incluido o Bruce Willis.
O Farewell to Arms (é um livro) do Hernest Hemingway (é um escritor) é basicamente isto. É muito bom mas há qualquer coisa de calculado no efeito dramático final e que acaba por secar o resto. O resto parece apenas um pretexto para aquela machadada final que está num tom e num ritmo diferente do resto do romance. Não deixa de ser um clássico, mas falta-lhe a ambiguidade das obras maiores e a textura de ser um bocado de ficção arrancado a um bloco maior invisível e infinito de ficção [o mestre nisto era o Salinger (um escritor) que por acaso era protegido e amigo do Hemingway]. Na imagem ao alto é a Filipa Martins, uma escritora nascida em 1983 e que um dia será minha esposa, só que ainda não sabe.

quero viver no mesmo mundo que ela



não sei porquê, lembra-me enormemente esta cena do 30 rock

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

nota mental do Tolan #2

O cinema de terror e a comédia, dois géneros que actuam no sistema límbico, fazem rir ou metem medo, e as coisas que fazem rir e metem medo, normalmente, são perenes no efeito. As coisas recentes têm de vencer a indiferença causada pela exposição a clichés e formatos já aceites e absorvidos, precisam do efeito de choque e surpresa. Contudo, se fizerem disso o objectivo principal, estão condenadas a desaparecer. O esqueleto que será fossilizado é o drama, a tragédia, essa é eterna, uma coisa triste há 500 anos é triste hoje, uma desilusão, uma derrota. Por isso, grandes obras que resistiram à passagem do tempo, e que no início poderiam inspirar riso (ex: Dom Quixote, de Cervantes) tinham um fundo de tragédia fortíssimo. Ninguém pode dizer que o Sonho de Uma Noite de Verão é o melhor de Shakespeare.

nota mental do Tolan #1

O Bukowski fantasiava com um ringue de boxe em que pudesse esmurrar o Hemingway. São os dois escritores masculinos que lutam forte e feio para cortar o cordão umbilical. Enquanto pessoas, têm uma existência que se confunde com a ficção que criam, esta é apenas uma extensão hiperbólica das experiências que vivem ou vêem viver. No meu entender, é a única forma de fazer algo simples mas genial e verdadeiro. A ficção pela ficção, com personagens criadas a partir de outras ficções, pode ser entretenimento válido, arte, tudo, mas não é Verdade e não vale a pena perder tempo com ela.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

casting para namorada do Tolan

  1. Gostar de literatura russa do século XIX
  2. Saber engomar camisas e arrumar (ou comparticipar empregada)
  3. Achar piada a garrafas de cerveja vazias como se fossem jarras de flores bonitas
  4. Não fumar
  5. Não se importar com fumo no quarto
  6. Gostar de longos passeios três vezes por dia, com um cão
  7. Não ter medo de passear sozinha (com um cão)
  8. Ter uma mãe que não é obesa
  9. Ser fértil
  10. Ser independente e ter uma boa fonte de rendimentos própria
  11. Ter gosto por investimentos de risco como poker do namorado
  12. Ser romântica e gostar de preparar surpresas como cozinhar o jantar todos os dias
  13. Gostar dos prazeres simples da vida como andar de mão dada ou fazer sexo oral
  14. Ser católica
  15. Ser honesta e verdadeira
  16. Não fazer perguntas indiscretas como "onde estiveste este fim de semana?"
  17. Gostar de ver jogar playstation 3 (principalmente first person shooters como Battle Field 2 ou Call of Duty Modern Warfare 4).
  18. Não consumir Adapin, Asendin, Celexa, Xanax, Desyrel, Effexor XR, Etrafon, Endep, Limbitrol, Marplan, Norpramin, Prozac, Paxil, Sarafem, Surmontil, Valium, Symbyax, Zoloft ou Benuron
  19. Ter espírito de liderança, capacidade de trabalho em equipa, organizada, com conhecimentos de informática na óptica do utilizador em ambiente whirpool, singer, bosch e aeg.
  20. Não julgar as pessoas pelas aparências a não ser a própria quando se vê ao espelho, por favor
Aguardo respostas, com foto de corpo inteiro, recente, obrigado.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ser pai

Como todos os gajos de mais de trinta anos, o que não me falta são amigas e amigos que vão tendo o primeiro filho. Não percebo muito de crianças. Sei como se fazem e fico-me por aí. Até acho mais importante saber como não se fazem. Tenho grande dificuldade, por exemplo, em identificar a idade de uma criança. Não sei se um miúdo tem 6, 12 ou 14 anos. Ou se tem 3 meses ou um ano. Para mim é o mesmo.

Os bebés, pelo que percebi, têm peso e um tamanho em cm, em função dos meses que têm. As pessoas dizem "oh, 7kg, tem peso a menos para 10 meses." como se falassem de um bacorinho de criação. Talvez haja uma fórmula de rácio peso/idade que todas as pessoas, menos eu, tenham na cabeça. Aliás, eu inventei este exemplo dos 10 meses e 7kg ser peso a menos, até pode ser peso a mais ou o ideal. Por vezes tento aplicar os meus extensos conhecimentos de cães e dou conselhos como 'está a chorar? se calhar tem pulgas, experimenta coçá-lo atrás da orelha, aqui.'ou 'dá-lhe ração júnior, tem mais cálcio e nutrientes, restos não são uma alimentação adequada' ou 'onde está o resto da ninhada, já os deste todos?'.

Uma coisa que me chateia nos amigos e amigas que têm filho é que deixam de me considerar a pessoa mais importante na vida delas, o que acontecia antes. Nota-se perfeitamente. Os meus discursos sobre a mulher segundo Hemingway ou que o primeiro punk da história é o protagonista do Herói do Nosso Tempo do Leermontov são frequentemente interrompidos por ruídos indistintos de bebé. Fico a falar sozinho, o bebé eventualmente cala-se e depois fica toda gente calada e se eu não relembrar as pessoas que eu estava a falar, ninguém se lembra.

No outro dia, um amigo pôs-me o bebé dele ao colo. É um bebé normal, uma cria do sexo feminino, tem 8 meses segundo me disseram (por mim podia ter 4 anos, era igual). Ele teve de ir ao rés do chão abrir a porta à mulher e ajudar a tirar as compras do carro e deixou-me sozinho com ela ao colo, apesar dos meus veementes protestos. Acho sempre que os bebés são uma espécie de tamagochis, se não carregarmos no botão certo na altura certa podem crashar. Era muito chato ele vir para cima com as compras e ela ter um vaipe qualquer e tudo ter acontecido porque eu a embalei em vez de lhe colocar a chucha de acordo com a instrução #543. Ficámos um bocado na sala, eu com ela ao colo. Confesso que me deixou bastante embaraçado, não sei como são os outros mas aquela olhava fixamente para mim, sem qualquer pudor. Comecei a sentir-me desconfortável a achei que lhe devia dizer qualquer coisa para quebrar o gelo:
- Gosto dos teus sapatos. Vens aqui muitas vezes?
Apercebi-me da estupidez do meu comentário, é a força do hábito das saídas no lux. Mudei para literatura.
- Já leste os Irmãos Karamazov? Devias ler esse. É sobre um pai que é muito mau e mentiroso e depois um filho mata-o. Mas sente-se muito culpado. Assim que souberes ler dou-te esse.
Não disse nada. Tentei mudar de tema.
- Sabias que num acidente de avião, tu sobrevivias e os teus papás não? Isso tem a ver com o teu tamanho. Um adulto tem mais probabilidades de ficar dilacerado, mas um bebé como tu, como é pequeno, fica inteirinho. Dá que pensar não dá? Eu acho que deviam fazer os aviões maiores, assim gigantes. Se fossem muito grandes ninguém morria então ahahahah
Riu-se. E começou a espernear e a fazer força. Finalmente o meu amigo chegou e passei-lhe a bola.
Vivi a experiência de ser pai. Já sei como é e posso escrever genuinamente sobre isso. É giro, 10 minutos vá.

esta saiu-me tão bem que fiz copy paste dos balões da conversa

«- Aquele teu blogue anónimo, o Tolan, aquilo é o teu alter-ego?
- Não, o alter ego sou eu aqui.»

terça-feira, 7 de setembro de 2010

e hemingway criou a mulher

No Farewell to Arms, o Hemingway sintetiza a namorada do protagonista, a enfermeira inglesa Catherine, numa boneca que diz darling em todas as frases. Para lhe dar alguma credibilidade feminina, atribui-lhe uns toques de funcionamento errático, como variações de humor, semi-loucura e aquela preocupação pelo que o homem está a pensar: 'estás preocupado?', 'estás muito calado.', 'estás a pensar em quê?' etc. A isto se junta aquela descrição física de depoimento na PJ. E voilá, uma mulher.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

nós também

Estou a ver o Someone To Watch Over Me de 1987 no Hollywood, com o Tom Berenger. Não é mau, é mesmo muito equilibrado. O Tom Berenger, um dos poucos actores com que não sou parecido, é que não envelheceu bem e tem ali sinais de plásticas no focinho.
Jesus Christ...

lancers

O texto aqui em baixo, aquele sobre a rentrée política, foi escrito às 2 da manhã depois de 12 minis e uma garrafa de Lancers (sim, bebi Lancers sozinho, bebida de bife e de gaja mas posso explicar). É engraçado ver que no particular, nas frases, nem está demasiado confuso, mas o todo é desprovido de sentido, leio-o  pergunto "o que quis eu dizer ao meu eu de hoje?" Ou talvez faça. Mas não me lembro do que queria dizer mesmo. Às vezes quando não sei bem o que dizer sobre qualquer coisa escrevo um texto a falar sobre isso.

rentrée política

A rentrée política portuguesa faz-me cada vez mais lembrar uma peça de revista, das que ficam muito tempo em cena e toda gente acaba por ter de as ir ver, nem que seja em autocarros da província em excursão com bilhete e pique nique no parque eduardo sétimo incluído. Não ajuda que um dos líderes tenha feito audições para musicais do La Féria, tal como não ajuda que o outro tenha representado a sua educação superior. Mas era aqui que eu queria chegar, a lado nenhum. Não tenho ideologia mas tenho ideias sobre isso e quero partilhar comigo mesmo. Finalmente concluí que o meu problema não é escolher uma ideologia, mas sim uma pessoa em função de um determinado contexto. Há pessoas da mesma ideologia que são completamente diferentes. Por exemplo, há pessoas do CDS PP que nunca fizeram abortos e são contra e outras que já fizeram abortos e são contra. Há pessoas do Bloco de Esquerda que vivem no Chiado e outras no Bairro Alto. Em teoria, poderia votar no Bloco de Esquerda, no PS, no PSD ou no CDS PP e mesmo no PCP. No PCP admito que teria grandes dificuldades, excepto no contexto das autárquicas em que um comuna, não se sabe porquê, tem uma aura de pessoa mais honesta. De resto, para servir de exemplo, no outro dia vi um congresso do PCP na tv e só 4 minutos depois é que percebi que não era o canal história a dar um documentário daqueles com a cor recuperada. Estavam a falar do papão da NATO. Quem é que fala da NATO em 2010? O PCP e o Nuno Rogeiro. O PCP tem tanto respeito pela individualidade humana como o Fernando Mendes pela nouvelle cuisine. Portanto, as ideologias não são referências estáticas como nos querem fazer crer desde pequeninos. 'Eu voto PSD' ou 'eu voto PS' soam-me a PSDÊEEEE PSDÊEeE PSD PSD PSDÊEEEee GLORIOOOSO PSD GLORIOSO P.S.D. ou OLÉ OLÉ E ESTE ORÇAMENTO É TODO NOSSO OLÉ OLÉ.

Para além dos partidos, ainda existe um eixo passível de utilização para classificação de pessoas com ideias: Esquerda direita.
Aquilo que vemos como tendências reformistas nos partidos são geralmente manifestações do pragmatismo do real. Existe um mundo, global, com certas regras. Portugal está lá metido.
De que serve termos ideologias políticas se somos dominados por aquilo que tem de ser, por aquilo que é razoável e possível? É preciso um grande líder para transformar e materializar uma ideia. Vivemos ainda na idade media. Era só isto que eu queria dizer. No fundo, não vale a pena pensar em coisas que depois na prática não têm qualquer espécie de impacto, como eu acabei de fazer agora. Na imagem é o Obama, um afro americano que não está na cadeia.

domingo, 5 de setembro de 2010

love is in the air...

Um link do maradona e o google analytics regista 700 300 visitas assim:

Um link da Luna e o mesmo google analytics regista 700 visitas assim:


nota: tive de corrigir o texto, do maradona só vieram 300 visitas, da Luna 700. Não queria ter de dizer isto, mas o da Luna é maior que o do maradona :|

leaked

Nos fóruns americanos por onde ando (nunca participo em fóruns portugueses) há uma expressão gira: leaked (derrame, fuga), em "this thread will leak for sure". Significa que uma discussão interna do fórum, entre forumitas que se conhecem há 15682 posts, de repente começa a aparecer nos resultados no google para um determinado tema. A partir daí, pessoal que cai lá de pára-quedas, inscreve-se no fórum só para entrar na flame war. O resultado muitas vezes é o lock do thread.

Mudando de tema, aqui o Putnam Pig vê rejeitado o seu pedido para uma partner acountdo YouTube. Vê-se que apesar de brincar com a situação, o gajo que faz o putnam pig (ou a menina) ficou claramente lixado. Ser rejeitado é muito mau.

sábado, 4 de setembro de 2010

o tio Mingas

O Farewell to Arms do tio Mingas mexe comigo. Eu gosto do tio Mingas. O Mingas tinha a capacidade de escrever muito mal às vezes. Como o Mark Twain segundo me informaram. O Dostoiévski tem coisas miseráveis e o Gogol idem aspas aspas. O Bukowski tem livros e contos sofríveis. A lista de bons escritores cujo talento é periclitante é bastante generosa. Nem todos podem ser o Kafka, esse, até a escrever a lista do supermercado devia ser genial. Eu tenho para mim que um autor que faz coisas más de vez em quando transmite qualquer coisa de genuíno na sua obra global. O engraçado é que o verdadeiro génio está numa coisa que está muito perto de ser má do que numa que é apenas boa..

Alguns excertos do belíssimo Farewell to Arms:
•"Miss Barkley was quite tall. She wore what seemed to be a nurse's uniform, was blonde and had a tawny skin and gray eyes. I thought she was very beautiful."
viram? É como um puto a descrever coisas, não há nenhum juízo negativo (isto também acontece no Salinger) e mesmo o juízo positivo, dela ser bonita, é-nos dado por ele: ele achou-a muito bonita e não ela era muito bonita, o que seria uma coisa completamente diferente, significaria que era o tipo de gaja que toda gente consideraria bonita. Aqui no "achei que ela era muito bonita" há imediatamente ternura, amor.  Muitos poderiam considerar isto apenas um exemplo de parcos recursos estilísticos para descrever mulheres.

•"It was all as I had left it except that now it was spring. I looked in the door of the big room and saw the major sitting at his desk, the window open and the sunlight coming into the room. He did not see me and I did not know whether to go in and report or go upstairs first and clean up. I decided to go upstairs."
Um detalhe absolutamente anódino mas que tem o efeito de reduzir tudo o que lhe acontece a uma sucessão de coisas que lhe acontecem e pequenas decisões e, ainda, o de reduzir o narrador a uma testemunha acidental da sua própria vida.

O problema com este tipo de escrita é que ela não pode ser forjada, tem a ver com voz própria, e isso pode explicar a instabilidade do Hemingway enquanto autor, ela é um reflexo da instabilidade emocional que o caracteriza. Fiquei muito contente ao ver que uma das hipóteses sobre o seu suicídio aos 61 anos teria a ver com um desgosto de amor na juventude. Não sei porquê acho isto trágico e perfeito demais, mas seria bom que fosse verdade e não apenas o resultado de uma tendência genética para depressão e suicídio pois na família dele parece que a ideia de "reforma" era encostar uma caçadeira à cabeça.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

ela quer uma martelada divinal

A Kim Deal (a mulher com a voz mais sexy à face da terra quando está a falar em entrevistas) nesta música, pede um divine hammer. Óbvia metáfora sexual. Quer uma martelada divinal ou um martelo divino, uma metáfora tornada ainda mais explícita pelas poses sugestivas no vídeo e pela onomatopeia bang bang, em português, bangue bangue. E só quer isso, não quer mais nada. Há mulheres que separam a o martelo divino do resto. A Kim Deal ainda faz isto com o ar de miúda rebelde e traquinas. Eu fico um pouco sentido quando pressinto que as minhas ideias sobre a influência dos grande horizontes e da natureza na literatura russa e americana não são responsáveis pelo rasto de roupa feminina no chão do corredor até à porta do quarto entre-aberta de onde uma voz meio rouca geme "acaba a merda do copo de vinho, despacha-teeee e traz o teu martelo divino!!1!" É uma coisa que me chateia. Bom, não me chateia assim tanto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

João Tordo

Um amigo avisou-me que existe o João Tordo. Chegou em primeiro lugar no Prémio Saramago em 2009. Folheei o blogue do João Tordo mas é um daqueles blogues de quem não tem tempo a perder com blogues, pelo que não pude retirar nada de especial, a não ser que não tem tempo a perder com blogues, ou seja, é focado e trabalhador. Escreve um romance de 300 páginas de dois em dois anos, já fez 4. Li esta entrevista em que diz coisas que parecem simpáticas embora um pouco neutras. Por exemplo, diz que detesta cada vez mais autores do estilo Dan Brown. E confessa:«Quando estou a escrever um romance é também das poucas alturas do ano em que bebo café e fumo cigarros logo de manhã.» Grande maluco. Vi entretanto outra entrevista em que elogia os benefícios da bebida mas diz que não anda praí a embebedar-se. Estas confissões naifs revelam uma certa honestidade. Uma certa "straightness" que acaba por funcionar a seu favor no meu complexo esquema mental de arrumar as pessoas, uma vez que eu estou completamente longe de a ter e admiro as pessoas assim. No fundo, inspirou-me simpatia. Eu, por outro lado, quando estou a escrever um aborto de romance, é também das poucas alturas do ano em que começo a beber minis ao pequeno almoço, consumo pornografia em grande quantidade, falo sozinho o tempo todo e fumo depois de lavar os dentes, antes de ir para a cama. Mas eu poderia estar a mentir só para me armar porque tenho essa tendência - o que explica porque não sou escritor, essencialmente, antes do ser, já o sou. Também diz que nessas alturas evita ler livros de autores bons para não se influenciar porque tem tendência a copiá-los. Eu faço exactamente o oposto para ser influenciado no sentido certo. Não são necessariamente os bons, por exemplo, Dostoiévski, Thomas Mann ou Nabokov não me influenciam. Mas existem o que eu chamo de escritores droga. Guardo-os para essas alturas, são uma espécie de medicamento de prescrição, com um efeito específico que vem na bula:
Bukowski: foge à norma, morrer não é grave, não podes ter medo.
Knut Hamsun: usa a loucura, fá-los quererem salvar-te.
Salinger: sê adorável, fá-los apaixonarem-se por ti.
Houllebeq: sê um filho da puta cínico com piada, fá-los sentirem-se culpados por estarem apaixonados por ti
Hemingway: não sejas lamechas, escreve como um homem.
Tennesse Williams: podes ser um bocadinho lamechas. Mas com estilo.
Flannery O'Conner: (ver Hemingway)

Alguém já leu João Tordo? O que acharam?

E vocês, irritam-se com o quê?

Identifico-me com tudo de que se queixa o Putnam Pig. Fico muito feliz por ver que o problema das meias solteiras é qualquer coisa de universal. Juro que não compreendo como regularmente me desaparecem meias. Também me irritam pessoas que carregam no botão para o elevador descer, quando na realidade querem subir, porque pensam que estando o elevador num andar superior, têm de o chamar com a setinha para baixo. Irritam-me condutores que páram o trânsito numa rua para falar com alguém noutro carro ou no passeio e aquelas que estacionam no meio da estrada para ir tomar café enquanto há lugares vazios para estacionar. E vocês? Irritam-se com o quê?

um homem a sério

gosto de música clássica