segunda-feira, 19 de julho de 2010

o pequeno dinossauro

O que gosto na postura do Alan Vega e outros do género, o Iggy Pop, o Morrissey, o Jim Morrison, o Axl Rose, os Stone Roses, o Jonhy Rotten etc. é que esses gajos, apesar de estarem num palco não estão propriamente em comunhão com as pessoas do público, não estão ali para que gostem deles naquele sentido primitivo do termo, de serem simpáticos e humildes, são uns filhos da mãe desequilibrados e, em palco, arrogantes. Gostarão deles indirectamente, mas por respeito e não por empatia. É até diferente da postura fria de uns Sonic Youth ou outros grandes deuses distantes. Estes que falei demonstraram que eram susceptíveis e temperamentais, se não estivessem no feeling certo, abandonavam o palco, insultavam o público ou faziam performances desastrosas. Há algo especial nisso porque o público (sensível) valoriza mais a "performance" sabendo que aquilo é instável e resultado da conjugação de coisas boas, é como jogar poker, pode correr bem, pode correr mal, não é um dado adquirido como um concerto em que tudo está programado, incluindo a simpatia extrema dos artistas que se derretem demais e começam a dizer coisas como "we love Portugal" ou "obrigado" ou o caralho que os fodam. No futebol, o Cantona era para mim o exemplo supremo dessa postura. Lembrei-me dele assim de repente.

Ora, quem tiver o cuidado, como eu tenho, de estudar como estes gajos eram na vida privada, descobre um alan vega simpático e discreto, um jim morrison tímido etc. uma coisa era a performance e ali preferiam viver as coisa num estado cru, à procura de uma verdade, por vezes caindo em ridículos motivados pela ilusão de que realmente o público está ali para viver uma coisa assim.

Não digo que isto seja a postura obrigatória, mas o oposto é mais difícil de conseguir com risco. Nesse campo, o Jonathan Ritchamn é provavelmente o gajo mais querido, espontâneo e simpático do mundo quando está em palco.

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