Quero enviar a todos os meus leitores e a todos os Portugueses os votos de um feliz Ano Novo. Acabei de explodir o microondas porque me esqueci que os talheres estavam dentro do tupperware. Mas agora, o importante mesmo é celebrar com paz e alegria, no seio da família, junto de todos os que nos são mais queridos e nos podem ajudar quando estamos com pouco saldo na conta à ordem. As circunstâncias que rodearam este Natal foram especialmente difíceis. O tempo esteve muito mau, choveu e fez vento. Mas também a crise e sobretudo o desemprego semeiam muitas angústias e preocupações nas famílias portuguesas que têm pessoas sem emprego.
Temos que fazer um esforço ainda maior para reforçar a solidariedade dos outros e nunca perder a esperança que nos ajudem com comida e roupas, pelo menos uma vez por ano no Natal, quando chegar a nossa vez de perder o emprego e passar a ceia a comer bacalhau ao lado de outros sem abrigo.
Acredito que vamos vencer esta fase difícil e preparar um futuro ainda melhor do que as gerações que nos antecederam prepararam para nós com carinho e dedicação. Por enquanto as taxas de juro estão demasiado altas mas, se Deus quiser, poderemos um dia fazer TGVs em scuts ferroviárias numa 8ª e 9º ponte sobre o Tejo, uma para cada sentido, mandar cá vir o Papa uma vez por mês para nos abençoar e construir oito estádios na Madeira para um Mundial de 2026.
E poderemos entregar a gestão da nossa economia aos senhores estrangeiros dos mercados financeiros, pessoas muito sérias, que têm sempre razão e são sempre racionais e equilibrados nas suas apreciações, não são como nós, umas crianças traquinas.
Sou um homem de esperança e sempre tive uma grande confiança na generosidade, na força interior e na capacidade dos investidores e do Governo Alemão. Espero que nos ajudem em breve, pelo que termino esta mensagem com um apelo a que nos portemos bem todos.
A todos os meus votos de Boas Festas.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
cavalo de tróia
Em 1987, o que passava nas rádios e nas tvs e vendia era mais ou menos isto:
1 With Or Without You, U2
2 Open Your Heart, Madonna
3 I Wanna Dance With Somebody, Whitney Houston
4 Livin' On A Prayer, Bon Jovi
5 Bad, Michael Jackson
6 I Still Haven't Found What I'm Looking For, U2
7 Faith, George Michael
8 Alone, Heart
9 Heaven Is A Place On Earth, Belinda Carlisle
10 Here I Go Again, Whitesnake
11 La Isla Bonita, Madonna
12 Little Lies, Fleetwood Mac
13 (I Just) Died In Your Arms, Cutting Crew
14 Is This Love, Whitesnake
15 Nothing's Gonna Stop Us Now, Starship
16 I Want Your Sex, George Michael
17 U Got The Look, Prince
18 Causing A Commotion, Madonna
19 Where The Streets Have No Name, U2
20 Touch Me (I Want Your Body), Samantha Fox
resto da lista
E enquanto isto passava nas rádios, estavam os Nirvana na casa da mãe do Chris Novoselic a chatear os vizinhos com isto:
Uns anitos mais tarde, após recomendações sucessivas da Kim Gordon (uma mãe para menino Kurt), os Nirvana assinaram para DGC Records, começaram a trabalhar no Nevermind e editaram o single Smells Like Teen Spirit. Kabuuum. No natal de 1991, de acordo com a wikipedia, o Nevermind vendia 400 mil cópias por semana só nos EUA. Em Janeiro de 1992 destronou o Dangerous de Michael Jackson no top.
1 With Or Without You, U2
2 Open Your Heart, Madonna
3 I Wanna Dance With Somebody, Whitney Houston
4 Livin' On A Prayer, Bon Jovi
5 Bad, Michael Jackson
6 I Still Haven't Found What I'm Looking For, U2
7 Faith, George Michael
8 Alone, Heart
9 Heaven Is A Place On Earth, Belinda Carlisle
10 Here I Go Again, Whitesnake
11 La Isla Bonita, Madonna
12 Little Lies, Fleetwood Mac
13 (I Just) Died In Your Arms, Cutting Crew
14 Is This Love, Whitesnake
15 Nothing's Gonna Stop Us Now, Starship
16 I Want Your Sex, George Michael
17 U Got The Look, Prince
18 Causing A Commotion, Madonna
19 Where The Streets Have No Name, U2
20 Touch Me (I Want Your Body), Samantha Fox
resto da lista
E enquanto isto passava nas rádios, estavam os Nirvana na casa da mãe do Chris Novoselic a chatear os vizinhos com isto:
Uns anitos mais tarde, após recomendações sucessivas da Kim Gordon (uma mãe para menino Kurt), os Nirvana assinaram para DGC Records, começaram a trabalhar no Nevermind e editaram o single Smells Like Teen Spirit. Kabuuum. No natal de 1991, de acordo com a wikipedia, o Nevermind vendia 400 mil cópias por semana só nos EUA. Em Janeiro de 1992 destronou o Dangerous de Michael Jackson no top.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
a minha caçada
Acredito que o segredo para uma boa relação é não tentar impôr os nossos gostos à outra pessoa e não a trancar dentro de casa e esconder a chave quando o plano para os dois é jogar playstation e poker. Foi uma lição que aprendi com a ajuda de uma ex namorada claustrofóbica e de um juiz de instrução pedagógico. Também compreendi que a definição legal de sequestro é bastante vaga. Portanto, coloquei-me nas mãos da Princesa para fazer o que ela quisesse este domingo. Estava à espera de irmos ao IKEA e depois à Decathlon mas nada disso. O que quis fazer? Caçar no Alentejo!
A culpa é em parte minha. Tendo a exagerar um pouco as coisas desde que li Hemingway e lhe quis copiar alguns hábitos. Ela já me tinha falado em caça e eu armei-me em parvo e disse que tinha licença, uma Beretta automática de canos sobrepostos e um excelente cão de caça, a Virgínia Woof e que adorava matar animais e o gosto de ferro do sangue quente. Pelos vistos, ela é obcecada por caça, toda gente na sua família é obcecada por caça e ela só não me falou nisso antes porque teve "um acidente infeliz com um ex namorado". O problema é que não tenho licença, só sei manejar armas com um comando da Ps3 e a Virgínia Woof gosta tanto de caça como o Ricardo Salgado de comunistas. A Virgínia Woof é provavelmente o cão mais medricas que já conheci, uma vez deu um salto ao ver uma coisa ao lado dela a aproximar-se: a sua própria sombra. A maior parte dos cães persegue a cauda, a Woofie é o tipo de cão que foge da cauda. É o tipo de cão que sobe às árvores por causa dos gatos. É o tipo de cão que quando há foguetes na aldeia tapa os olhos com as patas e se esconde dentro de um roupeiro, normalmente o que tem os meus fatos caros.
A Princesa acordou-me às 5:30 da manhã com o Eye of The Tiger a bombar do Nokia. Saímos de Lisboa, ela a conduzir, eu nem conseguia abrir os olhos. Nevoeiro, chuva, frio, vento. Parecia um sonho. Um pesadelo, mais propriamente. Mas tentei ver as coisas como uma experiência literária digna de Hemingway. Passámos pela quinta dos meus pais buscar a Virgínia Woof que, ao ver-me começar a equipar o material de caça do meu pai - cartucheira, colete camuflado, boné Angola 67, cartuchos fora de prazo, a caçadeira, o canivete Ciber Vitorinox (práticas chaves para desmontar computadores e circuitos eléctricos) – substituiu a alegria por um olhar de incredulidade e pela pose 'patinhas nos olhos'. Tive de a levar ao colo para o carro, as pernas tremiam-lhe. O meu pai tentara em tempos, sem sucesso, fazê-la gostar de caça, mas só a traumatizou ainda mais. A Princesa comentou que o cão estava estranho, eu disse-lhe que ela ficava tão tensa com a alegria de ir caçar que nem se conseguia mexer.
Às 8 e pouco da manhã chegámos à região de Canha. Parámos o carro num ermo isolado. A ideia de ter levado as minhas botas Onitsuka Tiger não me pareceu tão boa quando os meus pés se afundaram em 40cm de lama. A Princesa limpou a sua arma e manejou-a com perícia militar, tudo a fazer clicks e clacks de coisas a encaixar, cuspiu, passou um paninho, olhou pelo cano, colocou três cartuchos, armou-a, tchak tchak… eu fiquei a olhar para a minha e a pensar “onde está a tecla square disto, é o reload no battle field 2…” A Virginia Woof olhava para mim, depois para ela, depois para mim, com uma expressão suplicante de “wtf!?”
- Não armas a tua arma? – perguntou-me.
- Podes armá-la tu? Para dar sorte querida.
Safei-me com elegância. Metemos por um terreno lavrado, torrões enormes. A Princesa saltava de torrão em torrão com a elegância de uma ave pernalta, eu, por outro lado, parecia um urso pardo ébrio e a Virgínia Woof um kanguru. Qualquer peça de caça num raio de dois km devia ouvir-nos chegar tal era o aparato. A Princesa pareceu enervada e às tantas, num matagal em que eu estava entretido a cortar silvas uma a uma com o canivete para a avançar em segurança pelo lamaçal e a chuva miudinha, sussurrou-me com uma voz que parecia a do Golum
- Não faças barulho idiota. Tens de ser silencioso como uma sombra, rápido como o tigre, atento como a águia e inteligente como o lobo.
- Estou encharcado como o pinto e chateado como o peru.
- Pschh!
Colocou o indicador na boca. Ouviu qualquer coisa. Farejou o ar. A Virgínia Woof farejava o ar também mas à procura de amoras nas silvas, ela gosta bastante de amoras. De repente uma lebre desatou a correr à frente da Woofie. Provavelmente pensou que era um animal para brincar e começou a correr atrás dela, a latir e arfar alegremente. A Princesa encostou a coronha no ombro e fez pontaria. Um som de trovão a lebre foi literalmente atirada pelo ar dando duas cambalhotas. A Woofie estacou e encolheu o rabo entre as pernas, a dois metros da lebre.
- Busca.
Obedeci. Fui buscar a lebre. Estava quentinha ainda. Pensei no Bugs Bunny e saiu-me um “whats up doc?” quando peguei nela pelas patas de trás. Também tive de a levar a Virgínia Woof ao colo durante meia hora pelo menos, até ela recuperar a circulação nas patas.
O resto da caçada decorreu da mesma forma, uma carnificina implacável. A Virginia Woof corria atrás das coisas a pensar que era para brincar, tiro, as coisas ficavam caídas num sítio, marcado pela Virgínia Woof petrificada de susto e eu ia buscar ambos, a Woof e a vítima. Perdizes, pombos, codornizes, coelhos, faisões, todo um ecossistema a sangrar-me o colete e as calças. Não sei se isto de partilhar interesses com a namorada é uma boa ideia. Para disfarçar ainda dei um tiro ao calhas, de repente, e disse à Princesa que era um pombo que ia a passar, mas só acertei, sem querer, num candeeiro de iluminação pública que se estilhaçou em chispas eléctricas impressionantes e comprometedoras.
A culpa é em parte minha. Tendo a exagerar um pouco as coisas desde que li Hemingway e lhe quis copiar alguns hábitos. Ela já me tinha falado em caça e eu armei-me em parvo e disse que tinha licença, uma Beretta automática de canos sobrepostos e um excelente cão de caça, a Virgínia Woof e que adorava matar animais e o gosto de ferro do sangue quente. Pelos vistos, ela é obcecada por caça, toda gente na sua família é obcecada por caça e ela só não me falou nisso antes porque teve "um acidente infeliz com um ex namorado". O problema é que não tenho licença, só sei manejar armas com um comando da Ps3 e a Virgínia Woof gosta tanto de caça como o Ricardo Salgado de comunistas. A Virgínia Woof é provavelmente o cão mais medricas que já conheci, uma vez deu um salto ao ver uma coisa ao lado dela a aproximar-se: a sua própria sombra. A maior parte dos cães persegue a cauda, a Woofie é o tipo de cão que foge da cauda. É o tipo de cão que sobe às árvores por causa dos gatos. É o tipo de cão que quando há foguetes na aldeia tapa os olhos com as patas e se esconde dentro de um roupeiro, normalmente o que tem os meus fatos caros.
A Princesa acordou-me às 5:30 da manhã com o Eye of The Tiger a bombar do Nokia. Saímos de Lisboa, ela a conduzir, eu nem conseguia abrir os olhos. Nevoeiro, chuva, frio, vento. Parecia um sonho. Um pesadelo, mais propriamente. Mas tentei ver as coisas como uma experiência literária digna de Hemingway. Passámos pela quinta dos meus pais buscar a Virgínia Woof que, ao ver-me começar a equipar o material de caça do meu pai - cartucheira, colete camuflado, boné Angola 67, cartuchos fora de prazo, a caçadeira, o canivete Ciber Vitorinox (práticas chaves para desmontar computadores e circuitos eléctricos) – substituiu a alegria por um olhar de incredulidade e pela pose 'patinhas nos olhos'. Tive de a levar ao colo para o carro, as pernas tremiam-lhe. O meu pai tentara em tempos, sem sucesso, fazê-la gostar de caça, mas só a traumatizou ainda mais. A Princesa comentou que o cão estava estranho, eu disse-lhe que ela ficava tão tensa com a alegria de ir caçar que nem se conseguia mexer.
Às 8 e pouco da manhã chegámos à região de Canha. Parámos o carro num ermo isolado. A ideia de ter levado as minhas botas Onitsuka Tiger não me pareceu tão boa quando os meus pés se afundaram em 40cm de lama. A Princesa limpou a sua arma e manejou-a com perícia militar, tudo a fazer clicks e clacks de coisas a encaixar, cuspiu, passou um paninho, olhou pelo cano, colocou três cartuchos, armou-a, tchak tchak… eu fiquei a olhar para a minha e a pensar “onde está a tecla square disto, é o reload no battle field 2…” A Virginia Woof olhava para mim, depois para ela, depois para mim, com uma expressão suplicante de “wtf!?”
- Não armas a tua arma? – perguntou-me.
- Podes armá-la tu? Para dar sorte querida.
Safei-me com elegância. Metemos por um terreno lavrado, torrões enormes. A Princesa saltava de torrão em torrão com a elegância de uma ave pernalta, eu, por outro lado, parecia um urso pardo ébrio e a Virgínia Woof um kanguru. Qualquer peça de caça num raio de dois km devia ouvir-nos chegar tal era o aparato. A Princesa pareceu enervada e às tantas, num matagal em que eu estava entretido a cortar silvas uma a uma com o canivete para a avançar em segurança pelo lamaçal e a chuva miudinha, sussurrou-me com uma voz que parecia a do Golum
- Não faças barulho idiota. Tens de ser silencioso como uma sombra, rápido como o tigre, atento como a águia e inteligente como o lobo.
- Estou encharcado como o pinto e chateado como o peru.
- Pschh!
Colocou o indicador na boca. Ouviu qualquer coisa. Farejou o ar. A Virgínia Woof farejava o ar também mas à procura de amoras nas silvas, ela gosta bastante de amoras. De repente uma lebre desatou a correr à frente da Woofie. Provavelmente pensou que era um animal para brincar e começou a correr atrás dela, a latir e arfar alegremente. A Princesa encostou a coronha no ombro e fez pontaria. Um som de trovão a lebre foi literalmente atirada pelo ar dando duas cambalhotas. A Woofie estacou e encolheu o rabo entre as pernas, a dois metros da lebre.
- Busca.
Obedeci. Fui buscar a lebre. Estava quentinha ainda. Pensei no Bugs Bunny e saiu-me um “whats up doc?” quando peguei nela pelas patas de trás. Também tive de a levar a Virgínia Woof ao colo durante meia hora pelo menos, até ela recuperar a circulação nas patas.
O resto da caçada decorreu da mesma forma, uma carnificina implacável. A Virginia Woof corria atrás das coisas a pensar que era para brincar, tiro, as coisas ficavam caídas num sítio, marcado pela Virgínia Woof petrificada de susto e eu ia buscar ambos, a Woof e a vítima. Perdizes, pombos, codornizes, coelhos, faisões, todo um ecossistema a sangrar-me o colete e as calças. Não sei se isto de partilhar interesses com a namorada é uma boa ideia. Para disfarçar ainda dei um tiro ao calhas, de repente, e disse à Princesa que era um pombo que ia a passar, mas só acertei, sem querer, num candeeiro de iluminação pública que se estilhaçou em chispas eléctricas impressionantes e comprometedoras.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
ensitel, uma empresa com os dias contados...
Parece que a Ensitel não gosta mesmo nada dos posts que aqui escrevi sobre a minha experiência enquanto cliente deles, e acha que eu não tenho o direito de partilhar, neste meu espaço, aquilo que penso e sinto acerca da empresa. Posto isto, os senhores, em vez de me telefonarem e perguntarem como é que poderiam resolver o problema, decidiram que era mais eficaz pedirem aos advogados que os representam que me escrevessem, intimando-me a apagar os posts em causa.
(se o problema deles era os posts aparecerem no google perto do topo quando se procura "ensitel", então o problema deles acabou de piorar...)
update, 'checkem' só a página de facebook deles... OVERKILL!!1!
(se o problema deles era os posts aparecerem no google perto do topo quando se procura "ensitel", então o problema deles acabou de piorar...)
update, 'checkem' só a página de facebook deles... OVERKILL!!1!
quando e como eu escrevo os meus posts
…os dados indicam que existe uma correlação positiva entre o investimento nos touchpoints de shopper marketing e os resultados do 3º trimestre. Contudo, do ponto de vista de posicionamento da marca no território de ZZZPPPppTT pato atómico Kkzzz varsóvia Bzzzt sssssssssssss… era uma vez uma morsa vampira. Aparentemente, não era muito diferente das outras morsas. Tinha duas presas grandes como as suas congéneres morsas, mas uma observação mais cuidada revelava umas pontas mais aguçadas e um interior oco, para poder sorver o sangue de eventuais vítimas. Infelizmente, as presas eram demasiado grandes e era muito difícil à morsa poder efectivamente ferrá-las no pescoço de outra morsa numa dentada. Acrescia a isto o facto das morsas terem a pele muito grossa e rija e nem mesmo com muita força as presas conseguiam chegar ao sangue. Para compensar, a Morsa conseguia beber BloodyMarys no bar do Urso Polar, usando as presas como palhinhas, algo que as outras morsas não conseguiam pois partiam os copos. Também era prático quando comiam chouriço assado pois nunca havia palitinhos para todas e com os dentes ela ZPZZZzzGrttt pato atómico KzblzttSskfffff virginia woofsfrrsssSssss comunicação estabelecido no plano estratégico de Novembro de 2009, os dados demonstram que os valores não foram devidamente…
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
o sexo
(hã, este título chamou-vos a atenção não foi seus porquitos, só pensam nisso...)
Terminei agora de ler osex bomb da Princesa Sissi e recomendo porque isto do sexo para as mulheres não é só tungas tungas ahh ohh e já está. Não que eu precisasse de ler ou de ter qualquer conselho nesse campo. Sou o Stephen Hawking do sexo.
A minha namorada é que ainda não percebeu. Acho que vou mesmo mostrar-lhe os esquemas que preparo, com as posições, duração, ritmos e notas para pormenores importantes, por exemplo "vê se ela tem as mãos frias antes de te tocar nas costas" ou "abre previamente o pacotinho do preservativo para não ficares 14 minutos a tentar roer o plástico às escuras e ela adormecer outra vez". Se estudarmos o guião em conjunto, se calhar ela colabora mais e não se arma em "criativa". Às vezes ela quer fazer coisas que não estão planeadas e fico irritado. Uma vez quis fazer amor só "porque sim", ainda o 7º Selo do Bergman tinha acabado de começar. Outra lembrou-se de se untar de oleo de massagens e queria ir para o tapete do chão da sala, um tapete de lã genuína que me custou uma pipa na Area e ela ia-me encher-me aquilo de óleo. E ainda por cima era dia de missionário 16 minutos em 4 períodos de crescendo ritmico sincopado na cama com luz a 15%. Não percebo, é como aquelas pessoas que dizem que vão de férias para um sítio sem o plano de motivos de interesse no gps portátil ou que ouvem discos que não pesquisaram primeiro no all music guide.
Terminei agora de ler osex bomb da Princesa Sissi e recomendo porque isto do sexo para as mulheres não é só tungas tungas ahh ohh e já está. Não que eu precisasse de ler ou de ter qualquer conselho nesse campo. Sou o Stephen Hawking do sexo.
A minha namorada é que ainda não percebeu. Acho que vou mesmo mostrar-lhe os esquemas que preparo, com as posições, duração, ritmos e notas para pormenores importantes, por exemplo "vê se ela tem as mãos frias antes de te tocar nas costas" ou "abre previamente o pacotinho do preservativo para não ficares 14 minutos a tentar roer o plástico às escuras e ela adormecer outra vez". Se estudarmos o guião em conjunto, se calhar ela colabora mais e não se arma em "criativa". Às vezes ela quer fazer coisas que não estão planeadas e fico irritado. Uma vez quis fazer amor só "porque sim", ainda o 7º Selo do Bergman tinha acabado de começar. Outra lembrou-se de se untar de oleo de massagens e queria ir para o tapete do chão da sala, um tapete de lã genuína que me custou uma pipa na Area e ela ia-me encher-me aquilo de óleo. E ainda por cima era dia de missionário 16 minutos em 4 períodos de crescendo ritmico sincopado na cama com luz a 15%. Não percebo, é como aquelas pessoas que dizem que vão de férias para um sítio sem o plano de motivos de interesse no gps portátil ou que ouvem discos que não pesquisaram primeiro no all music guide.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
a minha opinião sobre o acordo ortográfico
Era uma vez um Pato que nasceu na Polónia, em Varsóvia, chamado Ambrozy. O Ambrozy gostava de andar de bicicleta e de sandes de atum e trabalhava na copa da assembleia da ONU, a preparar os coffee breaks. Antes do acordo ortográfico os diplomatas mais chocarreiros chamavam-lhe o Pato de Varsóvia e tinha piada, mas depois do acordo ortográfico foi perdendo a piada para o Ambrozy porque se tornou um hábito.
Todos os dias alguém inventava uma nova. O delegado do Chile chegava ao pé dele e dava-lhe um caldo com força e o Ambrozy deixava cair a travessa com as miniaturas de pasteis de nata e ficava muito triste a olhar para os pasteis todos espalhados na alcatifa aveludada e o delegado do Chile “vejam, vejam, é o Pato de Não Agressão”, para gargalhada geral e um espanhol engraçado ainda acrescentava “vai mas é para Portugal que lá eles têm muitos patos de estabilidade e crescimento”. Uma vez, no Halloween da ONU, o delegado francês vestiu-se com uns collants e um body de licra vermelho e uma caudinha e uns corninhos e deu o braço ao Ambrozy e levou-o a passear pela galeria da Assembleia da ONU e todos apontavam e riam “Pato com o Diabo! Pato com o Diabo!”. O Ambrozy andava muito nervoso nesses tempos porque estas brincadeiras atrasavam o serviço e quando ia para a cozinha ainda tinha de ouvir bocas do chefe muito zangado que lhe dizia “Não podes compatuar com isso!” e nem sequer era a brincar.
Todos os dias alguém inventava uma nova. O delegado do Chile chegava ao pé dele e dava-lhe um caldo com força e o Ambrozy deixava cair a travessa com as miniaturas de pasteis de nata e ficava muito triste a olhar para os pasteis todos espalhados na alcatifa aveludada e o delegado do Chile “vejam, vejam, é o Pato de Não Agressão”, para gargalhada geral e um espanhol engraçado ainda acrescentava “vai mas é para Portugal que lá eles têm muitos patos de estabilidade e crescimento”. Uma vez, no Halloween da ONU, o delegado francês vestiu-se com uns collants e um body de licra vermelho e uma caudinha e uns corninhos e deu o braço ao Ambrozy e levou-o a passear pela galeria da Assembleia da ONU e todos apontavam e riam “Pato com o Diabo! Pato com o Diabo!”. O Ambrozy andava muito nervoso nesses tempos porque estas brincadeiras atrasavam o serviço e quando ia para a cozinha ainda tinha de ouvir bocas do chefe muito zangado que lhe dizia “Não podes compatuar com isso!” e nem sequer era a brincar.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
eu sei que todos gostamos de música fixe e tal mas porra...
... os Nirvana foram, para todos os efeitos, a banda rock mais importante pós-Beatles. Tinha aqui toda uma longa justificação para esta afirmação, mas acho-a tão óbvia que não me apetece. Vou antes aquecer uma tortilla do ACS no microondas (mãe, também comprei rúcula e vou comer rúcula). Mas aceito contra argumentação com exemplos devidamente justificados.
skip the long posts
Tolan na Bd, no The Pink Shrink :)
A propósito, eu estou bem consciente que os meus posts longos são parte da explicação para a elevada taxa de rejeição nas visitas deste blogue, mesmo as que vêm de blogues que me linkam cheios de boa vontade e a dizer "epá, leiam isto, é muito fixe". Dá a sensação que chegam aqui e foda-se, isto tem mais de um parágrafo!!!! back *click* back *click* back *click* back *cick click click*
Também há outra percentagem significativa de taxa de rejeição ao conteúdo mas isso é outra história.
A propósito, eu estou bem consciente que os meus posts longos são parte da explicação para a elevada taxa de rejeição nas visitas deste blogue, mesmo as que vêm de blogues que me linkam cheios de boa vontade e a dizer "epá, leiam isto, é muito fixe". Dá a sensação que chegam aqui e foda-se, isto tem mais de um parágrafo!!!! back *click* back *click* back *click* back *cick click click*
Também há outra percentagem significativa de taxa de rejeição ao conteúdo mas isso é outra história.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
o tamanho importa
Um dos vectores de educação da minha namorada tem sido a utilização da Internet e é o cabo dos trabalhos para lhe tirar os preconceitos que tem. Não a consigo conhecer e ainda não percebi se ela é uma pessoa interessante. Só sei que é parecida com a Alyx Vance do Half Life 2, mas também tem coisas da Nina Williams do Tekken, o que lhe facilita o trabalho como hospedeira e promotora em eventos. Infelizmente nenhuma mulher consegue ser igual à Lara Croft do primeiro Tomb Raider para a PS2, mesmo com as imperfeições poligonais todas no sítio certo.
Tenho muitas dificuldades em compreender se uma pessoa humana que não tem blogue é interesssante. O blogue permite-me rapidamente tirar o perfil e descobrir falhas que impedem uma saudável relação, assim como listar as qualidades no excel da grelha de avaliação. Ontem enquanto jantávamos no Chimarrão - que ela inexplicavelmente adora - ao lado de uma mesa com o jantar de Natal dos funcionários do que me pareceu ser uma sucursal do BPN tal era a melancolia e sofreguidão em beber, fui tentando passar a mensagem.
- Princesa (ela gosta que lhe chame Princesa) tu não achas que se calhar a ideia que fazes da internet é um pouco exagerada?
- Grffm grffm nham schlep… hmm?
- Pergunto-te se não achas que a ideia que fazes da Internet é exagerada. Aquilo de ficares sem um rim só por leres os comentários do Público online era uma piada sabes?
- Yeah right…
- A sério. Bolas. E sabes o que é um blogue? Já ouviste falar em blogues?
- O doce?
- Qual doce?
- Não há um doce com esse nome? Conventual?
- Acho que não querida. Os blogues são tipo páginas feitas por pessoas, escrevem, estilo diário, depois há visitas e comentários... o que é que tu achavas de um gajo que tivesse um blogue assim com tipo 600 visitas por dia... hein? A maior parte tem muito menos visitas... um gajo que tivesse um blogue com 600 visitas diárias já era....
- Não faço a menor ideia do que seja isso de que falas.
- Nunca ouviste falar No Meu Pipi?
- Não! Que raio de pergunta bebé ih ih ih. Desculpa lá, mas o teu “pipi” é normalzinho, porque haviam de falar nele?
- Normalzinho? O que queres dizer com normalzinho?
- Nada bebé. Não é grande nem demasiado pequeno… Come vá.
*silêncio*
- “Demasiado pequeno”? Não podias dizer não é demasiado grande nem pequeno? É que a média do intervalo seria para o médio grande. O ponto médio do intervalo que disseste está no médio pequeno.
- Bebé, não vamos discutir outra vez, já bastou a história do Impersonismo Alemão ontem. O tamanho não importa, a sério. Além disso, quando é grande demais é desconfortável. O teu está bem assim.
- Como é que sabes? Como é que sabes que é desconfortável quando é grande demais?
*silêncio*
- Contaram-me, a Roberta da recepção contou-me.
Tenho muitas dificuldades em compreender se uma pessoa humana que não tem blogue é interesssante. O blogue permite-me rapidamente tirar o perfil e descobrir falhas que impedem uma saudável relação, assim como listar as qualidades no excel da grelha de avaliação. Ontem enquanto jantávamos no Chimarrão - que ela inexplicavelmente adora - ao lado de uma mesa com o jantar de Natal dos funcionários do que me pareceu ser uma sucursal do BPN tal era a melancolia e sofreguidão em beber, fui tentando passar a mensagem.
- Princesa (ela gosta que lhe chame Princesa) tu não achas que se calhar a ideia que fazes da internet é um pouco exagerada?
- Grffm grffm nham schlep… hmm?
- Pergunto-te se não achas que a ideia que fazes da Internet é exagerada. Aquilo de ficares sem um rim só por leres os comentários do Público online era uma piada sabes?
- Yeah right…
- A sério. Bolas. E sabes o que é um blogue? Já ouviste falar em blogues?
- O doce?
- Qual doce?
- Não há um doce com esse nome? Conventual?
- Acho que não querida. Os blogues são tipo páginas feitas por pessoas, escrevem, estilo diário, depois há visitas e comentários... o que é que tu achavas de um gajo que tivesse um blogue assim com tipo 600 visitas por dia... hein? A maior parte tem muito menos visitas... um gajo que tivesse um blogue com 600 visitas diárias já era....
- Não faço a menor ideia do que seja isso de que falas.
- Nunca ouviste falar No Meu Pipi?
- Não! Que raio de pergunta bebé ih ih ih. Desculpa lá, mas o teu “pipi” é normalzinho, porque haviam de falar nele?
- Normalzinho? O que queres dizer com normalzinho?
- Nada bebé. Não é grande nem demasiado pequeno… Come vá.
*silêncio*
- “Demasiado pequeno”? Não podias dizer não é demasiado grande nem pequeno? É que a média do intervalo seria para o médio grande. O ponto médio do intervalo que disseste está no médio pequeno.
- Bebé, não vamos discutir outra vez, já bastou a história do Impersonismo Alemão ontem. O tamanho não importa, a sério. Além disso, quando é grande demais é desconfortável. O teu está bem assim.
- Como é que sabes? Como é que sabes que é desconfortável quando é grande demais?
*silêncio*
- Contaram-me, a Roberta da recepção contou-me.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
O Truman Capote é má pessoa
Não gosto dele. É esmagador e cruel, pelo menos aqui nos contos. É demasiado bom aos 20 e poucos. Não percebo como há pessoas que escrevem contos e que não são ele ou o Theckov ou o Saroyan ou o Salinger ou o Poe ou o Bukowski . Há pessoas que escrevem e que eu não percebo também porque o fazem quando as comparo comigo. Portanto, suponho que tudo isto é uma longa cadeia de pessoas imperfeitas que deviam sentir-se esmagadas e desistir. E devia ser assim em tudo. Por exemplo, o Cristiano Ronaldo desistia de jogar à bola por causa do Messi e por aí abaixo até ao plantel do Sporting.Uma das muitas coisas que acho astronómicas no Capote é a capacidade de pincelar uma personagem numa frase com metáforas inesperadas e que nunca, mas nunca, soam forçadas. Descrever pessoas é uma das minhas maiores dificuldades, fiquem a saber. Às vezes as minhas descrições das personagens assemelham-se ao que eu relataria à polícia caso essa personagem me tivesse furtado o telemóvel na via pública. E mesmo essa descrição seria má e os senhores polícias diriam que aquele teria sido a pior descrição que alguma vez comunicaram pelo rádio aos carros patrulha.
E os polícias nos carros patrulha diriam certamente o mesmo e comentariam os parcos recursos estilísticos na caracterização dos olhos do assaltante, que não são apenas grandes ou pequenos, juntos ou afastados, castanhos ou azuis mas que "podem olhar para o infinito como alguém que se tenta recordar de um poema perdido" e eu a ouvir tudo na esquadra e o senhor inspector a encolher os ombros e a desculpar-se pelo rádio que não foi ele, que fui eu que o descrevi assim e a comentar que ainda na semana passada roubaram o timex ao Lobo Antunes e ele descreveu o meliante com metáforas tão boas que o apanharam no próprio dia.
No romance esta pecha pode ser mitigada mas no conto é porreiro condensar a primeira impressão numa penada. E quando queremos fugir propositadamente à descrição retrato robot da polícia, introduzindo elementos inesperados, idiossincrasias originais, tiques, pormenores, acabamos por ser como os maus escritores que escrevem pior do que eu, em que se vê bem que, quando atribuem uma característica destas a uma personagem, na realidade ela não é assim, ele está a mentir, o traste sem talento, só está a dizer aquilo porque soa bem que alguém tenha aquela característica para encaixar no perfil e isso torna a cena previsível e muito pouco realista porque a realidade tem de ter as naturais incongruências que as pessoas têm entre aquilo que são e o que parecem, fisicamente.
E os polícias nos carros patrulha diriam certamente o mesmo e comentariam os parcos recursos estilísticos na caracterização dos olhos do assaltante, que não são apenas grandes ou pequenos, juntos ou afastados, castanhos ou azuis mas que "podem olhar para o infinito como alguém que se tenta recordar de um poema perdido" e eu a ouvir tudo na esquadra e o senhor inspector a encolher os ombros e a desculpar-se pelo rádio que não foi ele, que fui eu que o descrevi assim e a comentar que ainda na semana passada roubaram o timex ao Lobo Antunes e ele descreveu o meliante com metáforas tão boas que o apanharam no próprio dia.
No romance esta pecha pode ser mitigada mas no conto é porreiro condensar a primeira impressão numa penada. E quando queremos fugir propositadamente à descrição retrato robot da polícia, introduzindo elementos inesperados, idiossincrasias originais, tiques, pormenores, acabamos por ser como os maus escritores que escrevem pior do que eu, em que se vê bem que, quando atribuem uma característica destas a uma personagem, na realidade ela não é assim, ele está a mentir, o traste sem talento, só está a dizer aquilo porque soa bem que alguém tenha aquela característica para encaixar no perfil e isso torna a cena previsível e muito pouco realista porque a realidade tem de ter as naturais incongruências que as pessoas têm entre aquilo que são e o que parecem, fisicamente.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
composição infantil: o Natal dos escritórios
O Natal dos escritórios não é muito divertido. As pessoas participam no Natal do escritório porque não têm outro remédio e ficam muito tristes. As pessoas preferiam estar em casa mas não podem. É preciso ajudar os chefes a serem mais felizes e motivados porque se eles estão sozinhos no Natal do escritório ficam tristes e sozinhos e já não têm ninguém a quem contar anedotas. No Natal dos escritórios há troca de prendas sem as pessoas saberem quem lhe deu a prenda. Isto é muito bom porque assim ninguém nos chateia se não gostarem da prenda. Para evitar que os espertos gastem muito e envergonhem os outros há sempre um valor máximo que se pode gastar na prenda.
Às vezes há Champomi e Sumol mas outras vezes há Raposeira do bom. O senhor que manda mais na empresa faz sempre um discurso de Natal em que diz que o ano foi muito difícil e que o ano seguinte ainda vai ser mais e que temos de estar motivados ou perdemos o emprego. Depois conta histórias divertidas e toda gente ri menos os empregados do catering que não trabalham para ele. Às vezes as pessoas bebem muito na festa de Natal para ver se ficam mais felizes depois do jantar. Algumas pessoas nunca bebem durante o ano e depois na festa de Natal bebem muito porque o menino Jesus já comprou prenda para elas e não faz mal se beberem e vomitarem na casa de banho enquanto os colegas lhe seguram na cabeça. E depois as pessoas namoram umas com as outras naquela noite e depois na semana seguinte têm muita vergonha e não se falam no elevador e na fotocopiadora e toda gente comenta que a Sónia da contabilidade curtiu com o Paulo dos recursos humanos ou que o Márcio imitou um índio em tronco nú com a gravata na cabeça enquanto a Carla imitava a Shakira com o rabo encostado ao Márcio.
Há sempre música com êxitos muito divertidos e nunca falta a Macarena e o comboio pelas mesas. Como há poucas pessoas, às vezes ficam todas no comboio e a sala está vazia e o comboio fica triste e as pessoas deixam de fazer o comboio e fazem a rodinha. Depois para o meio da rodinha vai sempre a Laurinda, a técnica administrativa de quarenta e sete anos de quem toda gente gosta e que mostra a toda gente como ela também se sabe divertir e imita a Shakira e depois as pessoas ficam tristes e sentam-se nas mesas porque sabem que vai ser despedida em Janeiro e só ela é que não sabe. Às vezes alguém traz singstar e todos tentam cantar o Living on a Prayer mas ninguém consegue, excepto o Raul que é homossexual e fez uma vez uma audição para os ídolos e que é o grande maluco.
Os estagiários gostam das festas de Natal porque acham que é um bom momento para se darem com os colegas mais velhos e mostrarem que são fixes e alguém falar com eles sem ser para pedir para encadernar coisas ou regular o ar condicionado. Os estagiários também ficam muito entusiasmados por causa das mulheres mais velhas a serem divertidas quando bebem muita Raposeira porque antes de trabalharem no escritório só as viam na secção MILF do youporn. Depois da festa de natal ficam muito confusos porque volta tudo ao normal e ninguém fala com eles outra vez e a Cláudia das maminhas grandes nunca mais volta a cantar its raining men aleluia, its raining men.
O chefe aproveita sempre a festa de Natal para demonstrar afecto a uma mulher do escritório porque os chefes gostam de ser queridos e atenciosos no Natal para as mais desfavorecidas e quando as pessoas são ingratas, os chefes ficam tristes e vão para casa mais cedo, ter com a mulher e os filhos e afogam-se em whisky em frente à televisão e adormecem no sofá a soluçar. O Natal das empresas reforça a ideia de que os colegas são como uma grande família porque todos se odeiam mas têm de viver a maior parte do ano uns ao pé dos outros e não têm outro remédio enquanto não forem velhinhos e tiverem direito ao Natal dos hospitais na televisão do lar.
Às vezes há Champomi e Sumol mas outras vezes há Raposeira do bom. O senhor que manda mais na empresa faz sempre um discurso de Natal em que diz que o ano foi muito difícil e que o ano seguinte ainda vai ser mais e que temos de estar motivados ou perdemos o emprego. Depois conta histórias divertidas e toda gente ri menos os empregados do catering que não trabalham para ele. Às vezes as pessoas bebem muito na festa de Natal para ver se ficam mais felizes depois do jantar. Algumas pessoas nunca bebem durante o ano e depois na festa de Natal bebem muito porque o menino Jesus já comprou prenda para elas e não faz mal se beberem e vomitarem na casa de banho enquanto os colegas lhe seguram na cabeça. E depois as pessoas namoram umas com as outras naquela noite e depois na semana seguinte têm muita vergonha e não se falam no elevador e na fotocopiadora e toda gente comenta que a Sónia da contabilidade curtiu com o Paulo dos recursos humanos ou que o Márcio imitou um índio em tronco nú com a gravata na cabeça enquanto a Carla imitava a Shakira com o rabo encostado ao Márcio.
Há sempre música com êxitos muito divertidos e nunca falta a Macarena e o comboio pelas mesas. Como há poucas pessoas, às vezes ficam todas no comboio e a sala está vazia e o comboio fica triste e as pessoas deixam de fazer o comboio e fazem a rodinha. Depois para o meio da rodinha vai sempre a Laurinda, a técnica administrativa de quarenta e sete anos de quem toda gente gosta e que mostra a toda gente como ela também se sabe divertir e imita a Shakira e depois as pessoas ficam tristes e sentam-se nas mesas porque sabem que vai ser despedida em Janeiro e só ela é que não sabe. Às vezes alguém traz singstar e todos tentam cantar o Living on a Prayer mas ninguém consegue, excepto o Raul que é homossexual e fez uma vez uma audição para os ídolos e que é o grande maluco.
Os estagiários gostam das festas de Natal porque acham que é um bom momento para se darem com os colegas mais velhos e mostrarem que são fixes e alguém falar com eles sem ser para pedir para encadernar coisas ou regular o ar condicionado. Os estagiários também ficam muito entusiasmados por causa das mulheres mais velhas a serem divertidas quando bebem muita Raposeira porque antes de trabalharem no escritório só as viam na secção MILF do youporn. Depois da festa de natal ficam muito confusos porque volta tudo ao normal e ninguém fala com eles outra vez e a Cláudia das maminhas grandes nunca mais volta a cantar its raining men aleluia, its raining men.
O chefe aproveita sempre a festa de Natal para demonstrar afecto a uma mulher do escritório porque os chefes gostam de ser queridos e atenciosos no Natal para as mais desfavorecidas e quando as pessoas são ingratas, os chefes ficam tristes e vão para casa mais cedo, ter com a mulher e os filhos e afogam-se em whisky em frente à televisão e adormecem no sofá a soluçar. O Natal das empresas reforça a ideia de que os colegas são como uma grande família porque todos se odeiam mas têm de viver a maior parte do ano uns ao pé dos outros e não têm outro remédio enquanto não forem velhinhos e tiverem direito ao Natal dos hospitais na televisão do lar.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
mudança de paradigma
Fiquei sensibilizado com os comentários e as chamadas de atenção de leitoras atentas e sensíveis a estas questões. Também registei que outras levam isto na brincadeira, o que me deixou confuso quanto à definição de "mulherio". Reflecti um bocado no que estou a fazer e detectei alguns problemas éticos, digamos assim.
Não é justo um homem querer treinar uma namorada como se fosse um cão. A própria ideia em si é um bocado imbecil. Uma mulher, afinal de contas, é um ser humano como as pessoas, mesmo a minha namorada que gosta de U2 e ainda ontem conseguiu electrocutar-se pelo menos duas vezes na torradeira ao usar uma faca para desprender uma fatia de panrico. Consegui sempre ensinar muitos truques a todas as cadelas que tive, como sentar, dar a pata, deitar e rolar. Menos à Virgínia Woof, que era um pouco lenta. Mas às outras, consegui. O método reside na repetição de coisas e na recompensa quando fazem algo bem: um bocadinho de pão com manteiga, um biscoito, uma festa, um bocado de queijo etc. E com as namoradas, independentemente do problema ético, também consegui melhorá-las de alguma forma, excepto uma que também era um pouco lenta e achava o Being John Malkovitch "confuso". O método é o mesmo, apenas mudam as recompensas na maior parte dos casos. Por acaso esta adora queijo. É que adora a porra do queijo, sou capaz de a pôr a ler o Guerra e Paz à custa de queijo.
No fundo, o problema é semelhante ao wakeboarding, aquela simulação de afogamento que a CIA aplica aos suspeitos de terrorismo para que confessem o 11 de Setembro. É eticamente discutível, sou o primeiro a concordar e pode dar-se o caso de ter montes de gente a confessar o 11 de Setembro e a entupir os tribunais que já estão entupidos que chegue. Mas disperso-me...
Então decidi adoptar uma estratégia diferente. Em vez de forçar as coisas, como fiz ontem quando disse que o meo estava avariado (desliguei o cabo hdmi) e que só podíamos ver ou o Morangos Silvestres e ela viu até ficar com sono, comer queijo e querer ir para a cama para eu lhe dar sexo antes de eu ler, vou pensar em formas que ela pense que a ideia vem dela. Um pouco como psicologia invertida. No espião que veio do frio, um excelente livro já agora, as coisas são montadas assim, como no esquadrão classe A (este vocês conhecem) . Cria-se um cenário de tal forma credível e subtil que elas são levadas a acreditar que os impulsos que têm são resultado da sua própria força de vontade e discernimento.
Não é justo um homem querer treinar uma namorada como se fosse um cão. A própria ideia em si é um bocado imbecil. Uma mulher, afinal de contas, é um ser humano como as pessoas, mesmo a minha namorada que gosta de U2 e ainda ontem conseguiu electrocutar-se pelo menos duas vezes na torradeira ao usar uma faca para desprender uma fatia de panrico. Consegui sempre ensinar muitos truques a todas as cadelas que tive, como sentar, dar a pata, deitar e rolar. Menos à Virgínia Woof, que era um pouco lenta. Mas às outras, consegui. O método reside na repetição de coisas e na recompensa quando fazem algo bem: um bocadinho de pão com manteiga, um biscoito, uma festa, um bocado de queijo etc. E com as namoradas, independentemente do problema ético, também consegui melhorá-las de alguma forma, excepto uma que também era um pouco lenta e achava o Being John Malkovitch "confuso". O método é o mesmo, apenas mudam as recompensas na maior parte dos casos. Por acaso esta adora queijo. É que adora a porra do queijo, sou capaz de a pôr a ler o Guerra e Paz à custa de queijo.
No fundo, o problema é semelhante ao wakeboarding, aquela simulação de afogamento que a CIA aplica aos suspeitos de terrorismo para que confessem o 11 de Setembro. É eticamente discutível, sou o primeiro a concordar e pode dar-se o caso de ter montes de gente a confessar o 11 de Setembro e a entupir os tribunais que já estão entupidos que chegue. Mas disperso-me...
Então decidi adoptar uma estratégia diferente. Em vez de forçar as coisas, como fiz ontem quando disse que o meo estava avariado (desliguei o cabo hdmi) e que só podíamos ver ou o Morangos Silvestres e ela viu até ficar com sono, comer queijo e querer ir para a cama para eu lhe dar sexo antes de eu ler, vou pensar em formas que ela pense que a ideia vem dela. Um pouco como psicologia invertida. No espião que veio do frio, um excelente livro já agora, as coisas são montadas assim, como no esquadrão classe A (este vocês conhecem) . Cria-se um cenário de tal forma credível e subtil que elas são levadas a acreditar que os impulsos que têm são resultado da sua própria força de vontade e discernimento.
só falta 1
A esta hora, só falta 1 seguidor para os 100 zombies! O suficiente para tomarmos uma pequena vila portuguesa. Sugiro Marco de CanavezesCavanaveses. Ou o Colombo! No Natal! MUaaaAHAHAHAHAH
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
musiquinha gira
hold back the daylight - Gary Wilson, Mary Had Brown Hair (2004)
(às vezes há musiquinhas com que uma pessoa engraça e ouve 15x em repeat consecutivelmente*)
*homenagem subtil ao Atum Macaco
educar a namorada
O problema com as namoradas é que nunca são exactamente aquilo que queremos que fossem. Então é preciso educá-las a pouco e pouco. Eu considero uma namorada uma espécie de obra de arte inacabada, um produto em desenvolvimento, um cão inteligente que pode aprender truques como gostar de Sonic Youth e Tourgueniev.
Esta aqui está a ser o maior desafio de todos os tempos mas pelo menos, toda ela é uma folha em branco para eu criar. A cultura geral dela é um cruzamento entre o Cavaco Silva e a Luciana Abreu. Tem aquelas referências clássicas (“música clássica é boa”, “gosto muito de museus com arte antiga”) e aquelas irreverências modernas (“os gostos não se discutem”, “sintoniza a rádio cidade por favor”).
Mas com paciência pode ir ao lugar. Ontem, pela primeira vez, convenci-a a irmos à Fnac comprar livros. Sei que não é perfeito, mas temos de ir um passo de cada vez. Ela acha absurdo ir a livrarias quando há livros no Continente e pelo caminho dá para comprar papel absorvente em promoção, lombo de porco e pacotinhos de vinho branco dos grandes para cozinhar (os pequenos não compensam).
Observei-a com interesse e tentando não interferir. A primeira tentação foi olhar para a montra da Fnac, depois para os expositores. Reparei que tinha tendência a pegar nos livros que tinham capas coloridas e que estavam bem em destaque, com espaço à volta e títulos apelativos como “O Décimo Dom”, “Romance atribulado”, “A magia do amor” ou “O cãozinho que chegou no natal”. A certa altura achei que devia intervir e levei-a para a secção de literatura séria. Sentiu-se inexplicavelmente atraída pelo livro “Livro” do José Luís Peixoto, exposto por engano nessa secção, ao lado de uma foto do mesmo em tamanho natural, tão assustadora que me senti fisicamente incomodado. Começou a folheá-lo. Fiquei furioso mas contive-me. Penso que temos de ser pedagógicos nestes momentos.
- Porque escolheste esse querida? Não queres antes levar este aqui ó, o Livro do Desassosego.
- A Roberta da recepção já me falou neste. Já estive para comprar, no Continente está mais barato. Ganhou o prémio Saramago.
- Leva antes este do Fernando Pessoa. Já ouviste falar no Fernando Pessoa?
- Já, parvo. Não, vou antes levar o “Livro”.
- Leva antes este, O livro do Desassossego. Por favor. Não leves esse. Eu ofereço-te o livro.
- Mas esse é sobre quê? Eu não gosto de coisas deprimentes aviso-te já.
- Este não é deprimente. Nada. É um senhor que está… desassossegado percebes? Então está sempre a pensar em coisas… engraçadas e… e a imaginar coisas… lembras-te dos marretas?
- Os marretas?
- Sim, mas os bonecos, os muppet babies. Eles imaginavam sempre coisas e depois viviam no mundo de fantasia, isto é parecido.
- Eu não gosto muito de coisas com muita fantasia. Odiei o Guerra das Estrelas e o outro, o que me mostraste…
- O Blade Runner. Mas deste vais gostar…
- Eu não tenho tempo para ler uma coisa desse tamanho.
Pegou no livro como se pegasse num animal morto pela cauda. Olhou para mim, para o livro, para mim, para o livro, encolheu os ombros e levou-o.
Um pequeno passo para ela, um grande passo para a cultura nacional. Fui eu que paguei o livro mas por uma boa causa. Depois passámos pelo Continente comprar lombo de porco. Ela não cozinha mal.
Esta aqui está a ser o maior desafio de todos os tempos mas pelo menos, toda ela é uma folha em branco para eu criar. A cultura geral dela é um cruzamento entre o Cavaco Silva e a Luciana Abreu. Tem aquelas referências clássicas (“música clássica é boa”, “gosto muito de museus com arte antiga”) e aquelas irreverências modernas (“os gostos não se discutem”, “sintoniza a rádio cidade por favor”).
Mas com paciência pode ir ao lugar. Ontem, pela primeira vez, convenci-a a irmos à Fnac comprar livros. Sei que não é perfeito, mas temos de ir um passo de cada vez. Ela acha absurdo ir a livrarias quando há livros no Continente e pelo caminho dá para comprar papel absorvente em promoção, lombo de porco e pacotinhos de vinho branco dos grandes para cozinhar (os pequenos não compensam).
Observei-a com interesse e tentando não interferir. A primeira tentação foi olhar para a montra da Fnac, depois para os expositores. Reparei que tinha tendência a pegar nos livros que tinham capas coloridas e que estavam bem em destaque, com espaço à volta e títulos apelativos como “O Décimo Dom”, “Romance atribulado”, “A magia do amor” ou “O cãozinho que chegou no natal”. A certa altura achei que devia intervir e levei-a para a secção de literatura séria. Sentiu-se inexplicavelmente atraída pelo livro “Livro” do José Luís Peixoto, exposto por engano nessa secção, ao lado de uma foto do mesmo em tamanho natural, tão assustadora que me senti fisicamente incomodado. Começou a folheá-lo. Fiquei furioso mas contive-me. Penso que temos de ser pedagógicos nestes momentos.
- Porque escolheste esse querida? Não queres antes levar este aqui ó, o Livro do Desassosego.
- A Roberta da recepção já me falou neste. Já estive para comprar, no Continente está mais barato. Ganhou o prémio Saramago.
- Leva antes este do Fernando Pessoa. Já ouviste falar no Fernando Pessoa?
- Já, parvo. Não, vou antes levar o “Livro”.
- Leva antes este, O livro do Desassossego. Por favor. Não leves esse. Eu ofereço-te o livro.
- Mas esse é sobre quê? Eu não gosto de coisas deprimentes aviso-te já.
- Este não é deprimente. Nada. É um senhor que está… desassossegado percebes? Então está sempre a pensar em coisas… engraçadas e… e a imaginar coisas… lembras-te dos marretas?
- Os marretas?
- Sim, mas os bonecos, os muppet babies. Eles imaginavam sempre coisas e depois viviam no mundo de fantasia, isto é parecido.
- Eu não gosto muito de coisas com muita fantasia. Odiei o Guerra das Estrelas e o outro, o que me mostraste…
- O Blade Runner. Mas deste vais gostar…
- Eu não tenho tempo para ler uma coisa desse tamanho.
Pegou no livro como se pegasse num animal morto pela cauda. Olhou para mim, para o livro, para mim, para o livro, encolheu os ombros e levou-o.
Um pequeno passo para ela, um grande passo para a cultura nacional. Fui eu que paguei o livro mas por uma boa causa. Depois passámos pelo Continente comprar lombo de porco. Ela não cozinha mal.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
blogos de ouro
A propósito dos prémios dos blogs e essas coisas, eu só tenho a dizer que me faz muita, muita confusão ver a tentativa de exportar para o mundo dos blogs (ou importar?) as mesmas referências, hierarquias e formas de estar que se vêem no mundo velho, nomeadamente, o das estações de televisão com concursos com votação por sms ou nas colunas de opinião dos jornais em que as pessoas têm opiniões sólidas e baças com uma dignidade a toda a prova. É bem mais fácil para o velho mundo, no seu desejo de sobrevivência e de se interligar com uma coisa fixe como isso das modernas redes sociais, quando esta aparenta não só falar a sua linguagem mas quando também lhe presta a vassalagem dos agradecidos. Este pequeno desabafo bem que podia passar sem o cliché do "em Portugal [inserir característica sociológica de cariz provinciano]" mas não passa.
até que enfim! :)
O Capote tem um conto normal, um conto que podia ter sido escrito por um ser humano com muito tempo e boas capacidades de escrita, chama-se Headless Hawk.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
poesia é má ideia
Não sei falar com raparigas. Dizem que sei escrever bem. Escrevi isto num guardanapo ontem, ao jantar, inspirado pelo queijo ensopado em azeite e ervas e o Kopke Reserva só para mim (ela só bebe Fanta), com a justificação que estava a escrever uma lista de compras para a Worten (onde fomos hoje):
Sorris com o corpo todo, a boca de lábios carnudos e doces num smiley com 'D' grande, os teus olhos prolongam-se das pestanas enormes para uma linha oriental e misteriosa, as maçãs do teu rosto, rosadas como as de uma miúda, coram em uníssono, os teus ombros encolhem-se timidamente e as tuas mãos agarram as minhas e atiras uma luz que afugenta a escuridão dos recantos mais inóspitos da minha alma para longe de mim e eu
Não deu para escrever mais que a comida chegou. Ela gosta de comer e não fala enquanto come. Tenho de me despachar a comer a minha parte e raramente tenho hipótese de repetir. Depois rapa o prato com bocados de pão, lembra-me as minhas cadelas a quem a minha mãe dava os pratos antes de os meter na máquina de lavar loiça. Dei-lhe o guardanapo no carro mas ficou emperrada no "smiley com 'D' grande", não percebeu, tive de lhe explicar a cena dos emoticons da Internet e depois dizer-lhe que foi alguém que me explicou isto, que eu também não sabia. Fomos a ouvir o sunday bloody sunday, ela já percebeu que aquela música me irrita mas diz que ouvir o sunday bloody sunday ao domingo tem imensa piada. Até tem, acho que ela não percebe bem porquê, mas ri-se na mesma.
Sorris com o corpo todo, a boca de lábios carnudos e doces num smiley com 'D' grande, os teus olhos prolongam-se das pestanas enormes para uma linha oriental e misteriosa, as maçãs do teu rosto, rosadas como as de uma miúda, coram em uníssono, os teus ombros encolhem-se timidamente e as tuas mãos agarram as minhas e atiras uma luz que afugenta a escuridão dos recantos mais inóspitos da minha alma para longe de mim e eu
Não deu para escrever mais que a comida chegou. Ela gosta de comer e não fala enquanto come. Tenho de me despachar a comer a minha parte e raramente tenho hipótese de repetir. Depois rapa o prato com bocados de pão, lembra-me as minhas cadelas a quem a minha mãe dava os pratos antes de os meter na máquina de lavar loiça. Dei-lhe o guardanapo no carro mas ficou emperrada no "smiley com 'D' grande", não percebeu, tive de lhe explicar a cena dos emoticons da Internet e depois dizer-lhe que foi alguém que me explicou isto, que eu também não sabia. Fomos a ouvir o sunday bloody sunday, ela já percebeu que aquela música me irrita mas diz que ouvir o sunday bloody sunday ao domingo tem imensa piada. Até tem, acho que ela não percebe bem porquê, mas ri-se na mesma.
sábado, 11 de dezembro de 2010
oh yeah...
Só para dizer que correu bem, ataquei antes de irmos dançar. Não é que tivesse grande vontade porque viemos do restaurante a ouvir merengue e U2. Vou descobrir mais qualidades se continuar atento. Veio o caminho todo genuinamente entusiasmada com a música e a cantar, com a janela aberta. Quando chegamos ao salsa latina tive vontade de me atirar de uma ponte mas como isso me acontece frequentemente, não me incomoda por aí além. E ela não saía do carro, sempre a pôr mais uma e outra e outra música, ora salsa, ora o sunday blody sunday, às tantas desliguei o rádio com um soco no botão do off e ela ficou a olhar para mim com cara de parva e chocada e com o lábio de baixo a tremer. Tive de a beijar, não sabia como sair daquela situação. É um truque muito eficaz, até na FNAC do Colombo já fiz isto à miúda da livraria porque me apanhou a rabiscar "<-- isto é uma merda" na margem de todos os livros do José Luís Peixoto e queria denunciar-me à segurança.
Tenho de me despachar a fazer este post, ela está a tomar banho e só tive tempo de ligar o Kanguru ao portátil, se me vê nisto, estou lixado. Não tem internet em casa. Mas tem um computador que o pai lhe deu, não é info-excluída. Só vi três livros cá em casa e um era o Equador. So much for "eu adoro ler". O que elas dizem nos primeiros encontros. Talvez se referisse às legendas do Love Actually que vimos em dvd depois da tarde na decathlon de Loures. Mas penso que a posso transformar e educar, com paciência e persistência.
Tenho de me despachar a fazer este post, ela está a tomar banho e só tive tempo de ligar o Kanguru ao portátil, se me vê nisto, estou lixado. Não tem internet em casa. Mas tem um computador que o pai lhe deu, não é info-excluída. Só vi três livros cá em casa e um era o Equador. So much for "eu adoro ler". O que elas dizem nos primeiros encontros. Talvez se referisse às legendas do Love Actually que vimos em dvd depois da tarde na decathlon de Loures. Mas penso que a posso transformar e educar, com paciência e persistência.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
tenho um date logo à noite, agradeço conselhos
Ok ok, tenho um date logo à noite. Ela nem sonha que eu tenho a merda deste blog. Seria de pensar que isto até podia jogar a meu favor (com vocês era trigo limpo farinha amparo) mas com esta não, porque pelo que percebi, ela é mais do género de ler os jornais e livros em papel e tem péssima impressão da "internet" e de nós em geral. Preciso de parecer uma pessoa que não tem um blog. O que é complicado porque eu tenho blogs há quase uma década.
Estou a tentar lembrar-me de coisas que fazia antes de ter blogs, lembro-me de uma vez ter tido um amigo que não conheci pela internet mas entretanto perdi-lhe o rasto porque me esqueci do nome dele e é difícil encontrar uma pessoa no facebook só a fazer browse de fotografias de perfis ao acaso. E lembro-me de uma vez ter passeado fora de casa, ao ar livre.
O pior é que ela tem aspecto de ser uma pessoa equilibrada e prática, daquelas que diz "és tão aldrabão" quando estamos a ser irónicos. Odeia fumo, pelo que não vou fumar e já estou a sentir os sintomas de privação, que envolvem irritabilidade e sono.
Acho que é daquelas enrascadas em que me meto só por causa de um decote. Ela dança salsa e merengue. Dança muito bem salsa e merengue pelo que me disseram. E eu, como é óbvio, disse-lhe que dançava muito bem salsa e merengue no coffee break da conferência onde a conheci. O que não é verdade. Até porque odeio salsa e merengue. Acho piada a ver tango, mas foda-se, eu não danço, tough guys dont dance. E claro, vamos à merda de um clube de salsa e merengue... Estou a ver videos no youtube a ver se aprendo até às 23h.
Não é que espere que vocês saibam alguma merda disto caso contrário não andavam nos blogs, mas se tiverem conselhos, agradeço. Como faço para torcer um pé por exemplo? De maneira a não doer muito?
Estou a tentar lembrar-me de coisas que fazia antes de ter blogs, lembro-me de uma vez ter tido um amigo que não conheci pela internet mas entretanto perdi-lhe o rasto porque me esqueci do nome dele e é difícil encontrar uma pessoa no facebook só a fazer browse de fotografias de perfis ao acaso. E lembro-me de uma vez ter passeado fora de casa, ao ar livre.
O pior é que ela tem aspecto de ser uma pessoa equilibrada e prática, daquelas que diz "és tão aldrabão" quando estamos a ser irónicos. Odeia fumo, pelo que não vou fumar e já estou a sentir os sintomas de privação, que envolvem irritabilidade e sono.
Acho que é daquelas enrascadas em que me meto só por causa de um decote. Ela dança salsa e merengue. Dança muito bem salsa e merengue pelo que me disseram. E eu, como é óbvio, disse-lhe que dançava muito bem salsa e merengue no coffee break da conferência onde a conheci. O que não é verdade. Até porque odeio salsa e merengue. Acho piada a ver tango, mas foda-se, eu não danço, tough guys dont dance. E claro, vamos à merda de um clube de salsa e merengue... Estou a ver videos no youtube a ver se aprendo até às 23h.
Não é que espere que vocês saibam alguma merda disto caso contrário não andavam nos blogs, mas se tiverem conselhos, agradeço. Como faço para torcer um pé por exemplo? De maneira a não doer muito?
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
todos temos potencial para pieguice romântica...
É bom quando somos retribuídos. Quando não somos, como quando eu quis dar o urso de peluche à V. em 1993 e nem o tirei da mochila porque ela acabou comigo e depois quis dar o urso à A. a fingir que o tinha comprado para ela e ela não quis aceitar nem numa de amigos, e eu depois disse que não tinha comprado para ela mas para a V. só para a lixar e ela não acreditou e pensou que eu estivesse só a disfarçar o desaire e acabei o dia humilhado por duas raparigas e com um urso de peluche novinho a dizer-me I Love You num valentim, aí, é mau. Mas só nesses casos, isto raramente me acontece agora.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
o que é uma rádio de província?
A Zozô pergunta "o que é uma rádio de província?" no comentário ao post.
Bom, não me vou debruçar sobre a província, onde vivi toda a minha vida relevante, mas estações de rádios de província portuguesas, epá, sim. Numa rádio de província, a publicidade, só para citar um exemplo, segue este esquema geral:
*som ambiente de rua*
- Olá! O que estás a fazer?
- Vou ao Leitão Mágico almoçar!
- Ao Leitão Mágico?
- Sim, ao Leitão Mágico!
- O Leitão Mágico?
- É o restaurante Leitão Mágico, fica na primeira rotunda à saída da A8 para o Bombarral ao pé dos armazéns da latada! Com o menu do almoço, tens direito a leitão frio ou quente, acompanhado com batata frita na hora, uma bebida à tua escolha e sobremesas diversas! E tudo a módicos preços de crescer água na boca! E podes reservar mesa pelo 9123212322! Liga já!
- Pelo 9123212322?
- Sim! 9123212322 entre as 10 e as 22h! Encerra às 2ªs para descanso do pessoal.
- Ena! Posso ir contigo ao Leitão Mágico? Estou com cá com uma fomeca!
- É a magia do Leitão Mágico! Vem daí comigo!
*voz de locutor com efeito de eco e com música techno por trás*
- TUM TUM Leitão Magico co co co TUM TUM TUM Na primeira rotunda à saída da A8 para o Bombarral al al TUM TUM TUM ao pé dos armazéns da latada ada ada TUM KZZT TUM TUM Reservas pelo 9123212322 2 2 TUM TUM Reserve já á á
Bom, não me vou debruçar sobre a província, onde vivi toda a minha vida relevante, mas estações de rádios de província portuguesas, epá, sim. Numa rádio de província, a publicidade, só para citar um exemplo, segue este esquema geral:
*som ambiente de rua*
- Olá! O que estás a fazer?
- Vou ao Leitão Mágico almoçar!
- Ao Leitão Mágico?
- Sim, ao Leitão Mágico!
- O Leitão Mágico?
- É o restaurante Leitão Mágico, fica na primeira rotunda à saída da A8 para o Bombarral ao pé dos armazéns da latada! Com o menu do almoço, tens direito a leitão frio ou quente, acompanhado com batata frita na hora, uma bebida à tua escolha e sobremesas diversas! E tudo a módicos preços de crescer água na boca! E podes reservar mesa pelo 9123212322! Liga já!
- Pelo 9123212322?
- Sim! 9123212322 entre as 10 e as 22h! Encerra às 2ªs para descanso do pessoal.
- Ena! Posso ir contigo ao Leitão Mágico? Estou com cá com uma fomeca!
- É a magia do Leitão Mágico! Vem daí comigo!
*voz de locutor com efeito de eco e com música techno por trás*
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a mãe de todas as missões
Visto que vou ser revelado em breve pela WikiLeaks, achei que me devia adiantar e tomar a iniciativa de divulgar isto. Trabalhei durante 14 anos como duplo agente espião do MI6 e da CIA na Rússia, no Irão, no Iraque, na Coreia do Norte e no Luxemburgo. O meu modus operandi envolvia sempre a aproximação e, no caso das mulheres, sedução, de altas patentes militares e governamentais destes países. Fui colega de trabalho de espiões tão famosos como o Ice King, Fire Fox, Tornado Stud e Solid Metal. O meu nome de código era Fluffy Panda.
Sempre fui contra o meu nome de código mas diziam-me que eram gerados aleatoriamente e que não podíamos escolher o nosso. Primeiro, aproximava-me da vítima pelo chat do facebook dela com likes em tudo o que fizesse. As minhas fotos, sempre fictícias, davam-me o ar de ser uma pessoa sociável e importante.
A minha foto no hall of fame dos espiões do MI6
A CIA, o MI6, ajudavam-me a ser amigo de pessoas influentes e inacessíveis, como o Cristiano Ronaldo. Se o George W. Bush postasse uma foto de uma arma de destruição maciça no iraque, eu comentava “obviously fake! Lol!” ao que ele respondia “chiney’s been busy doing us some photoshopping ;)”
Se o Bin Laden, no facebook group Axis of Evil, publicasse uma foto das torres gémeas a explodir com tags de todos os que colaboraram no atentado (Mohamed Atta, Waleed al-Shehri, Wail al-Shehri, Abdulaziz al-Omari, Satam al-Suqam) e com o título “para os do meu coração” eu fazia like e comentava "better not poke you Binie, you might explode lol!"
Era frequente atrair mulheres em elevados postos de comando, mulheres que viviam em estados de outro modo inacessíveis e que se sentiam atraídas por pessoas com sentido de humor e sem escrúpulos. Com subtileza, conseguia encontros com mulheres como a Chan-Sook, a mulher a dias do Kim Jong, ou a Veronika Zemanova e a Eva Wyrwal, o grande par de assassinas de Vladimir Puttin.
Queria retirar-me e levar uma vida sossegada, humilde, a coberto de outra identidade.
Mas há uma semana o telemóvel Hello Kitty tocou e ele só toca nos momentos mais graves. Era o Manuel Luís Gouxa, conhecido por Flamboyant Rainbow e já desmascarado pela WikiLeaks, o chefe de operações em Portugal. Deu-me mais uma missão. Esta é talvez a mais perigosa de todas. A mais perigosa mesmo. Sei que tenho inimigos no MI6. Isto deve ser obra do Ice King e do Fire Fox, por causa do meu lugar de estacionamento. Não quero falar muito nisso. O meu tempo é curto, tenho de fazer preparativos. Talvez nos voltemos a ver.
Sempre fui contra o meu nome de código mas diziam-me que eram gerados aleatoriamente e que não podíamos escolher o nosso. Primeiro, aproximava-me da vítima pelo chat do facebook dela com likes em tudo o que fizesse. As minhas fotos, sempre fictícias, davam-me o ar de ser uma pessoa sociável e importante.
A minha foto no hall of fame dos espiões do MI6
A CIA, o MI6, ajudavam-me a ser amigo de pessoas influentes e inacessíveis, como o Cristiano Ronaldo. Se o George W. Bush postasse uma foto de uma arma de destruição maciça no iraque, eu comentava “obviously fake! Lol!” ao que ele respondia “chiney’s been busy doing us some photoshopping ;)”
Se o Bin Laden, no facebook group Axis of Evil, publicasse uma foto das torres gémeas a explodir com tags de todos os que colaboraram no atentado (Mohamed Atta, Waleed al-Shehri, Wail al-Shehri, Abdulaziz al-Omari, Satam al-Suqam) e com o título “para os do meu coração” eu fazia like e comentava "better not poke you Binie, you might explode lol!"
Era frequente atrair mulheres em elevados postos de comando, mulheres que viviam em estados de outro modo inacessíveis e que se sentiam atraídas por pessoas com sentido de humor e sem escrúpulos. Com subtileza, conseguia encontros com mulheres como a Chan-Sook, a mulher a dias do Kim Jong, ou a Veronika Zemanova e a Eva Wyrwal, o grande par de assassinas de Vladimir Puttin.
Queria retirar-me e levar uma vida sossegada, humilde, a coberto de outra identidade.
Mas há uma semana o telemóvel Hello Kitty tocou e ele só toca nos momentos mais graves. Era o Manuel Luís Gouxa, conhecido por Flamboyant Rainbow e já desmascarado pela WikiLeaks, o chefe de operações em Portugal. Deu-me mais uma missão. Esta é talvez a mais perigosa de todas. A mais perigosa mesmo. Sei que tenho inimigos no MI6. Isto deve ser obra do Ice King e do Fire Fox, por causa do meu lugar de estacionamento. Não quero falar muito nisso. O meu tempo é curto, tenho de fazer preparativos. Talvez nos voltemos a ver.
zombies, sois um zombies
Adoro os Beagles (a melhor banda) e os Beach Boys (os melhores álbuns), os Love, Buffalo Springfield, Velvet Underground, Os Mutantes, Animals, Doors, Can, Van Morrison,... mas assim a minha bandazinha preferida dos 60s são os The Zombies, uma coisinha injustamente apagada pelos dois colossos atrás referidos. Não percebo o mundo, o mundo é mau e injusto.
O Colin Blunstone, o tímido vocalista e compositor dos Zombies, tem uma voz que, foda-se.
Aqui num cover do Summertime e é obviamente a minha versão preferida desta música. Se as pessoas não gostam disto, eu não posso gostar de pessoas e estamos todos bem uns para os outros.
(o grande hit dos zombies, o time of the season)
O Colin Blunstone, o tímido vocalista e compositor dos Zombies, tem uma voz que, foda-se.
Aqui num cover do Summertime e é obviamente a minha versão preferida desta música. Se as pessoas não gostam disto, eu não posso gostar de pessoas e estamos todos bem uns para os outros.
(o grande hit dos zombies, o time of the season)
domingo, 5 de dezembro de 2010
os meus discos preferidos não interessam a praticamente ninguém:#23 Beach Boys - Pet Sounds (1966)
Este por acaso, é mesmo o meu disco preferido :) E encontrei a versão stereo desta música (originalmente isto era mono, como a nucleose)
The best Beach Boys album, and one of the best of the 1960s. The group here reached a whole new level in terms of both composition and production, layering tracks upon tracks of vocals and instruments to create a richly symphonic sound. Conventional keyboards and guitars were combined with exotic touches of orchestrated strings, bicycle bells, buzzing organs, harpsichords, flutes, theremin, Hawaiian-sounding string instruments, Coca-Cola cans, barking dogs, and more. It wouldn't have been a classic without great songs, and this has some of the group's most stunning melodies, as well as lyrical themes which evoke both the intensity of newly born love affairs and the disappointment of failed romance (add in some general statements about loss of innocence and modern-day confusion as well). The spiritual quality of the material is enhanced by some of the most gorgeous upper-register male vocals (especially by Brian and Carl Wilson) ever heard on a rock record. - AMG
The best Beach Boys album, and one of the best of the 1960s. The group here reached a whole new level in terms of both composition and production, layering tracks upon tracks of vocals and instruments to create a richly symphonic sound. Conventional keyboards and guitars were combined with exotic touches of orchestrated strings, bicycle bells, buzzing organs, harpsichords, flutes, theremin, Hawaiian-sounding string instruments, Coca-Cola cans, barking dogs, and more. It wouldn't have been a classic without great songs, and this has some of the group's most stunning melodies, as well as lyrical themes which evoke both the intensity of newly born love affairs and the disappointment of failed romance (add in some general statements about loss of innocence and modern-day confusion as well). The spiritual quality of the material is enhanced by some of the most gorgeous upper-register male vocals (especially by Brian and Carl Wilson) ever heard on a rock record. - AMG
a profundidade escondida na grande pop (e a vantagem de se sintonizar uma rádio de província de vez em quando)
Os movimentos de dança dos homens neste video, algures entre o "fuck Im cool yeahh" e o "Im so gay ;)" lembram-me porque motivo eu só danço quando não me posso lembrar de que o fiz.
Gosto muito destas canções passivo-agressivas em que alguém com dor de corno canta sozinho para o(a) ex que provavelmente já está noutra e pensa "whatever..." enquanto ele(a), encharcado em prozac, berra "I will survive" ou "I saw the sign!"
Mas mesmo que uma pessoa cante sozinha e ninguém lhe ligue nenhuma, o importante é cantar. Vejam lá o pardal, no galho, também está ali, muitas vezes sozinho, a fazer chip chip I saw chip the sign como um tontinho ehehehe pfff... Ninguém o está a ouvir! Chip chip chip E nem sequer tem bonitos bailarinos a fazerem coreografias estilosas, como neste video. E rala-se? Não. Então caluda :)
(5 cervejas)
I saw the sign. chip.
Gosto muito destas canções passivo-agressivas em que alguém com dor de corno canta sozinho para o(a) ex que provavelmente já está noutra e pensa "whatever..." enquanto ele(a), encharcado em prozac, berra "I will survive" ou "I saw the sign!"
Mas mesmo que uma pessoa cante sozinha e ninguém lhe ligue nenhuma, o importante é cantar. Vejam lá o pardal, no galho, também está ali, muitas vezes sozinho, a fazer chip chip I saw chip the sign como um tontinho ehehehe pfff... Ninguém o está a ouvir! Chip chip chip E nem sequer tem bonitos bailarinos a fazerem coreografias estilosas, como neste video. E rala-se? Não. Então caluda :)
(5 cervejas)
I saw the sign. chip.
sábado, 4 de dezembro de 2010
guerra de vizinhos.
Está a chover. À minha janela há uma arvore. Do outro lado tenho um lote de quintal só para mim que está em decadência, tenho de fazer obras. Quero fazer um alpendre pequeno, uma salinha arrecadação e um barbecue. A salinha pequena será o meu refúgio e do cão, quando eu e ele tivermos filhos e uma esposa fértil para conceber e criar. Tenho uma palmeira e 5 árvores que não sei identificar, penso que uma é uma laranjeira mas as laranjas são mais ácidas que uma noitada dos Happy Mondays. Os meus vizinhos, donos de 2 andares, uniram dois lotes de quintal num mega quintal e decoraram-no Big Brother style, com aquele chão de teca, mini-piscina, flores, relva, um cão simpático. É tão perfeito e quase sinto remorsos em deitar beatas lá para baixo. Mas os do prédio um pouco mais ao lado foram mais longe. Instalaram um mega alpendre e puffs coloridos e pintaram tudo de verde alface animador. Cercaram com canas genuínas, que dão um aspecto de lounge algarvio. Aos fins de semana, os vizinhos levam crianças para brincarem nos respectivos quintais. Um tem balizas, daquelas desmontaveis. Cada fim de semana há mais e mais crianças, de um lado e de outro, aos berros, acho que as recrutam entre os amigos dos filhos na escola ou da empregada e mesmo da casa pia. Os vizinhos avaliam a quantidade de crianças que o outro tem e o grau de diversão. O que não tinha as balizas começou a ficar frustrado, a mulher a olhar para ele com desdém, os miúdos pendurados no muro a invejar a baliza e os outros a jogar à bola. Comprou uma mesa de pinge pongue e um set de pinos de bowling. Agora no inverno isto amainou um bocado. Entretanto, outro vizinho, que tem ficado discreto, não se podia ficar atrás e mandou abaixo as árvores todas e há buldozzers alinhados no parque de estacionamento. Medo.
(nota: comecei o texto com "Está a chover. À minha janela há uma arvore." porque pensava que ia escrever outra coisa, mas deu para este lado. O título foi posto à posteriori, o que dá uma ilusão interessante, porque o leitor lê o título à priori. Também reescrevi o texto três vezes, isto dá trabalho)
(nota: comecei o texto com "Está a chover. À minha janela há uma arvore." porque pensava que ia escrever outra coisa, mas deu para este lado. O título foi posto à posteriori, o que dá uma ilusão interessante, porque o leitor lê o título à priori. Também reescrevi o texto três vezes, isto dá trabalho)
O que estás a fazer neste momento Tolan?
Em frente ao blogger numa sexta à noite.
Homenagem ao Pipoco.
(para quem for inteligente, quantas iterações tive de fazer até chegar aqui?)
Homenagem ao Pipoco.
(para quem for inteligente, quantas iterações tive de fazer até chegar aqui?)
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
poker (update: já postei isto uma vez, mas isto não é copy paste, a piada é essa)
O poker é um grande tema literário e de conversa. Podia falar cerca de 14 horas sem interrupção, sobre poker, aliás, só não o fiz porque fiquei com sono e já não havia ninguém à minha volta na rua da rosa no bairro. Escrevi "sem interrupção" porque não consegui escrever o advérbio de modo correspondente.
Podia escrever um livro de poker. É fácil. Já li cerca de 12 livros de poker e estudo-o com afinco. Doyle, Gus Hansen, Dan Harrington, Negreanu, Ivey, foram todos meus professores. Mas um livro de poker escrito por mim seria praticamente inútil a outra pessoa. O poker é a modos que o barómetro monetário das nossas disfuncções cognitivas e comportamentais. São impacientes? Não joguem poker. São impulsivos? Não joguem poker. Não têm tomates? Não joguem poker. Não sabem mentir? Não joguem poker. Não sabem avaliar as outras pessoas? Não joguem poker. São maus em lógica e noções básicas de probabilidades porque seguiram letras? Não joguem poker. Acham que são os maiores? Não joguem. Etc.
Quase ninguém devia jogar mas as boas notícias é que jogando pessoas que não deviam jogar, vocês podem ser um pouco menos más do que elas. O objectivo, tal como nas sociedades capitalísticas, é explorar os fracos e manter-se afastado dos grandes. Eu identifico os fracos graças a dois softwares, um que me regista as jogadas todas e outro que me faz o scan de todas as mesas dos sites em que jogo. Quando apanho um fish (um tanso), marco-o e sigo-o para onde quer que ele vá, mesmo que passem semanas, meses. Não sou só eu a fazer isso. Eles, por definição de fish, nem se apercebem da improbabilidade de eu estar sempre nas mesas onde eles estão, entretidos e a fazer figas para que as cartas lhes saiam bem. A vida é lixada. Em compensação, acho que sou seguido por dois sharks a sério porque costumam aterrar nas mesas onde estou. Dizem que devemos mudar o nick regularmente por causa das coisas mas eu até me afeiçoei aos gajos e fazem-me companhia.
Podia escrever um livro de poker. É fácil. Já li cerca de 12 livros de poker e estudo-o com afinco. Doyle, Gus Hansen, Dan Harrington, Negreanu, Ivey, foram todos meus professores. Mas um livro de poker escrito por mim seria praticamente inútil a outra pessoa. O poker é a modos que o barómetro monetário das nossas disfuncções cognitivas e comportamentais. São impacientes? Não joguem poker. São impulsivos? Não joguem poker. Não têm tomates? Não joguem poker. Não sabem mentir? Não joguem poker. Não sabem avaliar as outras pessoas? Não joguem poker. São maus em lógica e noções básicas de probabilidades porque seguiram letras? Não joguem poker. Acham que são os maiores? Não joguem. Etc.
Quase ninguém devia jogar mas as boas notícias é que jogando pessoas que não deviam jogar, vocês podem ser um pouco menos más do que elas. O objectivo, tal como nas sociedades capitalísticas, é explorar os fracos e manter-se afastado dos grandes. Eu identifico os fracos graças a dois softwares, um que me regista as jogadas todas e outro que me faz o scan de todas as mesas dos sites em que jogo. Quando apanho um fish (um tanso), marco-o e sigo-o para onde quer que ele vá, mesmo que passem semanas, meses. Não sou só eu a fazer isso. Eles, por definição de fish, nem se apercebem da improbabilidade de eu estar sempre nas mesas onde eles estão, entretidos e a fazer figas para que as cartas lhes saiam bem. A vida é lixada. Em compensação, acho que sou seguido por dois sharks a sério porque costumam aterrar nas mesas onde estou. Dizem que devemos mudar o nick regularmente por causa das coisas mas eu até me afeiçoei aos gajos e fazem-me companhia.
Lisboa
Num café onde vou há sempre uma velhinha resmungona. Senta-se ao balcão e fala sozinha muito alto, com a dicção típica dos bairros marialvas de Lisboa. Tecnicamente, não fala sozinha, mas sim para os empregados do café, gente transmontana que aqui fixou o negócio. O problema é que os empregados mantêm um ar severo e só de vez em quando censuram a senhora por ser tão pessimista. Posso estar a ler Dostoiévski, que pouso sempre o livro e presto atenção literária ao que diz. Ontem:
- Epá, isto de uma pessoa morrer é do caneco. Eu já nem devia tar aqui. 'Não diga isso'? Há 10 anos tentei mandar-me da ponte mas não me deixaram. É o deixastes. Apareceu logo a polícia ó caraças. Apareceram com aqueles carros e um daqueles psicónogos ou psicolatras. Não meta muito leite no galão, está-me sempre a pôr leite a mais no galão. Não deixam uma pessoa atirar-se da ponte sossegada. Este está cada vez pior - olho para a TV, o Luís Goucha apresenta-se com uma toilete berrante e faz maneirismos afectados no programa da manhã com aquela bimba da voz esganiçada - Olha prá aquilo. Tem algum jeito? Um senhor tão jeitoso naquelas figuras. O meu marido é que pensou que se via livre de mim, o cabrão. É o vistes. O galão está muito quente, quer que eu me queime?! Você quer que eu me queime.
Não consigo voltar a ler.
- Epá, isto de uma pessoa morrer é do caneco. Eu já nem devia tar aqui. 'Não diga isso'? Há 10 anos tentei mandar-me da ponte mas não me deixaram. É o deixastes. Apareceu logo a polícia ó caraças. Apareceram com aqueles carros e um daqueles psicónogos ou psicolatras. Não meta muito leite no galão, está-me sempre a pôr leite a mais no galão. Não deixam uma pessoa atirar-se da ponte sossegada. Este está cada vez pior - olho para a TV, o Luís Goucha apresenta-se com uma toilete berrante e faz maneirismos afectados no programa da manhã com aquela bimba da voz esganiçada - Olha prá aquilo. Tem algum jeito? Um senhor tão jeitoso naquelas figuras. O meu marido é que pensou que se via livre de mim, o cabrão. É o vistes. O galão está muito quente, quer que eu me queime?! Você quer que eu me queime.
Não consigo voltar a ler.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
disco preferido que não interessa a ninguém, Velvet Underground, Loaded (1970) e reflexão inconsequente
O Bukowski diz, algures na maravilhosa entrevista partilhada pelo Pedro Gois Nogueira nos comentários ao post do Under The Volcano (respirar) que está pronto para morrer porque com a idade as coisas tendem a entrar em repetição. Nesta música, o esmagador I Found A Reason, o Lou Reed canta "I do believe, if you dont like things, you leave for some place you never gonne before e "I do believe you are what you perceive, what comes is better than what came before". Gosto muito desta canção, é raro uma coisa inspirar-me tanto e ser tão boa, como aquele anúncio do Nescafé e aquela música.
O narrador da canção vem de um mundo de solidão, descrito com clichés na pausa aos 1:48, que tanto podem ser irónicos, como reais. A esperança a emergir do coração das trevas ensopado em heroína dos Velvet Undergound e tudo porque ele encontrou a mulher. Consigo marcar com precisão alguns momentos em que senti qualquer coisa a quebrar para sempre, como provavelmente o caro leitor também consegue. Pense no primeiro cão que lhe morreu, na primeira ilusão de amor desfeita, na primeira traição que cometeu ou que cometeram sobre si, nos caminhos que se fecham com o tempo, nos sonhos que teve e que adormecem cheios de pó numa arca e nas fotos de avós ou bisavós que nunca conheceu e cujos genes estão em si. Está sempre a acontecer, o passado repete-se, outro natal, outro ano novo, outro aniversário, o eixo norte sul cheio de trânsito numa noite fria de dezembro, as gotas no pára-brisas a reflectir as luzes da ambulância numa constelação vermelha e azul e no rádio as notícias da crise, mais uma, outra e outra e outra e imaginamo-nos naquela ambulância luminosa, confusos e assustados com os rostos desconhecidos debruçados sobre nós e cá fora, as pessoas educadamente a desviarem os carros. Por isso, para mim é bom ouvir músicas como o I found a Reason, mesmo que seja apenas uma música de uma banda de agarrados de nova iorque, o rock, a poesia, é a voz de Deus, é a minha religião e fé. O que vem é sempre melhor do que o agora. É como o plantel do Benfica, 2011 e a próxima mão num jogo de poker.
como não consigo decidir o meu disco preferido dos Beagles, fica aqui o fascinante Real Love do anthology (box set), disc 2- 1996 que comove a costureirinha ternurenta que há em mim
(teria sido tão melhor se eles se tivessem chamado The Beagles)
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
grandes livros que não acabei: Under The Volcano - Malcolm Lowry
Ao contrário do comum dos mortais, eu não só acho que os gostos são discutíveis e educáveis, como sou muito humilde perante o consenso crítico, mesmo em obras que me escapam. O caso mais flagrante foi o Under The Volcano, livro que tentei ler, na versão original, recomendado por pessoas que me recomendaram outras coisas muito boas e com as quais tenho bastantes afinidades. Toda a premissa do livro é muito boa e a atmosfera extraordinária. A escrita é fenomenal e lembrou-me o Heart of Darkness do Conrad na capacidade de traduzir um delírio negro em palavras. Mas foi-me insuportável nos flash-backs biográficos que cortam e incham o livro em longas passagens irrelevantes. Recordo-me particularmente do flashback da viagem de barco do protagonista e das canções que compunha e da história de ser judeu. Tenebroso e fez-me pensar várias vezes "foda-se Lowry, vai-te foder, para lá de atrofiar e continua a porra da história, estavas na taberna tão bem a descrever o ambiente". Era muito fixe se fosse simplesmente um gajo bebedo numa aldeia mexicana a ser salvo pela mulher que o vem buscar e só isso chegava, assim um On The Road mas em literatura. Para mais, achei-o confuso. Uma sensação muito semelhante a outro grande livro de que já desisti duas vezes, o Ulysses de James Joyce e também o Sexus do Miller, livros a que provavelmente voltarei um dia (e a este under the volcano também). Parecem livros demasiado adultos para mim. O traço comum nas obras que referi ali na lista dos 10 livros (há muitos mais) é uma coisa a que eu chamaria de verdade. Talvez eu seja um gajo simples, mas aprecio, cada vez mais, que um autor não feche a sua obra, não a torne críptica nos detalhes. O todo até pode ser fechado. No cinema, lembro-me de um dos meus filmes preferidos, o Lost Highway do David Lynch que, apesar de ser críptico no global, é uma sucessão de cenas poderosas, simples e belas, sendo que o todo se torna num enorme mistério onírico e negro, deixando-nos suspensos no vazio, a mesma sensação da escrita de Becket ou de Kafka.
Se o livro não puder ser compreendido por um puto de 14 anos, tenho desconfiança, penso "estamos perante um gajo demasiado adulto". Não existe uma passagem do Dom Quixote de Cervantes, o maior romance de sempre, que não possa ser compreendida por um puto de 14 anos. O Livro do Desassossego, a melhor prosa portuguesa jamais escrita, é simples, honesto, verdadeiro, puro. As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, um livro aparentemente juvenil, é considerado por muitos (por mim nomeadamente) o melhor romance americano. A grande literatura para mim tem de ter um carácter infantil, directo. Dito isto, longe de mim dizer que o Under The Volcano é um mau livro e que uma pessoa deve fugir dele. Também tem piada encontrar livros assim e ser confrontado com algo que nos questiona, eu tenho respeito pelo livro. Desisti de muitos outros pelos quais não tenho respeito nenhum porque são claramente uma merda, não é o caso.
A propósito, deixo só esta cena do Lost Highway.
Se o livro não puder ser compreendido por um puto de 14 anos, tenho desconfiança, penso "estamos perante um gajo demasiado adulto". Não existe uma passagem do Dom Quixote de Cervantes, o maior romance de sempre, que não possa ser compreendida por um puto de 14 anos. O Livro do Desassossego, a melhor prosa portuguesa jamais escrita, é simples, honesto, verdadeiro, puro. As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, um livro aparentemente juvenil, é considerado por muitos (por mim nomeadamente) o melhor romance americano. A grande literatura para mim tem de ter um carácter infantil, directo. Dito isto, longe de mim dizer que o Under The Volcano é um mau livro e que uma pessoa deve fugir dele. Também tem piada encontrar livros assim e ser confrontado com algo que nos questiona, eu tenho respeito pelo livro. Desisti de muitos outros pelos quais não tenho respeito nenhum porque são claramente uma merda, não é o caso.
A propósito, deixo só esta cena do Lost Highway.
meia dúzia de ideias sobre esquerda
Vem isto a propósito deste post do maradona, deixei lá dois comentários.
Penso que sou de esquerda, em geral, apesar de não me identificar com nenhum partido em especial.
Penso que ser de esquerda ou direita é ter um sistema de apreciação da realidade diferente. As soluções, essas, deviam ser consensuais porque para cada problema existe uma só solução ideal e as ideologias não deviam limitar a acção correcta e racional. Só há 1 solução ideal para a crise actual por exemplo.
Pondo de parte o insuportável carácter reaccionário e conservador da direita portuguesa, tão colada à igreja, tão incompreensível e fossilizado como a doutrina do nosso PCP, penso que a direita tem tido em geral um carácter mais reformista e progressista que a esquerda, porque é mais pragmática na procura de soluções, parece-me menos espartilhada por ideologias no que respeita à procura da solução ideal. Menos "cega".
Dito isto, há linhas mais cinzentas. Uma pessoa de direita não verá, por exemplo, algo de errado nas assimetrias de riqueza. Só me parece um mau mundo e incomoda-me. O lema do "o problema não é haver ricos, é haver pobres" que já ouvi tantas vezes repetido por pessoas inteligentes de direita não me convence quando a tendência é para uma distribuição sempre mais desigual de riqueza, quando há pessoas que vivem mal agora.
Depois, também me incomoda a livre circulação de capitais a nível global (não a globalização) e a especulação mal regulada em coisas que envolvem países. É que um país sofrer pelos erros de um sistema financeiro, como a Irlanda ou a Finlândia, parece-me algo grotesco. É como uma família ir ao fundo porque o tio avô resolveu jogar no casino às escondidas e fodeu a fortuna toda e ainda empenhou tudo.
O que move um agente financeiro é a procura do seu lucro e não o bem estar geral, a solução ideal. E cria turbulência e incerteza, falta de informação, falta de previsibilidade na economia, pelo mero volume irreal das suas operações. Faz sentido o BPN custar mais que todos os sacrifícios que vamos fazer? Percebo que tenham de o safar, como nos EUA tiveram de safar bancos e na Irlanda, mas por favor corrijam lá o sistema em que estas merdas são possíveis e enterrem de vez o Reaganismo ultra-liberal que já se viu que dá merda.
Quanto à incerteza causada pela especulação e concorrência nos mercados financeiros e na banca, dizem às pessoas: "comprem casa, comprem carro" e depois, cabum, uns anos depois, crise, agora estás fodido. Isto está mal, um sistema que cria condições para que as pessoas não saibam decidir, não tenham certezas de nada. E isso não é óptimo. As pessoas não são estúpidas. Dizem-me que tenho emprego, que tenho este salário, que as taxas de juro são estas e uns anos depois, estou fodido, está tudo ao contrário. Acho isso errado por princípio e acho mal um mundo assim e cada vez mais assim. E vejo a esquerda mais preocupada com isto do que a direita.
Penso que sou de esquerda, em geral, apesar de não me identificar com nenhum partido em especial.
Penso que ser de esquerda ou direita é ter um sistema de apreciação da realidade diferente. As soluções, essas, deviam ser consensuais porque para cada problema existe uma só solução ideal e as ideologias não deviam limitar a acção correcta e racional. Só há 1 solução ideal para a crise actual por exemplo.
Pondo de parte o insuportável carácter reaccionário e conservador da direita portuguesa, tão colada à igreja, tão incompreensível e fossilizado como a doutrina do nosso PCP, penso que a direita tem tido em geral um carácter mais reformista e progressista que a esquerda, porque é mais pragmática na procura de soluções, parece-me menos espartilhada por ideologias no que respeita à procura da solução ideal. Menos "cega".
Dito isto, há linhas mais cinzentas. Uma pessoa de direita não verá, por exemplo, algo de errado nas assimetrias de riqueza. Só me parece um mau mundo e incomoda-me. O lema do "o problema não é haver ricos, é haver pobres" que já ouvi tantas vezes repetido por pessoas inteligentes de direita não me convence quando a tendência é para uma distribuição sempre mais desigual de riqueza, quando há pessoas que vivem mal agora.
Depois, também me incomoda a livre circulação de capitais a nível global (não a globalização) e a especulação mal regulada em coisas que envolvem países. É que um país sofrer pelos erros de um sistema financeiro, como a Irlanda ou a Finlândia, parece-me algo grotesco. É como uma família ir ao fundo porque o tio avô resolveu jogar no casino às escondidas e fodeu a fortuna toda e ainda empenhou tudo.
O que move um agente financeiro é a procura do seu lucro e não o bem estar geral, a solução ideal. E cria turbulência e incerteza, falta de informação, falta de previsibilidade na economia, pelo mero volume irreal das suas operações. Faz sentido o BPN custar mais que todos os sacrifícios que vamos fazer? Percebo que tenham de o safar, como nos EUA tiveram de safar bancos e na Irlanda, mas por favor corrijam lá o sistema em que estas merdas são possíveis e enterrem de vez o Reaganismo ultra-liberal que já se viu que dá merda.
Quanto à incerteza causada pela especulação e concorrência nos mercados financeiros e na banca, dizem às pessoas: "comprem casa, comprem carro" e depois, cabum, uns anos depois, crise, agora estás fodido. Isto está mal, um sistema que cria condições para que as pessoas não saibam decidir, não tenham certezas de nada. E isso não é óptimo. As pessoas não são estúpidas. Dizem-me que tenho emprego, que tenho este salário, que as taxas de juro são estas e uns anos depois, estou fodido, está tudo ao contrário. Acho isso errado por princípio e acho mal um mundo assim e cada vez mais assim. E vejo a esquerda mais preocupada com isto do que a direita.
jantei no McDonalds outra vez
E o vagabundo do outro dia estava lá outra vez e pediu-me trocos para um café, não deu para o fotografar. Pensei que o gajo estivesse a inventar uma história, eram 22h, um café, yeah right... dei-lhe uns trocos e não é que o gajo foi mesmo pedir um café às 22h? Vai dormir mal! Ainda por cima hoje está fresquinho na rua.
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