terça-feira, 30 de novembro de 2010

música clássica



(agora paro com os videos, desculpem)

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #18: Daft Punk - Homework (1997)


Thick, rumbling bass, vocoders, choppy breaks and beats, and a certain brash naiveté permeate the record from start to finish, giving it the edge of an almost certain classic. While a few fall flat, the best tracks make this one essential. -AMG

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #17: Nirvana - In Utero (1993)


Throughout it all, Cobain's songwriting is typically haunting, and its best moments rank among his finest work, but the over-amped dynamicism of the recording seems like a way to camouflage his dispiritedness -- as does the fact that he consigned such great songs as "Verse Chorus Verse" and "I Hate Myself and Want to Die" to compilations, when they would have fit, even illuminated the themes of In Utero. Even without those songs, In Utero remains a shattering listen, whether it's viewed as Cobain's farewell letter or self-styled audience alienation. Few other records are as willfully difficult as this.- AMG

raparigas bonitas

Às vezes estou na rua, no metro, na Fnac ou num bar e vejo uma rapariga objectivamente bonita, uma assim no percentil 99% de beleza. Nem todas podem ser objectivamente bonitas a esse ponto. As raparigas assim enervam-me e metem-me medo. Penso sempre que é um daqueles casos em que a personalidade é construída em órbita da beleza e só por vingança, nem sequer olho para elas descaradamente, apenas as sigo da secção de culinária da Fnac até à secção de BD. O mais perigoso são raparigas bonitas que têm vidas em que supostamente a beleza não é necessária, profissões normais e discretas. Por exemplo, acho actrizes bonitas ou modelos, absolutamente insuportáveis. A culpa não é delas, toda a vida esse foi o primeiro impacto que causaram nos outros e vivem numa espécie de bolha e é normal que ganhem a vida com isso.

Mas em qualquer dos casos, eu faço apenas a minha parte, tendo medo delas e ignorando-as de forma aparente. Uma pessoa nasce assim, está nos genes. Claro que se pode trabalhar aquilo com cortes de cabelo que favorecem e roupas engraçadas, mas o básico é um dom divino, ou há ou não há e é muito injusto e passamos a vida inteira a disfarçar o implicável da natureza com justificações pífias e encontrando pormenores como os olhos ou o sorriso ou o talento para dizer que a beleza está nos olhos de quem vê e não no objecto. Mas está no objecto, os meus olhos podiam estar fechados que a rapariga bonita existiria ali, como as ondas de dois metros perfeitas no Baleal num dia em que não estou lá. Podia ser atropelado pelo 46 na av da liberdade que a beleza da rapariga à janela do mesmo autocarro continuaria a existir, talvez agora com a testa um pouco franzida pelo aborrecimento e atraso causado pelo meu atropelamento. É uma beleza autónoma de mim e não uma daquelas que eu construo com a imaginação e o afecto, sou completamente desnecessário em todos os sentidos e ela, em boa verdade, também é desnecessária porque a sua beleza é uma coisa que lhe é estranha. O desejo e a beleza, o resto são espectadores. Também costumo torcer por equipas que perdem 5 a 0. Cada um tem o que merece.

não faço a menor ideia do que seja esta lista espontânea que fiz agora

1- Catcher in The Rye, Salinger
2- Fome, Knut Hamsun
3- Ham on Rye, Bukowski
4- Adventures of Huckleberry Finn, Mark Twain
5- Crime e Castigo, Dostoievski
6- Ask The Dust, John Fante
7- O DomLolita, Nabokov
8- J'irai cracher sur vos tombes, Boris Vian
9- Voyage au bout de la nuit, Celine
10- Heart of Darkness, Conrad

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

... ela é capaz de gostar deste!



atenção ao minuto 3:33 (no fim), uma misteriosa senhora de vestido dourado e mini-saia dá um salto para dentro do plano da imagem mas infelizmente o video acaba ali e nunca saberemos o que era aquilo.

estão a gozar comigo

Detesto frio. Tinha uma cadela que, quando estava frio e a chover e eu a ia passear à rua às 22h, tocava com a pata no passeio molhado fora do hall do prédio e se recusava a avançar, olhava para mim como que a dizer “estás a gozar comigo?” Tinha de a pegar ao colo, com o guarda chuva na outra mão, e ir até a um sítio que tinha areia (normalmente, o parque infantil) para ela fazer as necessidades. Depois pegava nela ao colo outra vez e voltavámos para casa. Não ouvi um obrigado uma única vez.
Às vezes eu chego à rua e penso “estão a gozar comigo” quando está a chover torrencialmente e frio, especialmente se for dia de levar fato. É ridículo. Nunca está o clima ideal para usar fato em Portugal, excepto durante Maio-Junho, mas nada se compara a um dia de chuva e frio em que os sapatos paneleiros escorregam na calçada molhada e ficamos com os tomates gelados com a corrente de ar que vem pelas calças acima.
Depois o carro está gelado e temos de esperar que o senhor motor aqueça até ligar o ar. Às vezes ligamos o ar cedo demais e vem frio e resistimos estoicamente a pensar “vai vir quente, vai vir quente” e só começa a aquecer quando chegamos ao trabalho. E depois não nos apetece sair do carro, estamos tão bem no carro.

Está-se tão bem no carro, ahhh

Gostava muito que a tecnologia evoluísse ao ponto das entidades empregadoras perceberem que uma pessoa que usa um computador, pode muito bem ficar em casa e trabalhar lá nos dias de frio. É preciso que uma coisa evolua muito para uma entidade empregadora a perceber. A coisa tem de evoluir até ser muito simples. Já tente explicar aquilo de usar a videochamada no messenger para o caso de terem dúvidas que, em vez de trabalhar, eu aproveitasse o tempo para dormir. Até podia vestir a merda do fato só para apercer na webcam. E claro, usar calças de pijama e as pantufas rato fora do plano da webcam. Mas nada, só um "estás a gozar connosco". Não me levam a sério. Entretanto, está frio.

sábado, 27 de novembro de 2010

a pessoa mais infeliz do mundo

Quando estamos infelizes ou nos acontece um azar, pensamos "há quem esteja pior" ou "há alguém mais infeliz do que eu". De facto, tudo é relativo e a consciência de que existe um ser humano pior do que nós, de certa forma, é reconfortante, inspiradora e reveladora do bom carácter humano.

O problema é que, se pensarmos nisto do ponto de vista objectivo, havendo cerca de seis mil e oitocentos milhões de habitantes no planeta Terra, há de haver um desgraçado, um único, que não pode dizer "não faz mal, há pessoas mais infelizes do que eu". De facto até o 2º mais infeliz do mundo está a milhas de distância deste 1º mais infeliz. É certo que não pode usar o plural, mas pode usar o singular: há uma pessoa mais infeliz do que eu. Infelizmente, não sabemos quem é esta pessoa desde que o Schopenhauer morreu em 1860 e uma dúvida invade-nos por vezes: serei eu?

Eu proponho que se faça um estudo aprofundado e internacional para descobrir quem é esta pessoa e afixar cartazes na rua com a cara dela e a sua história de vida, e que se faça um reality show na tvi para todos vermos e nos sentirmos melhor.

A minha suspeita é de que será alguém do mundo ocidental, instruída e sensível. As pessoas mais simples têm limites mais apertados nisto dos sentimentos, as coisas funcionam ao nível do sistema límbico e provocam reflexos básicos como chorar e rir. É preciso muito estudo, reflexão, arte e cultura para chegar ao sublime no sofrimento e suportá-lo com fleuma e aperfeiçoá-lo exige engenho e dedicação.

É certo que o Cardozo terá sido uma pessoa infeliz nos momentos seguintes ao falhar o penalti no Mundial contra a Espanha, mas comparar o Cardozo, por exemplo, com o Pedro Mexia ou o Vasco Pulido Valente, é como comparar um Toyota Yaris com um Ferrari 599 nestas coisas do sofrimento como deve ser.

Para facilitar o estudo, talvez cada país devesse pesquisar nos seus habitantes a pessoa mais infeliz de todas e depois fazia-se um estudo comparativo internacional. Para Portugal, já sugeri o Pedro Mexia, mas haverá de certeza outros. Aceitam-se sugestões.

consgio!

Bebi uns copos, este post está escrito sob influência de 4 cervejas, um jarrinho de sake quente no aya e 5 Tom Collins que levam gin, limão, hortelã e uma cena qualquer. O post é apenas uma experiência científa. Destina-se a perceber se eu quando bebo uns copos fico pio.r condutor. Eu tendo a achar a que não e já tive esta discussão com pessoas de devero valor. O que lhes idogo sempre é que sim, eu consigo escrever em qualquer tipo de estado e que elas é que não compreeendem a minjnha capacidade de escrita, e que por issso consigo também conduzir em qualquer condiçã física, mental psíquicia.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

sexta-feira! :D

como acordar bem disposto e feliz!

Ter dificuldades em acordar de manhã e carregar no snooze mais de uma vez, é sinal de que a nossa existência é patética e miserável. É o nosso organismo a dizer-nos: não caralho, não acordes, deixa-te estar aí que ao menos não fazes merda, ainda pioras as coisas e amanhã ainda te custa mais a acordar". Temos de saber ouvir o nosso organismo, mesmo que o nosso organismo seja um pouco ríspido connosco. Também sabemos que o organismo faz-nos as coisas por maldade, por capricho infantil. Já repararam que quando é Sábado temos muito mais facilidade em acordar cedo, mesmo sem despertador e por vezes contra a nossa vontade? O meu diz "ah ah! querias dormir até ao meio-dia não é cabrão? agora acordas à 9:00 que te fodes". E quando é um dia normal de trabalho, pesado e stressante, custa-nos muito mais, mesmo que a hora seja igual.

O truque para um acordar feliz é enganar o organismo. Antes de dormir numa 3ª feira à noite, vão dizendo em voz alta "ainda bem que hoje é sexta! Amanhã vou poder ver os bonecos!" ou "Sexta feira finalmente, amanhã vou dormir até ao meio-dia!" etc. Alterem a data no telemóvel e nos calendários e façam tudo o que fariam normalmente numa sexta à noite, em qualquer dia da semana, mesmo que isso envolva ir para os copos. Quando o vosso organismo aperceber que foi enganado, já vocês vão na Calçada de Carriche todos contentes, a ouvir o Bagão Felix na antena 1 a falar da greve e a abrir a janela para que vos dêem um Destak quentinho e cheio de coisas interessantes para ler.

Outro problema, mais complicado de resolver, tem a ver com a vossa vida ser mesmo má e, conforme referi, o organismo estar implicitamente a sugerir-nos o suicídio "queres dormir para sempre não queres? Há uma maneira hin hin hin". Eu, desde os 13 anos, desenvolvi vidas paralelas fictícias. Engano o meu organismo e faço-o acreditar que o meu cansaço não vem de um dia de trabalho aborrecido, mas sim de um duro combate num cenário de guerra à Hemingway, de um jogo de futebol em que fiz um hat-trick, de sexo selvagem com a Christina Hendricks, de surfar Jaws em tow-in, de ganhar poker Aussie Millions e o Globo de Ouro SIC revelação na escrita etc. etc. O organismo também gosta de ouvir estas coisas porque também se sente mal às vezes de ter tido tanto azar na alma que o habita. Mesmo que desconfie que é mentira (e com o tempo começa a desconfiar), ele também quer acreditar nisso.
Depois de acordar, tomar banho, escovar as orelhas, vestir o fato, entrar no carro, o organismo começa a suspeitar que tudo não passa de uma ilusão. O momento em que o vosso olhar se cruza com o do organismo, no espelho retrovisor, é o momento em que ambos se apercebem que deviam ter ficado a dormir. Mas é tarde demais! Já conseguiram acordar a horas e isso é que importa, estão os dois em excelentes condições para um dia de trabalho produtivo!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

esclarecimento

Quando eu escolhi o título "os meus discos preferidos não interessam a ninguém" queria dizer que o facto de eu os preferir é que não interessa a ninguém e não os discos em si que, salvo algumas excepções, interessam a muito boa gente. Apercebi-me que o título nem é ambíguo, está mesmo mal. Mas agora fica assim.

o segredo

Se vocês forem mais felizes, eu sou mais feliz. Se eu for mais feliz, eu sinto-me mais bem disposto. Se eu estiver mais bem disposto, estou mais contente. Se estiver mais contente, estou mais alegre.

Este é o segredo para a felicidade. Muitas vezes não estamos bem dispostos, mas se tentarmos ser mais felizes, podemos ficar bem dispostos. Se não estamos contentes, talvez o melhor seja estar mais alegre. E assim sucessivamente.

Os outros só são importantes no início do processo, depois a certa altura embalamos e deixamos os outros para trás como se fossem cães côxos e doentes na autoestrada da felicidade. Ainda ladram, ainda os vemos no retrovisor, a latir “quero ser feliz como tuuu aauuauu” Step on it! Porquê?

Porque para sermos felizes temos de nos rodear de pessoas felizes. Isto é muito importante. Nós recebemos as energias dos outros. Para quê sermos contaminados por aquele amigo depressivo que nos manda um e-mail a pedir conselhos e companhia para um copo, quando podemos estar com o outro que é instrutor de cardiofitness e está sempre bem disposto ´ sorridente e com excelentes conselhos para deixarmos de fumar e beber? Não será fácil porque as pessoas infelizes são atraídas pelas pessoas felizes como traças para a luz, por isso, sejam fortes e mantenham certas regras de disciplina. Os infelizes são como os cães, se transgredimos nas regras uma vez (por ex: atender um telefonema às 3 da manhã quando estão prestes a sucidar-se) é muito difícil reeducá-los para tentativas de suicídio a horas decentes.

Para trabalho de casa quero que ponham de lado o Livro do Desassossego e leiam a Pipoca mais Doce até sentirem a felicidade a brotar-vos dos olhos.

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #14: Orchestral Manoeuvres in the Dark (OMD) - Architecture & Morality (1981)


Again combining everything from design and presentation to even the title into an overall artistic effort, this album showed that OMD was arguably the first Liverpool band since the later Beatles to make such a sweeping, all-bases-covered achievement -- more so because OMD owed nothing to the Fab Four.- AMG

posts motivacionais

Decidi utilizar este blog para partilhar alguns conselhos motivacionais para que sejam mais felizes e bem sucedidos em todas as áreas da vossa vida. E porquê? Porque tive pena de vocês. E ajudar pessoas de quem tenho pena, faz-me sentir bem. Para dar um exemplo, uma vez comprei a revista Cais ao senhor que as vende no meu bairro. Foi em Julho de 2009 e sempre que passo por ele, quando ele está a vender revistas Cais, sei que sabe que o ajudei a sobreviver e que não vale a pena insistir para comprar a Cais quando estou a comprar o Expresso no Quiosque, ali especado, ao meu lado, com ar triste, a expor a revista em silêncio. Comigo, ele já não faz isso e porquê? Porque sabe que eu já comprei a revista em Julho de 2009 e temos um elo, como o que se estabelece quando, naqueles filmes que se passam em África, o explorador branco salva a vida ao pretinho quando o leão o vai a comer e depois o pretinho fica criado dele.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #13: Van Morrison - Astral Weeks (1968)


Astral Weeks is generally considered one of the best albums in pop music history(...)An emotional outpouring cast in delicate musical structures, Astral Weeks has a unique musical power. Unlike any record before or since, it nevertheless encompasses the passion and tenderness that have always mixed in the best postwar popular music, easily justifying the critics' raves. - AMG

os meus discos preferidos não interessam a ninguém #12: Television - Marquee Moon (1977)


Marquee Moon is a revolutionary album, but it's a subtle, understated revolution. Without question, it is a guitar rock album -- it's astonishing to hear the interplay between Tom Verlaine and Richard Lloyd -- but it is a guitar rock album unlike any other. Where their predecessors in the New York punk scene, most notably the Velvet Underground, had fused blues structures with avant-garde flourishes, Television completely strip away any sense of swing or groove, even when they are playing standard three-chord changes. Marquee Moon is comprised entirely of tense garage rockers that spiral into heady intellectual territory, which is achieved through the group's long, interweaving instrumental sections, not through Verlaine's words. -AMG

terça-feira, 23 de novembro de 2010

facebook

Criei um facebook e agora ando a tentar criar uma página, assim só precisariam de fazer "like" e podiam seguir conteúdos do meu quotidiano sem verem a vossa privacidade devassada pela minha curiosidade. No entanto, como personalidade no facebook, posso interagir de forma mais espontânea do que a que faço no meu facebook real, em que não consigo dar-me ao trabalho de regular os privacy settings. Demasiado confuso e trabalhoso. Tenho desde família, colegas, amigos, presidentes da minha empresa etc. tudo ao molho, o que me impede de fazer um status sobre ressacas, por exemplo, que já posso fazer no facebook do Tolan.

Mas este texto é sobre pessoal que não tem facebook. Isso existe. Existem pessoas com menos de 33 anos que não têm facebook, posso prová-lo.

Eu venho da província. O pessoal da minha turma do 12º ano seguiu caminhos separados. Depois, até ao 1º e 2º ano da universidade, ainda organizávamos uns jantaritos de vez em quando e era engraçado, mas depois, naturalmente, os caminhos separam-se porque conhecemos pessoas muito mais interessantes e urbanas e que, sobretudo, não nos conheceram na patética fase da adolescência em que deixámos crescer o cabelo para ficar igual do Kurt Cobain e parecíamos uma ovelha por tosquiar.

Eu não fazia questão de ser amigalhaço e recuperar essas embaraçosas amizades mas move-me uma curiosidade extrema para saber o que é feito deles. Estão vivos? Estão bem? Têm quantos filhos agora? Engordaram? A Vânia, que me trocou por outro no baile de finalistas engordou mesmo como eu vaticinei? O Diogo tornou-se toxicodependente? O Carlos casou com uma MILF? Sei é que não existe rasto destas pessoas na internet e sei os nomes completos. Nada, zero. Não existem, porque o google não as apanha. Se o google diz que não existem, é porque não existem, mas pelo menos, devia haver uma notícia qualquer da sua morte, uns comentários em facebooks ou blogs de amigos, etc, tipo "ah, o Diogo morreu de overdose, coitado".

Eu só fiz um facebook para stalkar uma namorada que tive, queria controlar essa coisa dos likes e dos friends, mas foi só por isso. Entretanto, vi-me obrigado a recomeçar a usar o facebook porque é uma ferramenta essencial para existirmos.

Não percebo que vida uma pessoa leva para não se sentir impelida a ter pelo menos um facebookzinho. Até a minha mãe está a pensar ter um, o que provavelmente significará o fim de uma era.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Virgínia Woof ou um post para a velha guarda...

A Virgínia Woof é uma cadela de raça Kanin Klein, uma raça muito chique. É preta e malhada de branco. Tem um focinho comprido e um nariz grande e preto que está sempre a escorrer condensação e muco e às vezes espirra na nossa cara e ficamos a escorrer condensação e muco também, facto que não lhe parece ser relevante.

Vive em casa da minha mãe e gosta de coisas simples como abanar a cauda e o torso inferior de forma vigorosa durante horas a fio. Está quase sempre feliz e com a boca aberta num sorriso enorme, com a língua cor de rosa de fora, a pender para o lado esquerdo. Às vezes deixa de ficar feliz por uns breves segundos quando ouve o vento nas árvores. Aí fecha a boca, as orelhas caídas epinam-se e varrem o espaço, a cabeça imóvel e tensa, cheia de instintos primordiais do seus antepassados lobos. Eu próprio fico tenso quando ela está assim e pergunto-lhe “o que foi Woofie? O que foi?”. Uns segundos depois e volta ao normal, a boca aberta, a língua a cair para a esquerda, o muco a escorrer do nariz. Não foi nada.

Por vezes a Virgínia Woof senta-se no terraço que tem vista para o vale, nos dias em que o vento está de norte ou de leste e fica horas a farejar a realidade a quilómetros de distância. Sabemos que está a farejar porque fecha o focinho e as narinas dilatam-se e estreitam e fazem snif snifs sonoros. É como se estivesse ouvir rádio com o nariz. Às vezes vira um pouco a cabeça, está a fazer zapping.

Gosta de comida mas é esguia, ágil e rápida como um leopardo. Quando está perante muito espaço livre, como a praia ou os planaltos perto de casa, considera que uma forma eficaz de apreender tanto terreno não é com os olhos ou os ouvidos, mas correndo de um lado para o outro em diagonais caóticas. Quando há feno da sua altura só se vêem duas orelhas aos saltos e um rasto atrás dela, o que dá um efeito bastante cómico a quem estiver a observar. É como assistir a um jogo de ténis. Estamos parados com a trela na mão e vemo-la ir da direita para a esquerda. Depois da esquerda para a direita. Às vezes cruza-se com o próprio rasto e fica confusa: "um kanin klein por aqui?" Depois da direita para a esquerda com movimento oblíquo. Nova hesitação. Meia-volta. Direita para esquerda e assim sucessivamente. Quando não é feno, mas sim uma cultura de trigo ainda jovem, o efeito cómico é relativo, o proprietário não vai achar piada nenhuma quando vir aqueles padrões de aliens no dia seguinte.

sábado, 20 de novembro de 2010

Os meus discos preferidos não interessam a ninguém #11:Grand Theft Auto: Vice City Box Set 2002


(ainda há mais discos, são 7)
As with everything involved with Grand Theft Auto: Vice City, the game's soundtrack is epic in scope and incredibly detailed. Though countless games have offered soundtracks, GTA: Vice City offers a unique twist on the format: Its soundtrack has seven volumes, one apiece for Vice City's radio stations (...) . Grand Theft Auto: Vice City Box Set collects all seven volumes into a sprawling, almost overwhelming set that spans the heavy metal of volume one, the new wave of volume two, volume three's soft rock, volume four's pop hits, volume five's hip-hop and electro, volume six's funk and urban hits, and the Latin jazz of volume seven. Several of the discs -- volumes one, five, and seven in particular -- are solid enough collections of their styles of music that they match, if not surpass, many "serious" collections of metal, hip-hop, and Latin music. - AMG

"... e depois das tropelias do кролик e do снеговик, que muito nos divertiram, vamos assistir ao танцующий медведь..."

ressacas, como lidam com elas?

Eu quando tenho uma forte ressaca, daquelas em que se volta para casa do Lux às 7 da manhã depois de beber: vinho, cerveja, wisky, vodka limão, vodka tónico etc. gosto de sopas do McDonalds, McNuggets e uma Coca-Cola graaaaande. Se puder ser KFC ainda melhor, os nuggets e as coisas do KFC não se comparam às do Mac, só que não há nenhum perto de onde moro. Gosto muito de sumos de tomate, daqueles da compal. Se for ao café, têm de ser coisas salgadas, como empadas de galinha ou folhados de salsicha. E evito sumos de fruta, mas gosto do sumol de ananás. Sou incapaz de comer doces, pastelaria e assim.

ps: obrigado à gentil comentadora que me avisou que o nutella não é para o frigorífico, de facto, ter de a colocar no microondas todos os dias não é prático, bem me parecia que algo estava errado.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

happy meal


Janto umas 3 ou 4 vezes por semana no McDonalds do meu bairro, sozinho, tarde. Peço sempre sopa em vez das batas fritas. Um sem abrigo de barbas também janta comigo. Entra com uma refeição num daqueles tupperwares de papel de prata que lhe devem ter dado num restaurante do bairro, tira guardanapos e senta-se numa mesa. Nenhum dos happy empregados tem coragem para o expulsar dali e ele sabe. Come a sua refeição discretamente.

Pais desconfiados, com olheiras de stress, distribuem hamburguers pelos filhos. Ees correm de um lado para o outro, excitados. Os pais estão cansados demais para reagir. O sem abrigo é invisível..Reparo que tiro sempre uma palhinha apesar de  beber cerveja. Tento ter uma alimentação variada: double cheeseburger, royall deluxe, mcchiken, big tasty, crispy bacon...

Os empregados parecem-me desmotivados, cansados, macilentos. Quase que dá a sensação que gostariam de estar a fazer outra coisa. O gerente é sempre um tipo que tem aspecto de ser o único a levar aquilo a sério, mesmo que a profissão o obrigue a usar uma higiénica touca de rede na cabeça.

Acabo de comer depressa, no McDonalds não dá para ler com facilidade. Há uma cacofonia de bip bips de máquinas de fazer batatas e hamburguers e não há tempo de espera pela refeição. Acabei muitos romances em tascas à espera do bitoque. Brinco um pouco com o blackberry, respondo e e-mails, sms, vejo as notícias. Despejo o tabuleiro e saio para a rua. Hoje estava a chover muito e pus o meu carapuço do meu casaco novo. É um bom casaco, o carapuço serve-me.

Gosto de pensar nos carapuços como a minha toca portátil. Gostava de usar um sempre, como o Kenny. Gosto do som do tecido nas orelhas e dos pingos de chuva e de quando sopra o vento e sentimos o carapuço a proteger-nos.

Os bebados da tasca do senhor Antunes estão todos na rua, a fumar. A tasca do senhor Antunes é muito higiénica, nem as baratas podem fumar os seus mini-cigarros lá dentro, têm de vir cá para fora também. Entro, compro as minhas cervejas, ele diz-me pela 1000ª vez que "estas são de deitar fora" e eu digo "está bem" e saio, dizendo boa noite a todos e ninguém me responde. Há uma irmandade nestes sítios, mas uma pessoa precisa de ser credível eu sou alguém que anda sem fazer ruído e observa sem ser observado, um fantasma.

fazer diálogos é tão difícil

-Olá Senhor Antunes!
- Olá Super Urso!

ou uma convenção de narcolépticos anónimos

Esta quinta-feira, pelas 18:30 horas, em frente à estação de comboios do Rossio, «durante três minutos, todas as pessoas que se juntarem a esta forma de manifestação» vão simular um «bombardeamento num país qualquer ocupado» atirando-se para o chão, exemplificou.- TSF

no.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

conto infantil (pessoas do google reader, isto foi publicado 8x pelo que só têm a primeira versão experimental)

Era uma vez o Pato Parkinson.
Na verdade, o Pato Parkinson não tinha parkinson, mas os patinhos da escola eram maus para ele. Era apenas um patinho muito indeciso. Estava sempre a hesitar se havia de tirar a manteiga de amendoim ou a nutella do frigorífico, se havia de virar à esquerda ou à direita, se ia tomar banho no laguinho ou descansar à sombra da nespereira. Um dia o Patinho lanchou e saiu de casa e encontrou o Dinopunk Escritor.
'Olá!' disse o Pato Parkinson. 'Hmmf Mmff' disse o Dinopunk Escritor.
'Estás a comer papel?' perguntou o Pato Parkinson. 'Hmmf, não, isto foi uma coisa que escrevi, um conto, e as vozes dizem-me que está mau.' respondeu o Dinopunk Escritor. 'Queres um kinder surpresa?' perguntou Dinopunk Escritor.
O Pato Parkinson ficou muito hesitante. 'ai ai, agora tenho de escolher'
Então apareceu o o Espantalho Jesus e o seu amigo Jaime. O Espantalho Jesus tinhas síndrome de tourette e dizia Happy Helloween de 3 em 3 segundos. O Jaime era um corvo e nunca falava, só fazia croá croá, pois era um corvo e os corvos não falam.
'Happy Helloween. Olá pessoal, viva. Como é? Happy Helloween. Tudo bem?' perguntou Jesus Espantalho. 'Tudo bem' respondeu o Pato Parkinson. 'Tudo bem.' respondeu o Dinopunk Escritor.
'Estivestes a comer os kinders radioactivos otra vez Dinopunk? Happy Helloween.' perguntou Jesus Espantalho ao ver os olhos do Dinopunk.
'Eu? Não.' respondeu o Dinopunk Escritor.
'Estivestes estivestes disse Jesus Espantalho.Happy Helloween. 'Estás com olhinhos de moca.'
'Isso é radioactivo? Cuidado com o planeta!' avisou o Pato Parkinson.
'Sabes o que é a radioactividade?' perguntou Jesus Espantalho.
'Sei.' respondeu Pato Parkinson.
'Happy Helloween. Ele não sabe' disse Jesus Espantalho ao Jaime. 'Está a dizer que não'. 'Croá croá' disse Jaime.
'Sei sei' insistiu o Pato Parkinson que estava a hesitar outra vez e olhava de um lado para o outro.
'Alguém falou em radioactividade?' perguntaram em coro os Transformers Bailarinos.
'Olá Transformers Bailarinos' disse o Pato Parkinson. 'Olá Transformers Bailarinos' disse o Jesus Espantalho. 'Hmmf mff' disse o Dinopunk que entretanto tinha recomeçado a comer o conto mau.
'Olá amigos!' disseram os Transformers Bailarinos 'Estamos a precisar de combustível nuclear. Logo à noite é a final do Dança Comigo e estamos a precisar.'
'Não se preocupem' disse o Cristiano Ronaldo. Sei de um sítio mágico cheio de desperdícios nucleares.
'Cristano Ronaldo!' exclamaram todos em coro. 'O que te aconteceu?' perguntaram todos em coro.
'Fui jogar à bola num aterro que o Abel Xavier me recomendou e ganhei super-poderes!'
'Vamos!' disseram os Transformers Bailarinos.

Foram todos juntos até ao aterro.
'Tantos bidons radioactivos!' disse o Pato Parkinson.

'Happy Helloween. Eu cá vou-me embora e Happy Helloween acho isto tudo muito errado.' disse o Espantalho Jesus.
'Eu também vou' disse o Cristiano Ronaldo 'estou a ficar com comichão nas oorelhas'.
O Pato Parkinson hesitou muito se ia atrás do Espantalho Jesus e do Jaime, ou se fica lá mais um bocadinho com os Transformers Bailarinos, o Dinopunk Escritor e o Cristiano Ronaldo.
'Já temos as baterias carregadas!' disseram os Transformers Bailarinos. 'Vamos embora, adeus!'
E foram-se embora. 'Eu também vou' disse o Dinopunk Escritor 'Já tenho muita inspiração para hoje'. E foi-se embora.

Só o Pato Parkinson não se conseguia decidir a ir embora. Estava fascinado pelos bidons e hesitava muito.


Ficou lá, muito tempo. O sol pôs-se, a lua nasceu depois pôs-se e o sol nasceu de novo e assim sucessivamente, com o Pato Parkinson a ficar cada vez mais chamuscado. Um dia, exclamou 'i feel good' e ficou com muita vontade de praticar o boxe.
E foi assim que os pretinhos lutadores de boxe apareceram, há muito muito tempo.
Por vezes, o Espantalho Jesus gosta de pregar partidas e lembrar a todos os pretinhos lutadores de boxe a sua origem no Pato Parkinson: 'ih ih Happy Helloween ih! toma lá Muhamed Ali'
Fim